QUARENTA E TRÊS

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VIRGINIA 

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VIRGINIA 

— Eu acho que preciso de um banho - eu sussurrei, impedindo que Ângelo se levantasse da cama — Estou suada e meio grudenta. - fiz careta.

— Você está se sentindo bem? - ele perguntou visivelmente preocupado e eu assenti, me sentando na cama, sentindo meu corpo meio tenso, lutando contra a vontade de me esconder debaixo das cobertas. 

— Estou - respondi sincera. Eu estava me sentindo... qual seria a palavra para descrever? Satisfeita, talvez? Embora meu corpo estivesse  meio tremulo e houvesse um pequeno incomodo entre minhas pernas, as outras sensações eram mais... fortes? 

Não era isso que eu esperava. Claro que, eu sabia o que acontecia na primeira vez... eu estudei e, as mulheres falavam sobre isso quando pensavam que ninguém estava prestando atenção. Yeter, por outro lado, me contou como foi magico e especial, mas, eu não estava esperando que fosse tão... bom, sim, eu não esperava que fosse gostar, afinal, Ângelo e eu não nos amávamos. Pelo visto a atração mutua era o suficiente para que isso acontecesse. 

Me levantei da cama e fui até o banheiro, fingindo que eu não estava completamente exposta, mesmo que a iluminação das velas fosse mínima.  

O banheiro era branco do chão ao teto e havia uma banheira de mármore da mesma cor bem no meio do cômodo, e embora eu tenha ficado tentada a entrar ali e não sair até me sentir como eu mesma novamente, eu optei por tomar uma ducha.

Antes de seguir para debaixo do chuveiro, acabei vendo meu reflexo no espelho e eu estava terrível. Fiz uma careta pra mim mesma.

Não sei quando tempo eu passei no banheiro, levando meu corpo, tentando dar um jeito no meu cabelo, que estava um caos. Vesti um roupão depois de secar meu corpo com a tolha e tentar usar o secador o secador no meu cabelo, mas eu estava me sentindo tão cansada que apenas queria parar antes de secar tudo completamente. 

Eu estava prestes a desistir completamente e sair do banheiro quando a porta se abriu ligeiramente, e Ângelo apareceu, parecendo preocupado.

Engoli seco o encarando pelo espelho. Ângelo já estava usando uma calça de moletom frouxa, provavelmente seu pijama. Eu devia perguntar onde ele os achou.

— Quer ajuda? - o loiro perguntou casualmente, parecendo notar meu desespero e eu assenti.

Ângelo se aproximou e pegou o secador das minhas mãos, começando se secar cuidadosamente meu cabelo. Ele parecia extremamente concentrado, a ponto de não perceber que eu não havia tirado os olhos dele um instante.

Umideci meus lábios, pensando em quando eu comecei a achar um homem usando um secador a coisa mais sexy do mundo.

Eu não estava no meu estado normal, não podia estar.

— O que foi? - Ângelo perguntou ao desligar o aparelho, o deixando sobre a bancada. Ele não esperou uma resposta, apenas abriu uma gaveta, que já estava meio aberta e tirou de lá uma escova de cabelo, começando a escovar meu cabelo.

— Adoro isso - disse sincera e Ângelo sorriu.

— Você está bem? - ele perguntou, seu sorriso sumindo rapidamente. — Eu machuquei você?

Neguei, mordendo o lábio.

— Não foi como eu esperava - respondi me odiando por estar sendo tão sincera com ele — Foi tão intenso... tão bom... - sussurrei.

— Das outras vezes vai ser melhor - ele disse deixando a escova de lado e apoiando o queixo em meu ombro, para me encarar pelo espelho — Menos dor e mais prazer. - ele beijou minha bochecha e eu abaixei o olhar, sem saber como reagir — Agora, me diga, o que está te incomodando?

— Por que você tirou? - eu me virei, ficando de frente pra ele. Não havia outra forma de perguntar aquilo, então eu apenas fui direta. — Quer dizer, eu não estava pensando nisso até acontecer, de verdade, mas, nós dois não devíamos ter filhos logo? Não é nossa obrigação? Minha obrigação?

Ângelo sorriu. Um sorriso descrente.

— Nós vamos ter filhos. Pelo menos um. - ele deu de ombros — Mas eu não acho que nenhum de nós dois está pronto para essa responsabilidade - a sinceramente em sua voz me pegou de surpresa — E, de verdade, depois de tanto tempo querendo você, eu não pretendo te dividir tão cedo com alguém - as mãos deles apertaram meu quadril e só então eu notei que ele estava me apalpando.

— Você não leva nada a sério.

— Eu estou falando sério, - ele curvou a cabeça rapidamente e capturou meus lábios em um beijo rápido, mas que não deixou de ser intenso — Vamos dormir. Você parece exausta.

— Eu estou, mas preciso de algo pra vestir antes.

— Vou trazer sua mala.

Ângelo saiu do banheiro e voltou arrastando uma pequena mala que eu tinha lembrado de ter feito algumas semanas atrás com a ajuda de Yeter. Ela colocou inúmeras camisolas transparentes e provocantes, mas eu tirei todas elas depois que ela foi embora e substitui por roupas confortáveis.

Voltei para o quarto depois de colocar um conjunto de seda de blusa de botões e shorts na cor azul bebê e tive que conter a expressão de desgosto quando notei que a colcha de cama havia sido puxada para longe e estava dobrada sobre uma cadeira próxima, uma manhã de sangue estava bem nítida ali.

Ângelo devia entregar a prova da minha virgindade ao seu Capo e aos outros homens importantes antes de dormir, por isso quando sai do banheiro ele entrou com uma nova muda de roupa.

Ignorei meu desconforto e fui me deitar,  Ângelo saiu com a promessa de que voltaria logo, levando consigo a colcha manchada e, mais rápido do que eu esperava, adormeci.

***


Acordar deitada sobre o peito de Ângelo me trouxe uma sensação de conforto que eu não esperava e eu provavelmente teria ficado lá todo o tempo do mundo se não fosse pelo fato dele estar acordado, me encarando.

— Bom dia - ele disse abrindo um sorriso sinico e eu bufei, fechando os olhos e me virando para o lado, mas isso foi um erro, já que Ângelo se virou, jogando uma perna por cima de mim e um braço, no que parecia ser uma espécie de abraço bagunçado. — Quer descer pra almoçar ou peço que tragam para o quarto?

— Já é tão tarde assim? - perguntei, minha voz soou abafada contra o travesseiro.

— Acho que eu peguei muito pesado com você noite passada - ele disse inocentemente — Pensei que você nunca fosse acordar.

— Oh, cale-se - resmunguei — Pode sair de cima de mim? Eu quero ir ao banheiro. 

— Não estou com vontade - ele respondeu e eu bufei, mas apenas fiquei deitada, mesmo que tivesse força o suficiente para empurra-lo para trás. — Almoço fora ou no quarto? Vamos passar o fim de semana aqui e juro que ficar quarenta e oito horas no quarto com você me parece delicioso.

— Vá sonhando - eu finalmente o empurrei com o cotovelo, me sentando na cama — Vou tomar banho e descemos.

À PROVA DE BALASOnde histórias criam vida. Descubra agora