OITO

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VIRGÍNIA 

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VIRGÍNIA 


Eu nunca me considerei uma pessoa boba ou emotiva, eu sempre fui madura e controlada, eu fui criada para ser quase um robô, mas ainda assim, enquanto encarava as flores no vaso com agua que eu surrupiei de um dos armários cheio de cristais, eu me perguntava porque não tinha as jogado fora. 

 Ângelo as trouxe pra mim. Eu não fazia ideia de que flores eram aquelas, mas eram bonitas, pareciam imponentes, eu havia gostado, mesmo que meu cérebro gritasse "perigo" desde o momento em que as aceitei sem questionar, o que havia sido um erro. 

 Eu fui pega de surpresa, era a primeira vez que eu ganhava flores. Meu pai ocasionalmente trazia rosas vermelhas para minha mãe e deu para Flora um buque de rosas brancas para ela no seu aniversário de dezesseis, mas eu nunca fui presenteada dessa forma, e de nenhuma outra se me perguntar, por isso eu estava me deixando levar por uma carência repentina que surgiu no meu peito. 

 Toquei meus lábios inconscientemente ao me lembrar das palavras de Ângelo. Eu era uma idiota por pensar nele, mas, eu não conseguia controlar. Quando ele estava perto, dizendo aquelas coisas inapropriadas, meu corpo reagiu de forma estranha, uma forma que não deveria.

Eu tentava deixar claro pra mim mesma que ele era o noivo da minha irmãzinha, mas, ele não era. Ângelo era originalmente meu e ele queria que continuasse assim, mas, não valia a pena. Flora o queria mais que tudo.

"Você é a única noiva que eu quero." sua voz grossa e cheia de sotaque ecoou por minha mente e eu soltei um gemido irritada. Isso precisava parar. 

 Um gesto carinhoso e palavras bonitas que com certeza eram ensaiadas mexeram comigo. Isso não estava certo. Não mesmo. Eu não podia me deixar levar por algo tão banal. Eu já tinha tomado uma decisão e não podia voltar atrás.

 Batidas na porta me fizeram pular assustada e minha mãe entrou antes que eu pudesse fazer algo, - esconder as flores ou fingir que não estava olhando para elas como se eu fosse uma espécie de sociopata - seu olhar astuto varreu o quarto e parou no vaso de flores sobre minha penteadeira. 

Ela sabia, claro. Surpresa seria se ela não soubesse.

Amarílis - sua voz ecoou por meu quarto — É uma boa escolha. São flores lindas. Você gostou? 

— Mãe...

— Virginia - ela me cortou — Você sabe meu posicionamento sobre tudo isso. Esse rapaz está interessado em você.

— Mas a Flora...

— Pare de usar sua irmã como desculpa para mascarar seu medo - suas palavras me pegaram de surpresa e eu abaixei o olhar — Tome uma decisão antes que seja tarde demais. 

— Eu já tomei... 

— Não a decisão certa. 

Eu respirei fundo e a encarei. 

À PROVA DE BALASOnde histórias criam vida. Descubra agora