Capítulo 15

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Aterrissamos sobre as pilastras altas feitas de gelo no topo do prédio. Um bastão do mesmo elemento relativamente espesso sustentando quatro patas sob algumas toneladas de escamas, era óbvio até mesmo para os dragões Edunos que não pensam como seres racionais, que ao menos muitas lascas de gelo iriam se desconectar desse filete.

As criaturas esguias de largura generosa e olhos vermelhos mantiveram sua atenção sobre nós, mas principalmente sobre nossos dragões, com voracidade contida. Parecida com a má intenção, e a malícia peçonhenta de Alfard, preparando silenciosamente o ataque, de maneira covarde e sorrateira.

Nós estamos em um pátio muitos metros abaixo dessas pilastras, largo e plano feito de gelo assim como todo o prédio, material maciço em sua essência.

— Ora, que situação. — Como uma planta desabrochando da terra, o príncipe Erone surgiu atrás de mim, trazendo seu polegar aos arranhões causados pelo golpe do frio em minha bochecha.

Antes que sua pele pudesse me tocar, minha mão se colocou em volta de seu pulso e impediu que Erone o movesse.

O príncipe de cabelos médios e platinados estalou a língua entre os dentes, olhando para mim de cima a baixo com olhar típico de desprezo.

— À senhorita não foram ensinados "modos"?

Se não fosse tão doloroso respirar profundamente, eu o teria feito. Já com todos os sentidos parcialmente renovados ao escapar da violência da magia da terra morta que busca capturar invasores, mantive meus olhos bem abertos olhando para ele de baixo para cima para que se lembre exatamente com quem está falando.

O primogênito travou a mandíbula, procurando não estremecer ao persistir em manter o seu olhar acinzentado firme.

— Estamos aqui para uma audiência com a Grã-Rainha. — Pelo som do ranger do gelo, Marion deu um passo a frente.

— Sem um anúncio formal? — Disse sem desviar a atenção de mim, provavelmente na intenção me lembrar exatamente quem ele é — Incomum. — Bruscamente ele desvincilhou o pulso de minha mão.

— Perdoe a indelicadeza.

Não pude evitar me contorcer por dentro. Nenhum de nós deveria pedir perdão a eles, por nada. Fechei os olhos lentamente, tentando não deixar a minha discordância tão explícita.

Erone ficou em silêncio, medindo tanto as palavras de minha mentora, quanto ela, usufruindo da sua frieza exacerbada.

— Para que exatamente vieram? — Torna seu olhar para mim.

— Temo que esteja impedindo a nossa passagem, Príncipe. — Fui o menos ácida que pude. Sou bastante humilde, sei reconhecer quando não atingi o meu objetivo e, dessa vez, não aconteceu.

— Por que estão aqui verdadeiramente? — Repete a pergunta entre dentes, ainda apático como sempre, avançando um passo a minha frente.

Marion fez menção em falar, provavelmente temendo que eu o insulte como fiz com meu amigo peçonhento quando era criança, mas eu a interrompo.

— Viemos para uma audiência com a sua Grã-Rainha. — Elevo sutilmente o tom de voz, sabendo antes mesmo de falar que ele se calaria. Movi minhas íris de seus pés a cabeça, com a postura confiante, naturalmente imponente. — Não se parece tanto com ela quanto pensa.

Não o suficiente para se dar a autoridade de interceptar seus assuntos.

Erone manteve seus olhos vidrados nos meus, acreditando com toda a sua alma que poderia me intimidar. Elevei sutilmente o queixo, mantendo meu olhar preso ao seu.

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