Capítulo 36

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Vênetos.
Um Reino onde o primeiro Grão-Rei nasceu um dragão, vindo de um ovo aquecido e expelido da Terra mãe, e tinha a habilidade de se transformar em um macho Grão-Feérico pela benção da magia infinita da Terra viva.
Podemos sentir os batimentos cardíacos do núcleo da terra ao repousar a mão no solo.
Reino que comporta três biomas, praias de águas cristalinas e mornas, areias fofas e ondas brincalhonas na fronteira. Uma cidade vulcânica com tecnologia desenvolvida através de magia e fogo no centro de Vênetos, e por fim as extensas dunas, com o sol tão escaldante que é necessário viver sob a proteção da areia.
Um território mil vezes maior que o continente, que abriga o tamanho de Prythian apenas na área do Fosso.

Onde dragões voam livres pelos céus e se conectam com seus cavaleiros em uma ligação de alma, vivem em harmonia conosco, feras portadoras de um fogo fervente e primordial mais intenso do que uma simples magia, que a transcende e rasga universos. Seres capazes de cobrir territórios com a sua sombra, e trazer o mundo ao fim. Rugidos reptilianos ensurdecedores, que fazem a terra tremer e as ondas do mar subirem, e com uma batida de asas varrem um campo de batalha.

Onde a música e os festejos são bem vindos vinte e quatro horas por dia, Reino que nunca se cala, todos os dias de nossas vidas onde celebramos a benção da existência, e de uma terra viva, são dias de festa. Onde brigamos e discutimos sim, carregamos os piores defeitos e mesmo assim no fim do dia nos abraçamos, e pela manhã continuamos a nos ajudar.
Nós morreríamos uns pelos outros e mataríamos também, buscando manter as almas que amamos seguras, e até mesmo aquelas que conhecemos há minutos. Onde o sol nasce, e onde se põe, o começo e o fim, onde o mundo ganhou vida, assim como será seu leito de morte.

Em uma guerra implícita com Eduna, a terra morta, desde que o mundo é mundo, que começou por eles, sua ganância, inveja e covardia. Uma terra assassinada pelos próprios filhos do gelo, de mentes insanas como castigo, que vez ou outra consegue gerar bons frutos. Existem flores que nascem no fogo, crescem ofuscantes entre a rocha vulcânica, sei que também existem aquelas que prosperam no gelo.
Meu peito se aqueceu ao mesmo passo que se apertou brutalmente quando o rosto pálido de Erone surgiu em minha mente.

Contei a eles tudo sobre meu lar, que não acreditamos no caldeirão como eles, mas sim na Terra Mãe, que surgiu primeiro. A história desde os primórdios, os tratos, as farsas, a injustiça histórica de Eduna, e como Vênetos vem prosperando desde o início dos tempos. Eles pediram a verdade sobre um lugar que o mundo nunca ouviu falar, mas lá conhecemos cedo todo o resto desse, não sobre a minha história.
Não era necessário mencionar nada sobre mim, meu título, quem eu sou por dentro, a história da minha família, Edan, Gretan, minha mãe.

Entregar a si mesmo em tão pouco tempo é uma tolice, e aprendi minha lição sobre elas, as marcas na pele jamais vão me deixar esquecer. Um suspiro brusco ressoou por entre meus lábios após o pensamento.

Quando terminei de falar, todos eles se mantiveram em absoluto silêncio, contemplativos, talvez imaginando como deve ser uma Terra tão grandiosa, de modo que precisamos voar para ir de um bioma a outro.
Diante de tantas informações que joguei a eles, respeitei o tempo gradativo que levaram para digerir minhas palavras.

- Lá também há Daematis, foi assim que eu aprendi a proteger minha mente, mas se precisarem vasculhá-la para descobrir se estou dizendo a verdade, não irei me opor. - Me rendi por fim, e quebrei o silêncio agoniante.

Existem certas barreiras que levantamos em nossa mente, muros que impedem que alguém lá dentro ultrapasse uma área mais íntima e profunda. Não descobririam sobre quem sou nem mesmo se tentassem.

Quando Rhysand e Feyre atacaram eu estava desprevenida, meu subconsciente defendeu-se involuntariamente, mas já fiz esse exercício com Alfard um milhão de vezes, assumir um limite e levantar uma barreira nele, deixando tudo que está à frente exposto.

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