Capítulo 31

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Anastásia

O meu estômago embrulha mais uma vez.
Eu estou tonta e enjoada.

Antes mesmo da aula terminar eu me levanto e vou até o banheiro feminino.

Molho o meu rosto com a água gelada e respiro fundo uma par de vezes.

Talvez não tenha sido uma boa ideia ter voltado para a faculdade, eu não estou com a menor disposição para ficar aqui e tentar me concentrar, não estou com cabeça pra estudar.

— Olha quem está aqui. — eu me viro.

Leila.

O que essa garota quer comigo?

Respiro fundo e tento ignorar a sua presença desagradável.

— Você acha que se fazendo de sonsa o Christian vai querer você? Acorda, garota, ele só te usou.

Era só o que me faltava. Ouvir o showzinho da Leila agora. Eu não tenho energia nenhuma ou paciência pra isso nesse momento.

— Cala a boca, Leila. — reviro os olhos.

— O Christian é homem e só queria um pouco de diversão, e você foi o brinquedinho fácil da vez.

Tento passar por ela, ignorando a sua voz e a sua presença, mas a Leila agarra o meu braço e me empurra, entrando na minha frente.

— Então é melhor você parar de tentar ficar se fazendo de coitadinha. O Christian só te usou, os homens gostam de virgens. — meus olhos queimam por causa das lágrimas. — Ah, mas agora você sabe que ele só queria foder você. — ela estala a língua no céu da boca e ri.

Claro que aquele desgraçado contou pra ela, e aposto que foi tudo com riquezas de detalhes.
E essa filha da puta sabe que isso me magoa.

— O Christian é meu, e você não pode fazer nada em relação a isso. Você só foi a puta fácil da história toda. A puta que ele apostou, se divertiu e conseguiu provar para os amigos que conseguiria fazer o que ele quisesse. E ele provou muito bem, com muitas fotos.

Fotos?

Que fotos são essas?

Os meus olhos ardem pelas lágrimas.
O meu corpo treme.
Eu sinto pavor só de pensar de que tipo de fotos ela está falando.

As coisas são bem piores do que eu pensava.
O Christian é pior.

— Agora que você já sabe a verdade, vê se fica longe do meu homem!

— Por mim vocês dois podem ir pro inferno! Os dois não prestam e se merecem. — empurro a Leila e saio do banheiro.

Eu preciso respirar.

— Ana? Tudo bem?

Meu peito queima e eu não consigo respirar.

— Ei, tudo bem. Eu estou aqui. — a Kate segura a minha mão. Ela me ajuda a sentar em um banquinho qualquer. — Calma, relaxa. Estou aqui com você. Não vai acontecer nada. — eu não consigo falar nada. Estou presa na crise de ansiedade. — Ana, calma. Vai ficar tudo bem. Respira.

Kate segura as minhas mãos enquanto eu tremo e choro sem conseguir respirar.

— Tudo bem, Ana.

Eu estou ansiosa a dias, eu não consigo comer, eu não consigo dormir, eu não consigo pensar... Eu estou ansiosa e sufocada. E agora as coisas são piores, o Christian tirou fotos minhas sem a minha autorização, só pra provar para os amigos idiotas. Ele fez isso por dinheiro, por prazer em me humilhar.

— Kate, me leva pra casa, por favor. — é tudo que eu consigo dizer. Eu quero sair desse lugar, eu quero ir embora.

— É claro! Calma, vai ficar tudo bem.

***

— Desculpa por te fazer perder as suas aulas. — digo e me sento na minha cama.

Eu deveria lidar com os meus problemas sozinha, e não arrastar as pessoas a minha volta para essa confusão.

— Desculpa, Kate.

— Tudo bem. Amigas são pra isso. Está se sentindo melhor? — concordo.

Agora pelo menos eu consigo respirar, mas bem, acho que eu não consigo ficar...

Eu estou tão cansada.

— Eu vi a Leila entrando no banheiro, e depois que você saiu vi ela saindo também...

Eu olho para a Kate, os olhos curiosos sobre mim. Tudo que ela e Mia sabem é que eu e Christian acabamos e que ele está com a Leila desfilando para cima e para baixo, e o que elas supõem é que não terminamos bem... Mas nunca nenhuma das duas chegou a me perguntar diretamente.

— Aconteceu alguma coisa, não é? — ela diz. — Assim, entre você e o Christian, você mudou tanto... Eu sei que aconteceu alguma coisa muita séria.

— Ele é um idiota, e eu não quero mais olhar na cara dele.

— Você está muito magoada, não é? Ana... — a interrompo.

— Eu estou grávida, Kate. — eu digo de uma vez.

A Kate arregala os olhos e abre a boca surpresa.

— Meu Deus. Ana, eu não sei nem o que falar... Mas... Como isso aconteceu?

— Eu fui uma burra, Kate. Deixei o Christian fazer o que quis comigo. E agora ele me descartou, foi isso que aconteceu. — em poucas palavras, foi isso que realmente aconteceu entre nós.

— Ele ainda não sabe, não é?

— Não.

E nem quero que saiba. O Christian só me trouxe problemas, eu não quero ter lidar com ele agora, eu não quero falar com ele.

— Eu nem sei o que fazer...

A Kate se senta ao meu lado.

— A sua mãe já sabe?

— Sim... — eu limpo o rosto e olho para a minha amiga. — Mas o meu pai ainda não sabe. — a minha voz embargando.

— Ana, eu não sei nem o que falar...

E eu não sei o que fazer...

— Mas quero que você saiba que eu estou aqui e vou te apoiar sempre, você sabe que somos como irmãs de outra mãe. — a Kate segura a minha mão.

— Obrigada, Kate. — deito a cabeça no seu ombro. Ela aperta a minha mão.

Nós ficamos em silêncio por algum tempo.
Eu não quero falar nada, porque nos últimos dias eu só soube sentir esse aperto no peito, essa dor, essa sensação esquisita e amarga.
















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