QUARENTA

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VIRGÍNIA

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VIRGÍNIA


O Arcebispo começou seu sermão assim que me posicionei ao lado de Ângelo. Eu queria me concentrar e ouvir o que o homem de bata estava dizendo, mas sua voz estava distante, e sua imagem borrada.

Era o fim. Não tinha mais volta. Eu estava mesmo me casando com Ângelo e deixando tudo que eu pensei ser meu um dia, para trás. Minha família, minha casa, meu sobrenome, minha posição.

— Ângelo Maximiliano Caccini, você, aceita Virgínia Diana Laurent como sua esposa, para cuidar, amar, respeitar, honrar e proteger, pelo resto da vida e até que a morte os separe? - o Arcebispo perguntou, a névoa que cobria minha mente estava se esvaindo aos poucos, mas eu ainda me sentia nervosa.

— Aceito. - Ângelo disse, os olhos focados no meu de forma intensa, me deixando sem ar por alguns instantes.

— Virgínia Diana Laurent, você, aceita Ângelo Maximiliano Caccini como seu esposo, para cuidar, amar, respeitar, honrar e proteger, pelo resto da vida e até que a morte os separe? - ele repetiu a pergunta pra mim e eu engoli seco, focando meus olhos em Ângelo.

— Aceito.

Ângelo abriu um pequeno sorriso, parecendo aliviado por eu não ter negado e isso me fez sorrir também.

— As alianças, por favor - o Arcebispo pediu, e observei Eugênia, parecendo uma princesa em seu vestido rosa, se aproximar segurando a almofada com as alianças, entregando as para ele. Ela sorriu pra mim antes de voltar para seu lugar, ao lado de Antônia, a primeira dama, que eu ainda não conhecia pessoalmente e Yeter.

O Arcebispo tirou os pequenos aros dourados e entregou um deles a Ângelo. Novamente, o nervosismo tomou conta de mim e eu me perdi em pensamentos e lembranças, até que, uma salva de palmas ecoou e os lábios de Ângelo fora de encontro ao meu, em um beijo casto que me fez engoli um gemido de frustração.

Encarei minha mão a aliança dourada brilhava lá.

Era o começo da minha nova vida, oficialmente.

Seguimos até a recepção, que seria no jardim da igreja, que era enorme. Havia uma pista de dança circular no meio, ao redor dela, mesas também redondas estavam dispostas, haviam flores e luzes por todos os lados. O lugar estava lindo e eu estava começando a relaxar até que fomos cercados por convidados e bombardeados por comprimentos e felicitações que me deixaram atordoada. Eu apenas sorria e agradecia, deixando Ângelo tomar conta de tudo, já que ele aparentemente era muito bom nisso.

— Vamos sentar, anjo? - ele perguntou e eu assenti, o deixando me guiar até a mesma foi reservada apenas para nos dois. Assim que nos sentamos, o garçom se aproximou, nos entregado champanhe, mas eu achei melhor não beber, eu já estava uma bagunça, álcool só me deixaria pior. — Você está bem? - Ângelo perguntou se aproximando, ele parecia preocupado. — Anjo?

— Acho que estou nervosa - sussurrei, cansada demais para fingir que não.

Ângelo segurou minha mão apertado.

— Não tem motivos pra estar nervosa - ele disse, com a sua voz mais suave do que eu já tinha ouvido antes — Eu vou cuidar de você.

Arfei e assenti, desviando o olhar dele no momento em que Acsia se aproximava da nossa mesa com Eugênia, Yeter e Antônia Benevintti ao seu encalço.

A minha sogra, que estava segurando uma taça quase vazia de vinho, me abraçou assim que me levantei.

— Bem vinda oficialmente a família, minha querida - ela disse sorrindo. — Ah, Deus, finamente Ângelo fez uma coisa certa na vida! - ela me largou e foi abraçar o filho. Era a primeira vez que eu havia visto ela meio alterada por conta do álcool, ela devia ter bebido mais que o normal.

