Capítulo 47

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Anastasia


A minha bebê fica me encarando com os seus olhinhos lindos, o rostinho grudado na minha pele.

Ela só tem dois dias de vida e já tem todo o meu coração. Beijo a sua mãozinha.

Duas enfermeiras entram no quarto. São as mesmas que vieram junto com a minha médica anteriormente.

— Está tudo bem por aqui?

— Sim, ela passou a noite dormindo, acordou só uma vez.

— Ela é muito calminha. — a minha mãe completa olhando para a Ella.

A minha mãe tem sido incrível. Não saiu do meu lado nem um segundo sequer, mesmo eu pedindo para ela ir para casa descansar um pouco ela se nega, diz que não quer ficar longe de mim e da Ella. Ela insiste em ficar aqui até o dia da minha alta, amanhã.
Eu deveria estar saindo do hospital hoje, mas ontem a noite a minha pressão não estava muito estável, então a doutora Claire decidiu que eu deveria ficar mais um dia, por segurança.

A enfermeira mais nova se aproxima.

— Ela é muito linda. Parabéns. — diz sorrindo. A Ella abre os olhos. — Nossa, que olhinhos lindos. — fico séria. — Puxou ao papai? — eu travo engolindo em seco.

Isso é sério?

Eu olho para a minha mãe e rapidamente volto a olhar para a minha filha.

A enfermeira mais velha a repreende com o olhar e então ela percebe que acabou falando demais.

— Meu Deus, desculpa... — vermelho colore as suas bochechas. — Eu não sabia...

— Tudo bem. — digo. — Isso não importa mais.

Agarro a Ella contra mim e beijo o seu rostinho perfeito.

Óbvio que eu percebi a cor dos olhos da minha filha, eu não sou idiota. Mas esse assunto ainda é extremamente sensível pra mim. E eu não quero e não vou mais pensar sobre isso agora.

O clima fica estranho. As duas verificam se está tudo bem e saem do quarto rapidamente.

Eu beijo a mãozinha da minha princesinha.

— A minha filha não parece com ele.

Não é justo que ela se pareça com ele.

— Ana. — a minha mãe respira fundo. — Você sabe que é normal que as pessoas geralmente perguntem esse tipo de coisa.

— Mas não é verdade mãe. Ela é minha e se parece comigo.

— Não faz assim, querida, não vá por esse caminho. Querendo ou não a Ella pode sim se parecer com o Christian.

Fecho os olhos sentindo as minhas lágrimas. Coloco an Ella no bercinho portátil e me levanto.

— Os olhos dos bebês mudam né? — pergunto chorando. — Os olhos dela vão mudar.

Claro que vão. Ela ainda é muito pequena.

— Não quero que você se fruste. Estamos falando de algo biológico, genético. E ele é o pai biológico, por mais que ele tenha feito a pior escolha possível. — a minha mãe segura as minhas mãos. — Ainda é muito cedo para saber se a Ella vai ser realmente parecida com o Christian, mas é uma hipótese. Pode acontecer. Mas o importante é que ela é linda, saudável e é a sua bebezinha. Você escolheu tê-la e cuidar dela, independente de tudo você é mãe agora.

— Eu não quero que ela seja parecida com ele. Eu não quero, mãe.

Eu não quero que an Ella me lembre o Christian, eu não quero que ela tenha um traço sequer dele.

Não é justo.
Não é justo comigo.
Não é justo com a minha filha.

— Eu sei, querida. Entendo você. — deito no seu colo.

A minha mãe acaricia os meus cabelos.

— Tudo bem, Ana.

***

O meu pai está sentado no sofá com an Ella no colo, babando na minha bebê.

A Ella já completou vinte dias de vida, o que significa que o tempo está passando muito rápido.

— Só de ver o seu pai assim lembro de quando você nasceu, ele ficou louco. Era um babão, queria te mostrar para todo mundo. — a minha mãe diz. — Bom, parece que a história está se repetindo.

— É a princesinha do vovô. A princesinha mais linda. — meu pai diz ninando a Ella. — Se prepara Ana, eu vou mimar muito essa menina.

— Ah, e eu também! — a minha mãe completa.

Sorrio.

— Vou pro meu quarto estudar um pouco.

Nos últimos quinze dias eu voltei a estudar em casa, para que quando eu voltasse para a faculdade não perdesse tanto o ritmo das coisas. A minha filha é boazinha e dorme quase a noite toda, acordando duas ou três vezes mais ou menos.
Sem contar que os meus pais sempre estão por perto me ajudando, assim como a Eva.

Abro o meu caderno e faço algumas anotações. Por mais que eu ainda não tenha iniciado as aulas com um professor particular, como é o plano, estudar assim sozinha tem me feito muito bem. Consigo espairecer e sentir que eu estou no controle das coisas.

Por Ella ser tranquila e por eu ter uma boa rede de apoio, acredito que quando a minha filha completar dois meses eu consigo voltar a estudar normalmente, pelo menos por meio período. Eu estou atrasada em um período, não quero esperar muito tempo para voltar aos estudos, quero terminar essa faculdade e poder trabalhar na empresa com o meu pai.

***

Dou um banho quentinho em Ella e coloco uma roupa confortável nela. A minha filha logo começa a esfregar o rostinho contra a minha pele, ela sempre faz isso quando quer mamar.

Sorrio e abaixo a alça do vestido que estou usando.

Ella fecha os olhinhos e começa a mamar. Acaricio a sua bochecha com o meu polegar.

É tão louco pensar que ela era tão pequena como um grão de arroz e agora ela está aqui, nos meus braços.

Suspiro.

Eu nunca vou me perdoar por ter pensado em tirar a minha filha. Hoje não consigo me imaginar sem an Ella.

A minha Ella.

Ella foi a minha força quando eu mais precisei. E eu tinha tanto medo de olhar pra ela e lembrar de tudo o que aconteceu, mas eu estava errada, agora eu sei. A minha filha foi a única coisa boa no meio daquela sujeira toda.

Ela é um pedaço de mim.
O meu coração fora do peito.

Beijo a testa da minha bebê.

Eu vou terminar os meus estudos, focar na minha carreira e principalmente na minha filha, que hoje é o que eu tenho de mais precioso no mundo.

Por Ella eu quero ser a minha melhor versão, quero oferecer para a minha filha o que há de melhor em mim.

— Eu te amo. — sussurro olhando para a minha bebê.













{...}

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