SESSENTA E SETE

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ÂNGELO

MESES DEPOIS.

A sala de espera da maternidade seria o plano dos meus pesadelos pelo resto dos meus dias. Parecia que eu estava ali fazia uma eternidade, sem notícias e mil pensamentos, todos eles ruins.

— Nada ainda? - Raul perguntou ao entrar na sala de espera privada, Eugênia, agora Eugênia Esposito,  logo atrás dele.

— Já faz horas... - reclamei, fechando os olhos enquanto passava as mãos pelos cabelos impaciente. — Eu devia ter ido com ela.

— Ela ia expulsar você a chutes e pontapés da sala - Eugênia respondeu, embora houvesse diversão em sua voz, ela também estava nervosa. A garota não era muito boa em esconder o que sentia. — É melhor respeitar os desejos dela. Acsia está lá, Virgínia não está sozinha.

— Eugênia tem razão, Ângelo - Raul sentou-se ao meu lado, mas a mais nova senhora Esposito, manteve-se de pé na sala, andando de um lado pro outro enquanto o marido falava — Virgínia estava com um humor terrível, mais que o normal, é melhor não irrita-lá enquanto ela dá a luz ao meu afilhado, ou o bebê vai nascer com uma careta irreversível. - o olhei irritado e ele sorriu — Igual a essa que você está fazendo agora.

— Não sabemos se é um menino ainda - Eugênia o censurou.

— Apenas você e Acsia acham é uma menina, minha querida - Raul disse olhando divertido para a esposa, que deu de ombros. — E Acsia apenas não quer perder a aposta que fez com Jean.

— Existe a possibilidade de ser uma menina. Cinquenta por cento de chance. - ela rebateu e olhou pra mim, curiosa — O que você acha que vai ser?

— Sinceramente? Espero que seja um menino, já que não teremos mais filhos.

— Não? - Raul sorriu, mas parou ao perceber que eu não estava brincando. — E se for uma menina? - Raul agora me olhou preocupado. Ter apenas um filho não era bem visto entre os membros da Cosa Nostra, mas ter apenas um filho e ser menina, era praticamente um insulto.

Ter apenas uma filha significava o fim de uma linhagem, significava que o sobrenome Caccini seria apagado da história, mas eu não estava nem um pouco preocupado com nada disso.

A gestação, seguia o padrão familiar dos Caccini, era de risco, como eu temia que fosse, e, Virgínia sofreu todos esses meses com a possibilidade de perder a criança, que não ganhava peso com facilidade, foi sorte a criança não nascer de forma prematura, enquanto eu sofria com a possibilidade de perde-la, e, eu não ia passar por isso novamente.

Não ia correr o risco de perdê-la e eu não me importava se isso significasse ver meu sobrenome ser esquecido, eu não seria como meu pai que forçou minha mãe a inúmeras gestações até que uma vingasse. Minha mãe não morreu, mas poderia ter acontecido, ela apenas ficou com alguns problemas psicológicos e meio alcoolatra.

Eu amava nosso filho, mesmo que não tivéssemos ainda um nome, porque Virgínia escolheu que fosse surpresa o sexo do bebê, mas, acima de qualquer coisa, eu amava minha esposa. E, definitivamente, não ia perde-lá se eu pudesse evitar.

— Se for uma menina, espero que pareça com a mãe - respondi, ignorando parcialmente a pergunta. Eu não precisava me explicar para ninguém.

À PROVA DE BALASOnde histórias criam vida. Descubra agora