Capítulo 79

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Azriel

Tentei impedir, mas sabia que se fosse atrás dela não seria capaz de evitar minha impulsividade, então deixei que ela fosse. Gradativamente, para me torturar, deu as costas e saiu caminhando tranquila como uma felina, me obrigando a babar pela sua cintura fina, quadril largo e robusto de maneira assombrosa. Não fico suando dessa maneira desde Elain, aquela que Rhysand me lembrou por todos esses anos que eu não poderia ter, me impedindo de maneira não muito eficaz de ir atrás dela na Corte Diurna e começar uma guerra com Lucien.

Desde o nascimento de Nyx, por muitas vezes eu quase fui, mas abortei a missão no momento que iria cruzar a fronteira. Em todas elas, dei meia volta e me mantive recluso pra sustentar a frustração, ocupando minha mente com calistenia longe de tudo e todos, porque era a única coisa que me fazia parar de pensar nela um pouco. Durante aquele período só queria ficar sozinho, pra que ninguém pudesse ver o quanto estava derrotado por conta de uma mulher, havia me tornado apático, não importava quem batesse à porta da frente, eu nunca abria. Só saia para ficar com Nyx, e quando a família estava por perto, respondia apenas o necessário sem energia pra puxar assunto. Foi um mês pacífico, então não trabalhei tanto também, o que só piorou a situação.

Estive vivendo esses últimos anos como se tivesse perdido uma batalha, incapaz de me recuperar, sem ambições, ou vontade de nada. E então ela apareceu.

A fêmea desconhecida mais linda que já vi em toda a minha vida, usando meu casaco.
Senti um soco no estômago quando olhei dentro dos seus olhos, absolutamente dourados e flamejantes, como se eu estivesse olhando para um incêndio de ouro, pude até sentir calor em meu rosto naquele dia gelado, e ao me lembrar daquele momento, posso sentir as extremidades do meu corpo aquecidas também.
Foi como se eu estivesse adormecido por um longo tempo, e tivessem me jogado um balde de água fervente para me acordar. Mas pela primeira vez, o fogo não me incomodou, nem sequer queimou.

Por sorte ela estava fugindo e eu fui encarregado de impedi-la por Rhys, quando recebi o pedido em minha mente para mantê-la lá dentro, as sombras ficaram inquietas, mas não em um sentido ruim, estavam patologicamente entediadas havia um bom tempo e de repente, foram colocadas em um pico de adrenalina. Depois de muitos anos em completo silêncio, começaram a cochichar de novo.

A partir dali tudo que pude fazer foi encará-la, estudá-la, ansiando por mais informações de uma criatura tão devastadoramente linda. Todos os traços me deixaram sem fôlego, o nariz reto, forte, e empinado apesar das abas um tanto abertas, a mandíbula marcada ainda que delicada, as orelhas pontiagudas repletas por joias douradas transpassando a pele, o tom quente e intensamente bronzeado de todo seu corpo, as sardas avermelhadas no rosto, o olhar penetrante e poderoso como se ela mesma fosse um dragão, e aqueles fios de cabelo volumosos e talvez até mais escuros que minhas próprias sombras.

O total oposto de Elain que é delicada como uma flor, Kenna é como a destruição do mundo em forma de fogo, uma guerreira tão formidável que até mesmo eu pensaria duas vezes antes de batalhar com ela, não apenas pela fama da mais formidável dentre os continentes, mas porque já vi ela lutando com os meus próprios olhos, contra criaturas invencíveis, e soube que fez o mesmo a beira da morte.

O total oposto de Elain, mesmo assim naquele momento eu não me atentei a isso, porque pela primeira vez em anos havia me esquecido dela. Ela tinha o corpo delgado e delicado como as pétalas de uma rosa, que me atraia de modo enlouquecedor e me fazia perder completamente a razão, capaz de agir impulsivamente, já Kenna é diferente. Kenna não precisou vestir roupas justas para que as curvas de seu corpo gritassem chamando atenção, mas quando o fez foi quase impossível parar de olhar.

Enquanto o corpo atraente e discreto de Elain sussurrava meu nome, me guiando aos poucos até o caminho da perdição, as curvas avantajadas da guerreira não diziam uma só palavra, não precisavam, era como se seu corpo encarasse profundamente minha alma e me hipnotizasse sem precisar mover um músculo. A personificação de uma chama curvilínea e dançante, que entra como magia incontestável na mente e te rouba de si mesmo. A combinação da cintura fina, o quadril largo e cheio para onde se olha, e as coxas robustas, me fez perceber que eu superestimei o corpo de muitas.

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