Capítulo 67

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Acabou, eu estou livre. Finalmente posso voltar pra casa e resolver tudo, finalmente Vênetos saberá sobre as atrocidades que Eduna cometia, e que eu estou viva.

Um arrepio aliviado se estendeu pela minha coluna, extasiante, e se espalhou por todo meu corpo, depois para minha alma, e então tomou conta de tudo que eu sou. O sentimento de liberdade em poder tomar minhas próprias escolhas sem amarras fez com que a ansiedade mórbida em mim se esvaisse, leveza pousou em meu coração como uma borboleta graciosa. Tudo em minha volta se tornou mais vivo, como se a vida tivesse acabado de tomar um novo sentido.

— Obrigada Madja, você é espetacular! — Dei um pulo da maca, indo até a fêmea e lhe dando um beijo na bochecha.

Animada, sai do chalé sobre passos apressados deixando os dois para trás, sabendo exatamente onde deveria ir, já sabendo que Azriel viria atrás de mim e se colocaria no meu caminho mais uma vez.

Dito e feito, quando coloquei meus pés na neve, o espião se colocou diante de mim, firme em sua postura irredutível, cruzando os braços em uma feição descontraída, esperando eu dizer.

Esboçei um sorriso conformado, deixando um riso fraco escapar, e fiz o mesmo que ele, também cruzei meus braços.

— O que vai fazer agora que está livre? — Perguntou em tom descontraído, apesar do olhar atento e ligeiramente tenso.

— Me despedir, isso claro, se sair do meu caminho. — Forçei um sorriso, brevemente.

— De Feyre e Rhysand? — Soltou os braços musculosos, se colocando ao meu lado.

Assenti, movendo o queixo positivamente.

— Não precisa me acompanhar espião, me lembro do caminho. — Disse por fim, em tom pacato antes de avançar.

— Não estou te acompanhando porque gosto da sua companhia. — Disse ao me seguir — E sim porque meus Grão-Senhores esperam um relatório sobre minha missão em Eduna.

— Claro. — Respondi, sarcástica — Jamais seria porque tem a intenção de me desvendar. — Não me dei ao trabalho de olhar para ele, sabia que entenderia.

A princípio ele ficou em silêncio, ainda me acompanhando, o que me trouxe curiosidade sobre como deve estar sua feição, mas após alguns vagarosos segundos, um suspiro brusco escapou.

— Cassian. — Resmungou baixinho.

— Eu admiro a sua perseverança, é verdadeiramente louvável. — Zombei.

— Deboche o quanto quiser, o jogo ainda não terminou, e quem ri por último, ri melhor. — Respondeu com segurança, apesar do desconforto de ter sido exposto.

Não pude evitar um riso melodioso que escapou por entre meus lábios, zombeteiro.

— Acha mesmo que consegue? — Perguntei, verdadeiramente curiosa, lá no fundo.

— Te desvendar? Com certeza. — Afirmou, seguro — Como você mesma constantemente me lembra, sou um espião, e um ótimo espião. — Se vangloriou, e diante do tom de seu orgulho fui obrigada a tornar a atenção até ele.

Encontrei um sorriso confiante e galante em seu rosto, olhando para mim. Meu estômago se revirou, mas não em asco, e sim em adrenalina, diretamente atingida pelo sorriso descarado. Tão diretamente atacada, que me esqueci de olhar para frente enquanto caminhava, e tropeçei em algo, sentindo meu corpo tombar sem demora.

Tive certeza de que em dois segundos estaria com a cara no chão, mas acho que o espião se sentiu um tanto culpado por ter me derrubado naquela noite, e sem hesitar envolveu minha cintura com seus braços, impedindo uma queda vergonhosa por pouco.

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