Capítulo 2

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As portas duplas que pesam toneladas, feitas de ouro puro em detalhes artísticos que simulam fogo manipulados pelo metal, se abriram permitindo a minha passagem e a visão para o Conselho de Vênetos.

Grão-Rei Edan, sentado ao trono também confeccionado de ouro puro, em uma postura imponente, olhar centrado e ardente em tom dourado como raios de sol em cada iris, naturalmente ameaçador. É nítido como queimam em fúria silenciosa, prestes a escapar a qualquer momento como uma erupção, e causar um estrago tremendo.

Se eu não fizesse parte do Conselho, sentiria temor do porte surpreendentemente grande do corpo do governante de Vênetos. Felizmente nunca senti a força de um golpe seu, mas diante de músculos surreais e exagerados, creio que não seja agradável.

No degrau abaixo da escada que leva até seu trono, está Gretan, "Senhor da Justiça",
Irmão do Grão-Rei, e seu conselheiro. Possue uma postura imponente em suas costas largas e um corpo forte, porém mais esguio do que o irmão, ambos em pele marrom retinta que carrega o tom caloroso do sol e do fogo que as torna reluzentes.
Ao contrário de Edan, seus olhos são castanhos escuros, provavelmente pela magia que ele não herdou do antecessor.
Desde a base de sua mandíbula marcada e estreita até sua testa na periferia de seu rosto, que fogem de seu cavanhaque, Gretan carrega marcas brilhosas em um tom arroxeado, que seguem até mesmo para debaixo de suas vestes. A magia estranha que o mais velho herdou de seus ancestrais, incomum, desconhecida para a família e pelo visto, fraca demais para bastar ao trono.

A cor do cabelo dos irmãos e até mesmo onde esse acaba é semelhante, mas a diferença entre os parentes é nítida. O Grão-Senhor é mais alto, mais assustadoramente forte, até mesmo os dreads dele carregam mais volume e imponência. Não é para menos já que seu cabelo é a sua coroa.

Toda a Vênetos conhece a história, todos sabemos que não era para ter sido assim, mas não havia escolha mais perfeita para o trono do que o mais novo, não quando a magia desse superava até mesmo a do antecessor enquanto vivo.

O homem de cabelos castanhos escuros, em tranças menos volumosas, sobrancelhas também menos espessas que as de seu irmão, está na extrema direita de Marion, no mesmo degrau, o que significa que ambos possuem o mesmo nível de influência sobre Vênetos e apenas o Grão-Rei está acima de ambos.

A Grã-Feérica de pele marrom queimada mantêm a mesma feição nobre e superior de sempre. Com o nariz de abas largas empinado, olha para os príncipes platinados de Eduna entrando na sala do trono com sua aura natural de superioridade, poder.
Não porque é esnobe, desumilde ou mesquinha, mas sim porque está em seu sangue, gostem eles ou não. Marion é a fonte de poder primordial do mundo que sobreviveu, nem mesmo Malak poderia vencê-la.
Tão antiga quanto a lenda do tal caldeirão, e certamente mais poderosa que ele.

Marion possui um palacete na beira dos oceanos, território distante da Morada do Fogo chamado de "Superfície" e é responsável por cuidar das terras que herdou já que Edan não poderia olhar por elas de tão longe. É chamada de "Senhora da Superfície" vista por todos e até mesmo pelo Grão-Rei, como vital para Vênetos.

Minha mentora, a fêmea que me ensinou cada um dos milhares de golpes que executo perfeitamente em meus treinamentos, conhecedora de todos os mistérios do mundo, sua sabedoria não possui um limite. Ela é de fato digna de seu queixo empinado.

E ao último degrau está Alfard: O Príncipe do Fosso. É o herdeiro da Morada dos Dragões, representante das terras submersas ao segundo vulcão onde diversos dragões vivem até hoje, junto à outros feéricos.
Uma responsabilidade enorme para um jovem Grão-Feérico de mesma idade que eu carregar, mas o patife cumpre bem o seu papel.

Atualmente o Rei, ao lado de Gretan e Marion decidem qual de nós dois tomaremos a frente dos exércitos Venetunianos.

O homem de pele escura e queimada que desconsidero tremendamente, tatuado pelo fogo, com o desenho de escamas de dragão que se iniciam em seu pescoço e terminam sabe se lá onde, olha para ambos os príncipes de Eduna com peçonha esverdeada em suas iris, um fogo fervendo em malícia, ainda que seus lábios espessos cor de terracota nem mesmo esboçem um sorriso.
Seus fios negros e muito levemente compridos dançam de maneira suave  conforme uma brisa sutil adentra a sala real da Morada do Fogo, desce pelo teto aberto e nos refresca do calor de nosso Reino, por vezes sufocante.

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