Capítulo 56

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Pedi por um comunicado oficial com seus selos, dizendo com todas as palavras claras que Vênetos é sua aliada, eu sou a mediadora entre meu lar e Prythian, para que fique escrito e provado que não sou e não serei sua prisioneira. Um documento oficial para chegar ao trono de cada Grão-Senhor e Grã-Senhora de Prythian. De certa forma, também anunciando o grande risco de conflito.

É uma estratégia sensata até mesmo para proteger os dragões. Assim ninguém verá dragões voando e entrará em pânico, independente do território dentro da ilha, ninguém terá a permissão de feri-los. Pedi pra que colocassem esse detalhe também.

Foi simples e direto o que sugeri, sem muita cerimônia e os Grão-Senhores aceitaram sem objeção, mas Morrigan encontrou uma oportunidade de unir o meu útil ao seu agradável. A loira revelou que queria organizar um baile há tempos em sua nova propriedade pra inaugurá-la, um pouco distante da cidade, mas ainda assim, é oficialmente seu lar e ela queria "apresenta-lo" de certa forma.

A fêmea comentou de sua vontade com tanto entusiasmo, que negar seria como roubar doce de criança. Sorri enquanto comenta o que planeja com bastante extravagância, e seus olhos se mantêm bem abertos e eufóricos enquanto faz a correlação entre a apresentação de Vênetos como aliada de Prythian, e seu baile.

Perguntei se não haveriam divergências de propósitos, mas ela insistiu, dizendo que sob sua organização tudo seria perfeito. Me limitei à uma única objeção, sem a intenção de ver tanto entusiasmo contagiante murchar como uma flor em decomposição. Disse que não me importava como aconteceria, e confiava na sua habilidade de organizar grandes eventos, desde que meus termos fiquem claros para todos.

Minhas palavras renderam um sorriso tão cheio de vitalidade da parte dela, que foi recompensa o suficiente pra abafar qualquer insegurança em relação a um grande evento para algo que deveria ser formal. Porque no fim das contas, esse baile não será nada menos do que deslumbrante, mas ainda pode ser mais que isso.

Não pude evitar o peso da culpa que me acometeu, e roubou toda minha serenidade. Feéricos estão sofrendo, rezando pra que sua heroína retorne, e me sinto menos que um mero lixo quando percebo que não sou quem eles pensam que eu sou. Deixei com que seus termos fossem impostos e garanti mais tortura para aqueles que esperam por mim, por tempo indeterminado. Não me sinto digna de nada no momento, é como se meu coração estivesse vazio, e eu mereço isso.

Nos despedimos de maneira serena, Feyre me incentivou a caminhar pela cidade antes de sair, dizendo que fez bem a ela quando chegou, com a intenção de reforçar que não pretende me ter como prisioneira, sem dizer as palavras exatas. Apesar do limbo assustador dentro do meu peito, em frações menores que os pedaços de minha costela espalhados pelo meu corpo, suas palavras me renderam conforto.

Esbocei um sorriso quando fez questão de enfatizar, e estabeleci trégua. Não só com ela, mas com todos.

***

Por livre e espontânea vontade, resolvi fazer uma visita a Madja. Eu deveria fazer uma todas as manhãs pra ela checar os ferimentos e continuar tratando eles, de modo que minha recuperação seja mais rápida, mas ultimamente alguns compromissos tomaram prioridade.

Azriel não voltou depois que Feyre e Rhysand foram embora, eu esperei por volta de duas horas no máximo e resolvi que não o faria mais. Pra ser sincera, nem sei porque o fiz, não sinto mais a raiva que senti quando acreditei que havia contado tudo pra eles, mas ainda assim não tenho motivo pra ficar me preocupando com ele.

E independente disso, não consigo parar de me perguntar: o que o deixou tão ocupado? Saiu ontem a noite, não ouvi sinais dele na casa quando abri a porta. Será que desde aquele momento não voltou mais? Hipóteses tensas começaram a passar pela minha mente, e meu estômago se embrulhou diante do perigo nelas.

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