Capítulo 80

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Tomei um banho antes de me vestir, sentindo que precisava lavar a humilhação de mim, além do suor. É tolice sentir vergonha de desejar um macho tão enlouquecedor em sua aparência, tão sedutor em cada maneira, mas quando ele é seu rival, se torna tolice desejá-lo.

O céu havia escurecido e eu não tinha muito tempo antes do baile que me apresentaria pro resto da ilha. Ou melhor, as demais Cortes. E quando me deitei na banheira para relaxar após o banho em si, cochilei.

Ainda transbordando de desejo, minha mente não conseguiu pensar em qualquer outra coisa a não ser ele. O seu corpo magnífico contra o meu, cada músculo atraente representante de sua força, sua pele bronzeada e cheirosa em absoluto contato com a minha, sem barreiras, me agraciando totalmente livre, nós dois quentes e suando, as suas mãos percorrendo o meu corpo, apertando a minha bunda...

Todas essas imagens impuras vieram como um sonho à minha mente, um sonho delicioso que me fez pressionar as coxas novamente, com o ponto íntimo latejando forte mais uma vez, me vi incapaz de não morder os lábios, e então um estalo na porta do quarto me arrancou do transe, e em um espasmo eu acordei. As chamas travessas em meu ser suspiraram de maneira tão brusca e descontente, que pude sentir o balde de água fria irritante percorrendo meu corpo. Estava úmida mais uma vez, com meu corpo ansiando para que eu imaginasse nós dois de novo, lutando um contra o outro em uma dança calorosa e impura, transbordando malícia primitiva e gemidos afetados, em um possibilidade impossível, mas quem quer que fosse atrás da porta, não poderia nem cogitar isso.

Pelo som dos passos se aproximando eu soube que logo alguém bateria à porta, o que após poucos segundos ocorreu.

Meu peito acelerou como se eu estivesse prestes a entrar no campo de batalha, ou melhor, quase igual ao dia em que voei com Aedon pela primeira vez. Expectativa e fogo travesso viajaram pelas minhas veias, esquentando as minhas sardas e me fazendo desejar a presença incerta do espião. Desejar que entrasse por aquela porta, porque se o fizesse trocaria os meus dedos pelos dele, e dessa vez teria motivos mais concretos para gemer de verdade.

— Você está vestida? — É a voz de Morrigan.

Então o som avassalador das asas de Aedon batendo foi interrompido bruscamente, o que causou tremenda estranheza pros meus ouvidos devido ao total silêncio entediante. Meu corpo perdeu temperatura novamente, e não lutei contra a frustração, pois não venceria.

— Não. — Respondi simplismente, percebendo que era hora de me levantar, pois já estava começando a ficar enrugada.

Então o fiz, indo em direção a toalha, que coloquei envolta de meus ombros, e em seguida a loira adentrou o banheiro.

— Isso é ótimo, porque eu tenho um presente pra você.

Quando tornei minha atenção para ela, vi o vestido vermelho fogo em suas mãos, tecido de setim, evidentemente justo, com o decote alto na linha dos ombros, e uma fenda. Involuntariamente um suspiro escapou. É um vestido magnífico, e fez meu olhos brilharam, então não pude conter o sorriso que se delineou em meus lábios.

— Sabia que iria gostar. — Respondeu em um riso convencido e orgulhoso, antes de se aproximar de mim — Combina com você.

— Combina mesmo, obrigada.

— Se arrume rápido, todos os convidados já chegaram e quase todos os Grão-Senhores também, não é cordial deixá-los esperando.

Assenti, compreendendo a burocracia perfeitamente.

— Esteja magnífica. — Me lançou uma piscadela confidente em despedida antes de desaparecer dentro de sua magia. Havia atravessado.

Aceitei a missão e prontamente vesti a peça, ajeitando aos poucos em meu corpo conforme andava na direção do espelho no quarto. Meu cabelo estava em um coque desleixado, totalmente encharcado, então acendi a palma da mão para secá-lo através do calor do fogo, mas não pude subir a mão para perto dele, porque paralisei.

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