Capítulo 28

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Anastásia


   Eu acordo, mas não consigo sequer pensar em levantar da cama. Meu estômago revira violentamente enquanto tudo gira a minha volta.

Respiro fundo.

Meu corpo está me cobrando por eu não estar me alimentando direito nas últimas semanas. Mas eu ando tão enjoada e indisposta ultimamente que eu não consigo sequer pensar em comer algo.

E já estou cansada disso.

Tomo um remédio para enjoo.
Não posso passar o dia inteiro deitada, preciso colocar algumas matérias da faculdade em dia. Aproveitar o fim de semana.

Me levanto, mesmo que o meu corpo esteja gritando pela cama.

Abro o chuveiro na água gelada. Talvez um banho de água fria me ajude a me sentir melhor. Molho os meus cabelos e esfrego o rosto.

Depois de alguns minutos debaixo da água, agarro a minha toalha e saio do banho.

Já me sinto menos indisposta e mais descente.

Abro a gaveta de peças íntimas. Meu coração disparado. Duas embalagens de absorventes completamente intactas.

Isso só pode ser brincadeira.

Eu deveria ter menstruado, ou estar no mínimo menstruada.

Eu estou atrasada. O meu ciclo está atrasado.

Atrasada a quanto tempo? Dias, semanas?

Esfrego o rosto e respiro fundo, tento pensar melhor nas coisas.

Os meus seios estão inchados, eu estou inchada, e sentindo leves cólicas a alguns dias.

Isso não pode estar acontecendo. Algo de errado esta acontecendo!

Deus! Isso só pode ser algum engano meu.

Tem que ser.

Mas parando para pensar e analisar a minha situação atual eu estou enjoada e tonta a alguns dias, e agora percebo que também estou atrasada, atrasada a dias.

Realmente atrasada.

Isso não pode ser sério.

Eu não posso ter sido tão burra assim e deixado isso acontecer.

Isso é definitivamente a última coisa que deveria estar acontecendo. Eu nem deveria estar cogitando a ideia de uma gravidez.

Meus olhos ardem.

— Não, Anastásia. Você não vai chorar agora. Você nem tem certeza. — respiro fundo tentando controlar as lágrimas.

É isso, eu preciso ter certeza.

Visto a primeira roupa que encontro. Eu preciso ter certeza antes de me desesperar de verdade. Pode ser só uma suspeita, eu coloquei muita pressão sobre mim mesma nos últimos dias, o meu corpo pode estar me cobrando isso agora.

— Vai sair, Ana? — a Eva pergunta.

— Sim, preciso resolver um problema. — eu tento parecer o mais tranquila possível.

— Aconteceu algo, querida?

— Nada demais, não precisa se preocupar, Eva. — eu corro para fora de casa. Não aguentaria ter que dar muitas explicações para Eva sem desmoronar em lágrimas.

***

Eu agarro três caixas de testes de gravidez. Eu nunca pensei que isso poderia acontecer assim. Eu sempre me achei responsável demais para um dia pensar em estar precisando comprar testes de gravidez escondida, e principalmente na situação atual de caos que eu me encontro.

— Algo mais? — a vendedora pergunta. Eu nego automaticamente.

As minhas mãos tremendo, a minha garganta seca e fechada.

— Trinta e cinco dólares.

Meus pensamentos borbulhando. Eu agarro a embalagem com os testes e enfio na minha bolsa.

— Tudo bem, querida. — ela sorri cordialmente. — Boa sorte.

Eu tento sorrir e saio da farmácia o mais rápido possível.

Sorte.

É, parece que eu vou precisar de sorte.

Muita sorte.

***

Mordo o meu lábio inferior e encaro os testes.
Eu não tive sequer coragem de abrir isso.

Eu não consigo pensar no que eu faria se eu confirmasse estar grávida.

Grávida de um filho do Christian.

Como eu deixei isso acontecer? Quando eu me tornei tão idiota e inconsequente ao ponto de transar sem preservativos?

Burra.

Você foi burra, Anastásia.

Eu fui burra e completamente inconsequente, porque eu sei que eu vacilei quando definitivamente não deveria. Eu confiei no Christian quando eu não deveria ter confiado, e agora isso...

— Tudo bem, Ana. Coragem.

Com as mãos trêmulas eu abro os testes. Sigo as instruções que são basicamente fazer xixi no potinho e enfiar o teste dentro.

Isso tem que dar negativo.

Eu não consigo nem pensar em como a minha vida seria com um filho. Eu só tenho vinte anos, sou nova demais para ser mãe. Eu preciso estudar, concluir a faculdade, eu tenho planos...

Eu não quero isso pra minha vida.
Eu não quero mudar a minha vida tão drasticamente.

Eu não consigo sequer imaginar a reação do meu pai quanto a isso. Eu traria decepção. Eu seria a vergonha da família. Meu pai não é exatamente um homem conservador, mas ele me odiaria por isso, ele  odiaria me ver grávida antes do tempo certo, antes de estar casada e pronta para ter uma família. Ele  odiaria o fato do filho ser do Christian.
Ele me odiaria para sempre.

Tento respirar. Meu peito pesado e as lágrimas molhando o meu rosto.

Os cinco minutos mais longos e angustiantes da minha vida. Nem nos piores cenários eu me imaginaria assim, em uma situação como essa.

Aperto os olhos e enfim tomo coragem para olhar os testes.

Deus!














{...}

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