Capítulo 3

705 58 0
                                    

— Não.

— Terá de ser mais específico, Senhor.

Eu pude ouvir sem nem mesmo olhar para trás, Edan se inclinando em um riso nasalado e curioso

— Muitos desfechos inesperados se devem a falta de esclarecimento nas palavras de Grão-Feéricos importantes. O senhor conhece a história. — Prosseguiu o príncipe, confiante em cada palavra.

Me pergunto se ele está se referindo a nossa história ou ao acontecimento de tempos atrás na ilha nomeada "Prythian".

— Eu nego a reclamação de sua Grã-Rainha. Khorse não terá as minhas terras.

Todo o salão ficou em silêncio, nem mesmo um suspiro mais brusco escapou. O tom de Edan foi quase severo, foi concreto, do tipo de palavra que ele não está disposto a mudar.

— Imaginei que diria isso. — Baixou um pouco os olhos, parecendo conformado.

— Ótimo. Os príncipes já podem partir.

Todos nós sabemos que eles não querem estar aqui, mas não sairão antes de barganhar.

— Eduna e Vênetos são os dois únicos reinos que possuem dragões, estamos eternamente conectados por eles. — Pela primeira vez, o príncipe desviou o seu olhar.

Erone não é um macho comum, não fugiria e se esconderia, em sua ideia sobre si mesmo a sua postura se manteria sempre ereta e assim a coroa simbólica, e futura, sobre a sua cabeça jamais cairia. O príncipe de cabelos brancos como a neve e olhos prateados elevou o olhar, levando a atenção de todo o Conselho para o céu através da abertura do teto.

— Onde o príncipe deseja chegar com isso? — Marion pediu, no tom de sua nobreza justa, para que ele fosse mais objetivo.

— Deuses, pragas, ou armas. — Desceu o seu olhar à Edan — Apenas Eduna e Vênetos os possuem.

Um sentimento pesaroso me acometeu. Sinto muito pelo príncipe se ele realmente acredita que dragões têm donos, ele aprenderá da pior forma que está errado e isso certamente é uma pena.

— Nós já somos unidos por um fator em comum e gigantesco, diga-se de passagem. É uma questão de tempo Edan, para que nossos territórios se tornem um só.

Mais uma vez, Eduna cobiçando o que é nosso. Mesmo que Khorse quisesse sua parte em nosso território, ambos os nossos reinos jamais serão um só. É até mesmo geograficamente impossível, Eduna está ao extremo Sul enquanto nós estamos localizados no Oriente.

— Está se esquecendo de que há um fator gritante que nos ramifica, príncipe Erone. — Não apenas um — Vênetos é fogo enquanto Eduna, gelo. As únicas reações possíveis para a nossa fusão seria Eduna em ruínas.

Em algum momento entraríamos em batalha, e não terminaria bem para nenhum de nós.

— O mundo já faz isso com o nosso Reino.

Contive um riso, porque suas palavras foram patéticas.
Eduna não é um Reino frágil, um território vulnerável, e com tanta magia quanto possuem nem mesmo precisam mais que sua terra floresça, a muito tempo. Nenhum deles carrega uma posição de vítima.

— Está dizendo que Eduna precisa de nossa ajuda? — O tom do Grão-Rei não foi condescendente, nem mesmo provocativo, seguiu pacífico e a procura de uma compreensão melhor das palavras do príncipe.

Todo o povo de Eduna é conhecido pela sua destreza e inteligência, a fama do núcleo de poder nos aconselha a tomarmos cuidado com a sua habilidade precisa de manipulação. Desde os primórdios é assim, nunca precisaram usar a força que não tinham, ou a magia que lhes transbordava e segue jorrando, sempre obtiveram sua vitória através de suas palavras, que podem ser por muitas vezes a arma mais perigosa na constante batalha política.

Sobre CortesOnde histórias criam vida. Descubra agora