Capítulo 35

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PARA!
Meu ser berrou pela ligação entre dragão e cavaleiro, um grito tão estridente que pude ouvir em meu subconsciente, e Aedon rugiu em agonia como resposta. Nada de fogo, não se poderia incinerá-lo.

Pensei em contornar o illyriano, continuar seguindo Malak, poderia ter algum tempo se o fizesse, mas ao olhar para trás dele o Príncipe cruel já tinha se perdido da minha vista.
Suspirei de maneira tão brusca em minha frustração que senti minhas narinas queimarem, foi até minimamente doloroso.

- O que pensa que está fazendo?! - Esbravejei, entre dentes.

Eu estava prestes a capturá-lo, retribuir todas as atrocidades que cometeu contra os Edunos, seres inocentes, e também a mim. Mas esse macho desconhecido estragou tudo, arruinou minhas chances.

Fogo ardente dançou em minhas veias, invocando ira crescente.

- Você livrou Velaris dele, agora dê meia volta. - Respondeu, em um tom frio e um pouco autoritário. Postura impecável, olhar superior e o tom em ordem, curioso ele pensar que tem algum poder sobre mim. Ainda mais quando deixou Malak escapar.

Não poderia voltar a caçá-lo, não mais, seria como procurar uma agulha no palheiro já que não tenho nada para rastreá-lo. Esse imbecíl me atrapalhou.

- Quem você pensa que é? - Não existe um pingo de frieza em minha alma, mas meu tom se igualou a uma lâmina cortante. Ou melhor, fogo Grão-Feérico. Meu fogo.
Garanti que minhas feições entrassem em harmonia com ele.

Ele certamente não entende a gravidade das coisas que Malak fez, cada atrocidade... Se fosse com ele, certamente também procuraria vingança.

O illyriano hesitou, me encarando com total atenção, por consequência o seu silêncio serviu para me enfurecer ainda mais.

- Alguém que não vai deixar uma possível inimiga da Corte Noturna escapar.

Deixei um riso frouxo escapar por entre meus dentes.
Engraçado, Malak era certamente inimigo de Velaris, mas ele não se importou em livrar um Príncipe que tentou congelar seu povo, mesmo que de forma indireta. Ele não é burro, e apesar de ser uma novidade, não fez por acidente, fez ciente das consequências que evitaria para o Príncipe cruel. Talvez o inimigo em potencial aqui seja ele.

- Percebe que está em frente a um dragão, não percebe? - Talvez eu tenha me enganado, ele já não parece tão esperto agora.

Lentamente a atenção do illyriano se dissipou até Aedon, e foi perceptível o quanto ele lutou para não tremer diante de seu amigável sorriso, mas em tamanha concentração para evitá-lo, deixou que um gesto de medo escapasse. O pomo de adão em seu pescoço subiu e desceu, revelando o seco que havia engolido.

- Lembre-se de quem impediu que sua cidade virasse gelo, illyriano. - Mandei que Aedon tornasse caminho a Velaris, já que o illyriano parece determinado em se manter em meu caminho - E do fogo que o fez. - Disse, antes de me virar.

***

Voltamos em silêncio para Velaris, logo de cima já pude ver não apenas as valquírias ajudando a colocar a cidade de volta no lugar, mas também os cidadãos comuns e até mesmo a nobreza. Todos agindo com a força de um só povo, acendeu uma fagulha boa em meu peito e me faz lembrar de casa.

Aedon rugiu avisando sobre nossa chegada, e todos sem excessão observaram o pouso, vidrados em cada escama da dragoa.

Rhysand e Feyre se aproximaram, e eu por minha vez desci ao chão.
O Grão-Senhor suspirou hesitante, e a Grã-Senhora apenas aguardou dessa vez, com os olhos ligeiramente baixos. Então resolvi interrompê-los.

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