Capítulo 55

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— Entendo a sua raiva, já deixou mais que explícito que não deseja permanecer aqui, mas não pode destruir nossa casa. — Se levantou, ficando mais próxima a mim do que costuma ficar. Seu tom não foi rude, mas também não foi um pedido por piedade, soou cordial.

Não respondi, me mantive firme em seu olhar e esperei que continuasse, parece inquieta, o que significa que tem mais coisas pra falar. As suas mãos não param quietas, o que comprova minha certeza.

— Eu não consigo entender. — Revelou, parecendo tirar um peso dos ombros, já que eles caíram — Nós fizemos um acordo, você concordou com ele. — Sutilmente elevou o tom de voz, confusa, sem conseguir deixar as mãos paradas, mexendo no vestido brilhoso azul escuro como se estivesse constantemente tirando poeira — Então simplismente decide queimar a floresta de Prythian por pirraça, como uma criança que quebra os brinquedos da outra por ela não dividir.

— Só não consigo ter tanta fé nos outros quanto vocês têm, apenas isso. — Respondi simplismente, sem expressar muitas emoções.

A Grã-Senhora contraiu as sobrancelhas em uma feição mais confusa ainda.

— Eu sou uma guerreira, a mais habilidosa viva, em um campo de batalha continuaria lutando mesmo a beira do morte, como o fiz.

— Não está em um campo de batalha.

— Mas deveria. — Involuntariamente, meu tom de voz assumiu firmeza, me lembrando daqueles que precisam de mim.

Feyre não respondeu, e então sua feição se suavizou, mas seus olhos assumiram confusão e curiosidade simultaneamente.

— Não posso ficar aqui porque existem feéricos que precisam de mim, e mesmo eu sendo treinada para não me prostrar nunca, ainda assim a justificativa de vocês pra me manter aqui foi a minha recuperação. Conveniente com seus interesses em se manterem seguros, têm que admitir.

— Acha mesmo que isso foi apenas uma desculpa?! — Perguntou, evidenciando que considera minhas palavras um absurdo.

— Não existem muitas coincidências nesse mundo.

Um suspiro curto e quase imperceptível irrompeu por entre os lábios da fêmea, que recuou um passo para trás, ainda vidrada em meu rosto com reprovação, se afastando mais um passo usando o pé oposto, até que não teve outra escolha a não ser se sentar.

— Querer acolher a guerreira que lutou pelo nosso filho e nossa cidade não é coincidência. — Rhysand tomou a palavra, agindo como se eu estivesse sendo cruel com eles — Foi a nossa forma de demonstrar gratidão.

— E logo depois insinuam que eu estava agindo em aliança com o continente, empenhados em não me deixar sair.

— Você apresentou necessidade de fuga. — Cassian tomou a palavra, sem se importar em trazer os olhos até nós, observando a rua a fora pela janela — Se tornou suspeita.

— Provei a vocês que não pertencia ao seu comitê de "destruição a Prythian", mas não foi o suficiente.

Dessa vez sim o general tornou a atenção até mim, com uma feição pouco amigável diante do que havia dito. Um leve remorso me acometeu em seguida.

— Se deseja uma prova nossa também, não há problema. — Rhysand se levantou, nobre, ajeitando a calça de tecido chique, elegante e preto — Abro minha mente para você e provo que não foi apenas uma artimanha para te ter como guarda-costas, porque é isso que aqueles que não têm nada a esconder fazem. — Provocou intencionalmente.

— Acredite se quiser, não foi uma ação voluntária queimar vocês quando tentaram violar minha mente.

Surpresa sutil e quase desdenhosa pintou seu rosto.

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