Capítulo 78

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Todos ficaram em silêncio, surpresos com a pergunta do príncipe, que foi capaz de deixar todos sem palavras. Nem mesmo Feyre e Rhysand se viram aptos a responder a pergunta, trocando olhares urgentes e receosos.

— Você é capaz de tudo pequeno Nyx.

E minha resposta apenas piorou suas feições. Provavelmente desejam que eu fale que ele não consegue, mas aprendi com Marion a muito tempo que todos são capazes de qualquer coisa. A diferença é que não estou dizendo isso para alertá-lo.

— Mas não acho que vá querer reivindicar um dragão. — Mexi o queixo negativamente, respondendo em tom suave, e instigando sua curiosidade através do suspense.

— Mas é claro que eu quero, seria incrível! — Respondeu, com entusiasmo.

— Voar sobre um dragão é a melhor sensação existente, mas eu só me sinto assim porque não tenho asas. — Apontei para as suas asinhas negras em desenvolvimento.

Esperei por uma resposta imediata do pequeno, mas dessa vez não aconteceu, Nyx apenas levou a mãozinha até uma de suas asas e gradativamente abriu um sorriso tranquilo. Acho que ele havia se esquecido que não precisa de um dragão para voar.

— Você tem razão. — Se levantou, cheio de energia — Obrigado pela história Kenna, agora estou com vontade de voar. — Se despediu objetivo, e em seguida tornou a atenção até o pai, implicitamente pedindo para que o acompanhasse.

— Que coincidência filho. — Então Rhysand se levantou — Também fiquei com vontade de voar depois dessa história.

— Eu irei acompanhá-los. — Feyre disse em seguida, e esperou, com o olhar atento em expectativa para o marido. 

Seu parceiro estendeu a mão enfim, para que se levantasse, e só então ela o fez. Os três nos lançaram um último sorriso antes de se afastar, a brisa fria da Corte me acometeu por alguns segundos, não o suficiente para que eu ficasse desconfortável. Então a porta se fechou.

— Kenna, Morrigan mandou avisar que precisa estar pronta às oito. — Nesta se levantou, de mãos dadas com Cassian.

Percebi então que se o espião não fosse embora com eles, nós ficaríamos sozinhos novamente. Meu estômago se revirou, não em asco, ou medo, ou qualquer sensação ruim, mas em expectativa. O que pode acontecer se ficarmos sozinhos? Outra batalha? Mais provocações? Ou algo diferente dessa vez? Percebi meu coração batendo rapidamente sob meu peito, e minha respiração se desregulou em seguida.

— Ela precisa de ajuda com os últimos preparativos? Estou a disposição. — Perguntei, após limpar a garganta e retornar para o mundo real. Ao menos parcialmente.

— Ela preveu que diria isso. — Um sorriso fraco se delineou em seus lábios — E mandou te dizer que sua única obrigação é estar deslumbrante a noite.

— Tem certeza? — Insisti — Ela parecia bastante sobrecarregada ontem.

Sim, Morrigan parecia extremamente atarefada e eu teria oferecido minha ajuda independente da necessidade de me afastar do espião. Mas é um ótima tentativa de qualquer jeito. Meu corpo, externamente e internamente está me dizendo que não tem problema ficar, mas a razão atrelada ao meu ego pede por favor para que não me submeta a mais risos desdenhosos e orgulhosos enquanto ele se lembra de uma carta que nunca deveria ter sido escrita.

— Aceite o descanso de uma vez. — Respondeu, em tom descontraído.

Em resposta, ergui as mãos em rendição exibindo as palmas, contendo o riso que queria escapar. Ou melhor, me contendo porque eu quero escapar.

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