Capítulo 16

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Os soldados do exército Eduno - seres feitos de pele, osso e magia, vestidos do pescoço para baixo - Não demoraram para cumprir a ordem da Grã-Rainha de trazer as crônicas, e deixaram o salão real. É a partir de agora que começamos a contar o tempo.

Concluí ao ver as criaturas de cabelo branco e ralo, caninos da arcada baixa para fora da boca, exatamente como as selvagens que estavam sedentas por sangue, distintas apenas pela maneira como estão vestidos dentro do prédio, que possivelmente são as criaturas mais brutais de Eduna, que a nobreza domesticou para que os servissem. Já que na fronteira são selvagens, que emitem grunhidos assustadores e aqui, prestam reverência e falam a gramática culta do Reino.

— Disse que ele voltaria logo. — Marion se aproxima, sussurrando. Por consequência, Gretan trouxe a orelha pontuda com joias ametista distribuídas por ela em perfurações, a nós, na intenção de fazer parte da conversa.

— Deve ter se perdido como eu.

— Pode estar correndo perigo.

— Alfard? — Perguntei a ela verdadeiramente, se acredita mesmo que ele corre algum perigo.

— Ou nos colocando em perigo. — Grunhiu baixo, usufruindo de seu pessimismo típico.

— Não temos tempo para isso. — Minha intenção é encerrar suas especulações sobre a localização atual de nossa naja feérica preferida — Faz vinte segundos que os soldados deixaram o salão.

Marion ficou em silêncio por alguns segundos, pensativa, provavelmente ponderando dentro de sua sabedoria se deveria abrir mão do conhecimento do paradeiro de Alfard. Por fim, concluiu que sim.

— Eles têm um minuto e meio, é o suficiente para ir, pegar as crônicas sem alterar nada nelas e trazê-las para nós.

— Podem alegar que as crônicas estavam distantes demais do prédio real. — Sussurra, sério, e desesperançoso.

— Onde quer que estejam, seus soldados são mais que Grão-Feéricos, possuem bem mais destreza para executar a tarefa de sua Grã-Rainha com excelência.

Portanto, se nós Grão-Feéricos demoramos vinte minutos para andar de um ponto a outro, até mesmo da própria cidade, essas criaturas são capazes de fazê-lo em apenas um. Percebi isso bem de perto quando estavam a menos de um metro de nós e Aedon nos lançou para cima, desafiando toda a magia perigosa e enlouquecedora de Eduna.

Nenhum deles aqui parece estar louco, tirando pelo fato de que Malak já deve ter nascido com alguma anomalia neural considerando o seu prazer em causar o caos.

Gretan está estável, ríspido e difícil como sempre, Marion não se mostra apreensiva com nenhuma reação que a magia possa estar causando e em meus sentidos... Tal grandeza os afeta sim, mas é diferente, e com certeza nem perto do bastante para compremeter minha sanidade.

Os soldados Venetunianos prejudicados até os dia de hoje pela sua visita a esse Reino sentiram uma forte dor de cabeça no momento que adentraram o território, exatamente como eu senti meu órgão pensante pesando em meu crânio. Sentiram um aperto fervoroso no peito, também semelhante ao meu, como não deixei de sentir até o momento. A visão deles se tornou turva, assim como a minha, tudo por conta da magia do núcleo da Terra Morta que confunde e destrói tudo que seu radar capta. Mas ainda com os efeitos do grau altimissmo que existe em seu núcleo desde o roubo do primeiro dragão, toda a dor e o desconforto quase insustentáveis, ainda sou eu mesma, minha mente não me trai.

Não há confirmação melhor do que essa para deixar claro como nossas águas que Edan subestimou nossa capacidade. A não ser a maneira gloriosa e épica que Aedon conseguiu fugir desses seres gélidos e selvagens na costa.

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