Capítulo 39

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Você é boa, independente de tudo você é boa, e ainda colocará muitos em débito com você, não por esperar algo em troca, mas porque sempre fará a coisa certa.

A voz feminina suave e familiar ecoou em minha mente mais uma vez, como quando acordei.

Sei que sempre fará a coisa certa, não poderá evitar, faz parte do seu ser.

Por um momento todo o universo parou. Não sei dizer por quê, mas ouço a voz feminina ecoar em meu subconsciente e é como se nada mais importasse.

Quando ela ecoa Vênetos não está mais em guerra, Eduna nunca foi um problema, portanto atualmente existe paz e tranquilidade entre nós e eu estou apenas viajando pelo mundo na companhia de Aedon.

Sei que sempre fará a coisa certa, não poderá evitar, faz parte do seu ser.

A voz feminina ecoou mais uma vez, como se estivesse se exibindo para mim, uma criança brincalhona tentando chamar a atenção.

Apesar dela trazer serenidade ao mundo não me lembro a princípio a quem pertence, também não sei se o recado insistente em meu subconsciente diz respeito a mim, mas certamente tem algum propósito. Não ecoaria tantas vezes em um curto período de tempo se não tivesse.

Resolvi espantar meus devaneios e vestir o vestido que encontrei no armário. Afinal de contas, já passou da hora de eu me vestir adequadamente já que irei tratar de assuntos tão importantes.

Tranquilamente tirei a calça, em seguida tiraria o suéter do espião, que mais se parece com um vestido curto em meu corpo. Mas hesitei antes de fazê-lo, pois algo me impediu que eu o fizesse.

Uma espécie de carga densa caiu sobre mim, a senti sobre cada célula, envolvendo o meu organismo, sussurrando que eu deveria continuar vestindo ele, como se tirar o casaco emprestado fosse errado. Por pouco não ri diante de tamanha insanidade e rapidamente fiquei nua, segurando o bolo de tecido fofo e engruvinhado nas mãos.

Esperei que a sensação estranha e sem sentido desaparecesse conforme tirasse a blusa, mas ela permaneceu. Me senti tentada a vestir o casaco do illyriano novamente, quase como se cada fio de costura pedisse para voltar ao lugar que estava antes.

Delicadamente dobrei a peça de roupa e deixei sobre o colchão, sabendo que por mais que minha mente esteja especialmente confusa desde Eduna, roupas não falam.

Vesti por fim o vestido que mais me agradou dentro do armário. Não tenho certeza se posso pegar essas roupas, mas estou disposta a descobrir.

O vestido possui uma costura mais justa na região da cintura, saia escorrida em uma mistura de tecidos vermelho, e de cor salmão, com uma fenda longa em uma das coxas. A parte do busto é parcialmente justa, com a mesma mescla de tecidos, alças cruzadas no pescoço, e deixa as costas a mostra até a segunda costela.

Apesar da neve e da temperatura baixa, a Corte parece sustentar feitiços para aquecer todos os ambientes dentro da cidade. Não é como em Eduna, onde não é possível respirar sem sentir dor, a não ser que tenha nascido lá.

Soltei as tranças e penteei os fios lisos e compridos, por fim calçei a bota já que a saia não revelaria a ausência do salto alto.

Você é boa, independente de tudo você é boa, e ainda colocará muitos em débito com você, não por esperar algo em troca, mas porque sempre fará a coisa certa.

Caminhei até a porta, ouvindo a voz maternal ecoar entre as chamas do meu ser, mais intensamente dessa vez, exigindo receber sua devida atenção urgentemente.

Sei que sempre fará a coisa certa, não poderá evitar, faz parte do seu ser.

Sempre farei a coisa certa pelo meu povo, vou proteger aqueles que se encontram desamparados e buscar maneiras para que se sintam um pouco menos sozinhos. Saibam que não estão mais à deriva. Eu também conheço minha alma, meu coração, minha história, e sei que seria incapaz de apoiar aquilo que não é justo.

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