Capítulo 41

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Anastasia

Respiro fundo tentando reunir coragem.

Coragem, Ana.

Eu abro a porta do escritório e entro.
O meu pai está sentado, o rosto apoiado nas mãos.

— Pai. — ele levanta a cabeça e olha pra mim.

Os seus olhos queimam na minha direção, e eu fico ainda mais apreensiva.

— Eu e a minha mãe estamos indo pra Boston amanhã. — ele não diz nada. — E eu queria tanto que você reconsiderasse... Que fosse com a gente.

— Boston. — ele se levanta.

— Pai, eu...

— Já te disse pra não me chamar mais assim. — ele diz sério.

Eu respiro fundo.

— Eu só queria conversar com você.

— Eu não tenho nada pra falar com você. Eu não quero falar com você, Anastasia.

— Eu sou a sua filha.

— Não. Você deixou de ser a minha filha quando se comportou como uma puta.

Eu sinto os meus olhos queimando pelas lágrimas.

— Por favor, não fala assim. — eu tento controlar as lágrimas.

— Eu não tenho nada pra falar com você, Anastasia. Se a sua mãe resolveu apoiar essa vergonha, eu não quero o meu nome na lama.

Eu limpo o rosto e respiro fundo.

— Eu sinto muito, pai. De verdade.

Eu levando a cabeça e marcho para fora do escritório.

— Ana, tudo bem?

Eu me atiro nos braços do meu irmão.

— O meu pai me odeia.

Ethan beija a minha testa e segura o meu rosto.

— Ele está errado, Ana.

— Eu decepcionei ele, eu provoquei isso.

— Não fica assim. Não pensa mais nisso. — ele sorri. — Amanhã você e a mamãe vão viajar, e eu vou ficar morrendo de saudades de vocês.

— Eu também vou sentir muito a sua falta. — eu olho pra porta do escritório. — E falta do meu pai.

— Final de semana que vem vou visitar vocês. — ele beija a minha testa. — Agora vem, a Eva fez aquela torta de morango que você ama.

***

Eu respiro fundo olhando a minha volta.

O apartamento é bem grande e já está todo mobiliado. Tudo de muito bom gosto, isso é inegável. A minha mãe soube escolher bem a nossa nova casa.

Eva olha tudo entusiasmada.

— Mãe, eu vou guardar as coisas no meu quarto. — digo.

— Sim, e aproveita para descansar um pouco. Não esquece das recomendações da Doutora Greene. — Concordo. E puxo a minha mala.

A doutora Greene me liberou para viajar, mas com a condição dd que eu me alimentasse direito e não fizesse grandes esforços. E eu claro que pretendo seguir o que ela disse, eu quero seguir em frente com isso, e eu não me perdoaria se acontecesse alguma coisa com o bebê agora.

Ela também me recomendou uma nova ginecologista obstetra de confiança e eu já tenho um horário para essa semana.

Apesar de tudo ainda ser muito novo, eu já sinto tudo diferente.

Eu abro a mala e escolho uma roupa confortável.

Depois de algumas horas no avião eu preciso de um banho relaxante e da minha cama.

A minha nova cama do meu novo quarto.

***

Eu deixo o livro de finanças de lado e apago a luz do abajur me ajeitando na cama.

Estou ansiosa para o início das minhas aulas na semana que vem.

A minha nova universidade é referência aqui em Boston. E eu consegui montar uma nova grade de horários que não me sobrecarregue tanto, já que as recomendações médicas foram de repouso e cautela por pelo menos durante os próximos dois meses.

Acredito que ir a faculdade vai me deixar mais leve. Vou me esforçar para manter as minhas notas no melhor nível possível, porque sei que quando o bebê nascer o meu rendimento acadêmico pode cair um pouco. Mas isso já não me preocupa tanto, eu sei que vou ter a minha mãe me ajudando, a Eva, que pra mim é como uma segunda mãe... E a Grace. Ela parece fazer muita questão de ser presente na vida do meu bebê. O que apesar de ser algo bom me deixa um pouco preocupada, eu não quero que o Christian volte a se aproximar de mim, ele já me machucou muito com toda essa história.

Eu não quero ele perto de mim.

Eu sei que vou ter uma rede de apoio e isso me tranquiliza muito. Eu tinha tanto medo de ficar sozinha, desamparada e sem saber o que fazer com o meu bebê.

Apesar do meu pai ainda me desprezar absurdamente, eu sei que tenho pessoas que ainda posso contar.

***

— Olha isso Ana. — mamãe está segurando um macacão para recém nascido. — Que coisa linda. Nós precisamos levar!

Minha mãe me intimou a vir ao shopping hoje, para almoçarmos e passarmos algum tempo juntas.
E agora estamos em uma loja de roupinhas para bebês.

A minha barriga está começando a aparecer, e eu confesso que estou entusiasmada com as pequenas mudanças que o meu corpo está passando.
A barriga começando a ficar redonda, os meus seios estão maiores, os meus cabelos parecem mais brilhosos...
E eu também percebi que eu não consigo ficar sem acariciar a minha barriga, é automático.

— Olha isso, Ana. — a minha mãe me mostra um vestidinho vermelho. — Que lindinho.

Sorrio. E seguro o vestidinho.

Ainda não sei se é uma menininha ou um menininho, eu não tenho preferência, eu só quero que esse bebê nasça perfeito e saudável.

— Esse bebê vai ser a coisinha mais linda. — a minha mãe acaricia a minha pequena barriga. — E eu vou mimar muito o meu netinho.

Nós duas ficamos mais algum tempo na loja, então resolvemos ir a um restaurante.
Nós estávamos precisando desse tempo juntas, depois de tudo o que aconteceu nos últimos tempos minha mãe e eu ficamos ainda mais unidas. Sempre fomos muito próximas, sem dúvidas, mas agora, parece que a minha mãe e eu temos ainda mais conexão.

E eu estou amando tudo isso.

A minha mãe é a minha maior inspiração. Eu espero um dia poder ser tão incrível para o meu bebê como a minha mãe é para mim.
























{...}

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