Capítulo 77

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— Continue, por favor! — Pediu, ansioso.

— Filho, Kenna precisa comer. — Feyre advertiu, em tom suave.

— Ela pode comer e contar a história. — Cassian aliviou para o sobrinho, lhe lançando um sorriso cúmplice e unilateral.

— Cassian... — Foi a vez de Rhysand advertir, segurando o riso.

Então troquei olhares compreensivos com a Grã-Senhora, entendendo pela sua feição conformada que no fundo, eles e Nyx possuem quase a mesma idade.

— Tudo bem garotos curiosos. — Disse após engolir — A história não acaba por aqui mesmo. — Dei de ombros, ouvindo os risos sutis de Azriel ao meu lado em seguida.

Não pude evitar levar a atenção até ele, só para matar a curiosidade de saber o que está achando dessa situação toda. Nyx nos reuniu na sala, sua família e a aliada quase confiável, para que eu lhe contasse histórias sobre dragões e agora todos estão interessados. Jamais imaginaria uma tarde assim, ainda mais com um evento tão político chegando pela noite.

Aparentemente o espião também não, parece um tanto surpreso, buscando esconder isso com a mão sobre os lábios, mas pelo olhar suave apesar da intensidade natural, não parece desgostar do que aconteceu.

— Continuando. — Me voltei ao pequenino — Os primeiros feiticeiros ligaram nossa alma as almas dos dragões, e desde aquele dia, somos como um ser apenas.

— Quer dizer que se você se machucar, ele também se machuca? — Perguntou, entusiasmado e curioso.

— Sim e não. Os feiticeiros ligaram nossas almas, e não nossos corpos. Se eu estiver muito chateada com alguma coisa, Aedon sentirá, assim como se eu estiver com medo, ou raiva, mas se eu sofrer algum golpe em batalha, isso não a afetará. — Ao terminar, levei o garfo até a carne para comer mais um pedaço.

— Ah não. — Murmurou, com seu tom quase sussurrante diminuindo gradativamente conforme sentiu o olhar da mãe sobre si.

O riso que escapou de mim foi inevitável, e ainda que me tenha custado muita força de vontade, não subi meu olhar ao do espião, porque sabia que fazê-lo poderia lhe conceder alguma sensação de orgulho por conta da maldita carta, então me contive.

— Mesmo com a nossa conexão entre almas, os primeiros feéricos não sabiam como montar em um dragão, muito menos voar em um ser tão escorregadio e enorme.

Seus olhos brilharam diante de minhas palavras.

— Então esse conhecimento não foi passado a frente, apenas a realeza montava dragões e voava sobre eles, mas o povo não.

— Como? Se ninguém sabia como montar. — Virou o queixo para o lado mais uma vez, confuso.

— Bom, vou lhe contar um segredo. — Me aproximei, aumentando suas expectativas — Mas tem que me prometer que jamais deixará uma informação tão valiosa escapar, está bem?

O príncipe assentiu, deslumbrado, com os olhinhos herdados metade metade dos pais, brilhando como as estrelinhas do céu da noite.

— O primeiro Grão-Rei de nossa terra não nasceu Grão-Feérico. — Continuei em tom baixo, como se de fato fosse o maior segredo do mundo — Ele era na verdade um dragão, com a habilidade de se transformar em Grão-Feérico.

O pequenino levou as mãos juntas até a boca, se inclinando sutilmente para trás, tamanha a sua surpresa.

— Uau. — Cassian acrescentou, verdadeiramente espantado apesar do tom sutil, quase em um sussurro.

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