Capítulo 43

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Anastasia


Fecho os olhos e encosto a cabeça no encosto do sofá.
Acaricio a minha barriga sentindo a minha bebê chutar.

Tão preciosa e minha.

Minha filha.
Meu amor.

Eu me sinto tão culpada por não conseguir só pensar no meu futuro com a minha filha. Porque no fim tudo sempre volta, todas as memórias dos acontecimentos dos últimos meses, eu volto a ficar melancólica e pensar em tudo sempre e sempre.

Abro os olhos e olho para a minha barriga.

Seis meses.

Ela cresceu tanto, a minha bebê cresceu tanto.

Lágrimas me escapam.

Eu fiquei tão feliz quando soube que seria uma menina. Eu ando sonhando tanto com ela nos últimos dias.

A minha menina.

Minha filha.

— O que essa cabecinha tanto pensa, hein?

Minha mãe senta do meu lado. Eu me viro pra ela e limpo as lágrimas.

— Só estava pensando em algumas coisas... — eu tento disfarçar.

— Não gosto quando você fica com esse olhar, não quero te ver pensando besteiras, querida. — ela acaricia o meu rosto.

— Desculpa, mãe... — eu fungo. — Eu só queria voltar no tempo. Se eu pudesse, eu faria tudo diferente.

Eu juro.

Nunca haveria Christian e eu.

— Você não tem que pedir desculpas, Ana. Já passou. O que está feito está feito e pronto.

Eu nunca deveria ter sido tão idiota.
Eu deveria ter pensado mais em tudo, pensado mais no meu pai.

— O meu pai...

— O seu pai fez a escolha dele, se ele e eu estamos nessa situação atual foi porque ele quis assim. A culpa do que está acontecendo entre nós não é sua.

Abaixo a cabeça.

Eu estou tão mal por saber que os meus pais estão ao ponto do divórcio. Eles simplesmente não se falam mais, e o meu pai sequer se preocupou em nos ligar desde que chegamos em Boston. E eu sei que a minha mãe sofre por isso, e eu sinto muito, eu sinto que eu estou sendo o pivot da separação.

Sinto que é tudo culpa minha.

— Não faz bem ficar pensando nessas coisas, não faz bem pra você, e principalmente pra ela. — a minha mãe põe a mão sobre a minha barriga. — Você tem que ficar bem e pensar em coisas positivas, a sua bebê sente. — ela acaricia a minha barriga com carinho.

— Eu sei, mas é difícil... É só que... Eu sempre lembro dele. — não consigo controlar as lágrimas.

— Eu espero que um dia nós duas possamos conversar sobre o que realmente aconteceu, Ana. Gostaria de saber a verdade. Sei que isso te machuca de alguma forma, mas gostaria de saber o que aconteceu de tão grave.

Eu penso e respiro fundo.

Minha mãe fez tanto por mim nos últimos meses, me compreendeu e me acolheu, então ela tem o direito de saber o que de fato aconteceu, apesar disso ainda me doer muito e de me trazer vergonha.

— Foi uma aposta. — sussurro. — Christian apostou dez mil dólares com os amigos que conseguiria transar comigo. — digo com a voz rouca e os meus olhos queimando pelas lágrimas. — Ele tirou fotos e riu de mim... Era o que eu significava pra ele.

— Ana, meu Deus. — a minha mãe me olha em completo choque. Os olhos arregalados.

Desvio os olhos dos seus.
Sinto vergonha de mim mesma.

— Foi a minha primeira vez. E enquanto pra mim estava sendo tudo incrível, ele estava rindo e debochando de mim.

Os olhos da minha mãe ficam marejados.

Eu viro o rosto, as lágrimas molhando as minhas bochechas.

— Não precisa ficar com pena de mim, mãe. Eu fui uma idiota, e é isso. O Christian conseguiu o que queria e no fim eu acabei destruindo a nossa família.

— Ana. — minha mãe segura o meu queixo me fazendo olhar para o seu rosto, ela está chorando. — Nunca mais repita isso, se eu e o seu pai chegarmos a nos divorciarmos de fato isso é muito mais sobre a nossa relação pessoal do que sobre você ou até mesmo sobre o Ethan. O seu pai fez a escolha dele, a qual eu desprezo absolutamente e não concordo. E acredito que só ele pode mudar as coisas entre nós agora. — ela agarra a minha mão. — Eu realmente sinto muito, e não sei o que dizer, eu como mulher sinto a sua dor, e como mãe posso afirmar que me dói os ossos pensar que algo tão baixo aconteceu com você, com a minha menininha.

— A culpa é minha.

— Não. A culpa não é sua. Você é a vítima dessa situação, Ana. Tudo que aconteceu entre vocês foi consensual?

Abaixo a cabeça.

— Eu preciso que você seja sincera comigo, eu vou te apoiar sempre, mas eu preciso que você me fale a verdade, porque se ele te obrigou a fazer alguma coisa...

— Não. Ele não me obrigou a nada. Foi tudo com o meu consentimento.

— Eu não sei nem o que dizer. Mas eu estou aqui, querida. Estou com você, vou te ajudar a cuidar da sua menina. Pode contar comigo.

— Não precisa dizer nada, mãe. Eu só não quero que ninguém nunca saiba sobre isso, principalmente a minha bebê. Eu não quero que isso aconteça.

Eu sinto dor só de pensar na minha filha ouvindo essas barbaridades, eu não quero que ela saiba sobre o genitor, sobre como foi concebida a base de mentiras e trapaças.
Eu não quero que isso jamais respingue sobre ela.

— É algo que te pertence e eu entendo isso. Vou te respeitar. Mas acho que o que aconteceu foi muito sério, e que os culpados mereciam pagar por isso.

— Eu não quero sequer ver o Christian. — ele me enoja. — Eu não quero que ele chegue perto de mim e da minha filha. Só quero esquecer essa história toda, mãe.

A minha mãe concorda, ela abre os braços, eu deito a cabeça no seu ombro.

— Vai ficar tudo bem, meu amor.

Fecho os olhos.

Eu espero.

Pelo menos um dia.



















{...}

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