VINTE E DOIS

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ÂNGELO 

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ÂNGELO 

Dormir sabendo que Virginia estava no quarto ao lado do meu, foi uma tortura, para qual nenhum dos meus anos de treinamento, me preparou. Passei mais da metade da noite em claro, me forçando a não invadir o quarto dela e dormir ao seu lado, como na noite passada, até que não aguentei mais e entrei em seu quarto, que surpreendentemente não estava trancado. 

Minha mãe me mataria quando soubesse e Virginia, ela não ficaria feliz também, mas eu poderia lidar com isso depois, agora eu só precisava me enfiar debaixo de suas cobertas sem que ela acordasse. 

Tomando cuidado para não acabar esbarrando em algum móvel ou sacola que estavam espalhadas pelo chão do quarto escuro, eu consegui chegar a cama sem acorda-la. Virginia era espaçosa, estava deitada no meio da cama, a coberta cobrindo apena metade de suas pernas, embora o ar estivesse ligado e o quarto frio. 

Me deitei devagar e puxei as cobertas até os ombro de Virginia e embora eu quisesse abraça-la, achei melhor não abusar da sorte. 

— O que diabos está fazendo aqui? - a voz de Virginia ecoou pelo quarto e eu abri um sorriso. Ela era esperta demais, mesmo que parte de mim quisesse que ela não notasse minha presença, a outra tinha certeza que ela o faria facilmente. 

— Tentando dormir - respondi, fingindo não estar com medo de ser expulso de sua cama a pontapés. A imagem se formou em minha mente e eu tentei não rir. — Não fique fazendo barulho, está tarde. 

— Você é muito descarado, Ângelo Caccini - ela resmungou — Não me toque - avisou e se afastou para o lado da cama, me deixando mais espaço, fiquei imóvel por alguns instantes, tentando processar que ela não havia me expulsado — E pare de sorrir, seu idiota.

— Como você sabe....? - perguntei limpando a garganta. Eu estava realmente sorrindo.

— Porque é você - ela respondeu alguns instantes de silêncio — E você é insuportável.

Queria lhe responder, mas não ia correr o risco de sua docilidade acabar e ela começar a me ameaçar, então, fiquei calado, mas não parei de sorrir. Era impossível.

Eu não demorei a dormir, mas acordei algumas vezes por puro hábito e notei que, Virginia continuava acordada, sua respiração estava irregular e ela estava imóvel na cama, como uma estatua, diferente de quando ela estava dormindo, já que se mexia e soltava resmungos o tempo todo.

— Quer que eu saia? - perguntei após bocejar, o Sol já estava nascendo e ela ainda não havia dormido. Talvez minha presença a estivesse incomodando de verdade.

À PROVA DE BALASOnde histórias criam vida. Descubra agora