— Parabéns, Vivi! - Eugênia me abraçou apertado — Você está tão linda! O fotógrafo está esperando para as fotos, não esqueça, certo?

— Virgínia - Yeter veio e me abraçou rapidamente — Te desejo muitas felicidades, minha amiga. - a loira se afatou, e indicou a mulher alta que estava ao seu lado. — Essa é Antônia Benevintti - ela disse — Nossa primeira Dama.

— Muito obrigada por ter vindo e por ter aceitado ser minha madrinha - eu disse — É um prazer conhecer você.

— Eu que agradeço o convite, Virgínia - ela sorriu educada e se aproximou para me abraçar rapidamente — Foi um cerimônia linda. Seja bem vinda a Cosa Nostra.

— Obrigada, Antônia.

— Estava pensando que poderíamos marcar de fazer algo juntas - Yeter sugeriu sutilmente.

— Podemos conversar sobre isso depois do casamento - a senhora Benevintti disse, não parecendo muito a vontade com a ideia. — Eu adoraria conversar um pouco com você depois, Virgínia - ela se virou pra mim — Eu soube que você é francesa, certo? Eu sempre tive muita vontade de conhecer o país.

— Estarei a sua disposição.

— Anjo, vamos dançar ‐ Ângelo disse se aproximando, colocando a mão em minha cintura — Senhoras - ele sorriu para as meninas. — Sinto muito muito, mas tenho que roubar muita esposa por alguns minutos.

Ângelo não esperou uma resposta e me guiou até o meio da pista de dança, e tudo se passou muito rápido, nos dançamos, falamos com mais algumas pessoas, tiramos o que pareceu ser milhares e milhares de fotos, sozinho, com Acsia, com minhas madrinhas e mais um horror de pessoas. Então foi a hora de cortar o bolo.

— Você não parece bem - Ângelo disse quando nos sentamos para comer — Você comeu alguma coisa hoje, Virgínia?

— Sim.

— Que horas foi isso?

— De manhã? Eu acho.

Ângelo ficou sério.

— Vou trazer algo pra você comer, não saia daqui - ele se aproximou do meu ouvido em um rosnado — Eu não quero você desmaiando enquanto eu fodo você essa noite, entendeu, anjo?

Ah. Meu. Deus.

Ângelo saiu rapidamente e eu encarei o pedaço de bolo no meu prato. Talvez fosse realmente fraqueza, não é? Mas, sinceramente, quem se lembra de comer quando está se casando?

Ergui o olhar e encarei os casais dançando ao som da Orquestra. Yeter estava dançando com Pablo, Eugênia que Raul, que não parecia nenhum pouco feliz, Acsia dançava com o Capo, enquanto sua esposa, estava sentada sozinha em uma mesa, bebendo. Eu não sabia muita coisa sobre ela e teria ido até lá se não estivesse sentindo que estava prestes a desmaiar a qualquer momento. 

Não demorou muito e Ângelo chegou com uma bandeja nas mãos, que ele colocou a minha frente. Havia um prato macarrão com brócolis e frango, outro com lasanha, um com frutas cortadas, um copo com suco que devia ser de laranja e mais um copo de agua com um comprimido de lado. 

— Você está exagerando - eu disse já pegando os talheres, sentindo minha boca salivar com o cheiro do macarrão. 

— Estou tentando manter você viva - ele devolveu, sentando-se de volta em seu lugar. 

— Claro, até porque você quer muito me foder essa noite - resmunguei, sentindo meu rosto esquentar no momento em que fechei a boca. 

— Claro, anjo. Essa noite e todas as outras pelo resto das nossas vidas até que morte nos separe - ele devolveu, claramente se divertindo com a situação. 

— Já estou me arrependendo de ter dito sim - eu disse séria, antes de tomar um gole do meu suco. 

— Nós dois sabemos que é mentira, anjo - ele se aproximou — Você está tão ansiosa para isso quanto eu. 

Oh. Deus. Eu estava. 

À PROVA DE BALASOnde histórias criam vida. Descubra agora