Capítulo 29

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A criatura trouxe o braço espesso na direção do meu rosto, eu me esquivei, aproveitando o ângulo e a posição para atingi-la. Não arrisquei a lâmina, não ainda, quando é visível que sua pele é tão firme quanto a de um dragão, por isso resgatei toda a força que secaram de mim em cinco dias e lancei contra suas costelas, esperançosa ao observar o ser cambalear a uma distância satisfatória de onde estava antes. Não tenho ideia de como não cai inconsciente no primeiro movimento, mas não irei reclamar.

Meus braços rugiram, e eu grunhi entre dentes, canalizando toda a agonia no ser de neve.
Me lancei contra ele, deslizando pelo solo quando passei por baixo de suas pernas abertas, arriscando a espada dessa vez, passando a lâmina afiada pelo o que em uma estrutura corporal padrão, deveria ser seu órgão genital.
A espada deixou um rastro, um arranhão pela crosta que o compõe, pareceu não fazer nem mesmo cócegas, mas o urro estridente que a criatura emitiu provou o contrário.

Furiosa, se vira a mim direcionando um soco, do qual eu desviei, sentindo minha coluna pesar em protesto.
Rezei para qualquer ser superior que fosse lenta por conta de seu porte bruto, mas descobri no momento seguinte que minhas preces não foram ouvidas. Provando mais uma vez que a única fé certa, é a fé em mim mesma, ninguém virá me resgatar, apenas eu.
Abaixo do braço dominante do ser, ele ainda consegue ser ágil e rápido o bastante para derrotar um guerreiro habilidoso com facilidade.
Khorse estava criando muitas dessas criaturas usando o sofrimento do seu próprio povo para criar um exército. Nunca houve promessa de paz.

Fiz menção em golpear, mas o ser trouxe o outra braço ao meu rosto com precisão e enorme pressão ligeira, e esse soco me atingiu, muito pior que qualquer golpe que um soldado Eduno poderia proferir.

Caí violentamente contra o chão, pude sentir meu tímpano dançar em dor aguda, emitindo um som estridente que me desestabilizou. A vibração pelos meus ossos trouxe a suspeita de que o ombro que amorteceu a queda se deslocou, mas tive a certeza quando se tornou evidente que meu braço caíria a qualquer momento, ondulando em intenso sofrimento dormente.

Através da visão turva, em câmera lenta reparei a criatura tornando a aproximar-se do garotinho alado, e sob aflição inacabada, me levantei imediatamente, cerrando os dentes para não gritar. Esses roçaram uns nos outros com brutalidade em consequência da minha dor.
Girei o pulso em uma manobra com a espada até a cabeça do ser gelado, golpeei com força absoluta que restou do braço bom, não para ferir mas sim para chamar sua atenção.

Tive êxito.
O filho da magia nociva pisou fortemente sobre o chão e eu descobri o motivo da neve saltitante, planejando usar desde o momento em que me levantei a única habilidade que ainda não havia testado contra ele.
Respirei fundo, e dessa vez o ar cortante que lacerou minhas narinas foi combustível para que eu enterrasse a espada de apoio brutalmente no peito do monstro. A criatura pareceu sorrir, "que gracinha" foi o que sibilou em língua gutural quando deu mais um passo vindo à mim e eu fiz o mesmo, com a espada de ataque.

Ambas as lâminas insistentes só perfuraram a crosta espessa da criatura até a metade delas, uma distração eficiente. Sem a dádiva de minhas espadas, me lancei contra o ser quando esse menos esperava e simplismente senti.
Não fiz esforço no momento em que ambas caímos na neve, nem mesmo fui submetida à angústia de sentir meus músculos definhando. Como beber água ou apenas respirar, deixei que toda a chama que estava contida dentro do meu peito explodisse através de mim, fogo selvagem e absoluto implorando para matar se libertou através das minhas mãos no tronco da criação Eduna.
O ser rugiu, padecendo em absoluta dor.

A criatura criada a partir da tortura de feéricos se desintegrou como cinzas e se tornou pó, ao contrário dos soldados Edunos que morrem e explodem em inúmeros pedaços de gelo. Poeira azul clara, límpida como flocos de neve, foi levada pela brisa gelada, como a promessa de paz e descanso à alma que sofreu muito para que tal criatura fosse gerada.

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