Capítulo 30

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Anastásia

Eu me encolho mais na cama e afundo o rosto no travesseiro.

Eu não consigo esquecer, a cada vez que fecho os olhos eu só consigo visualizar os testes de gravidez positivos.

Não consigo esquecer que eu estou grávida.

Grávida.

Tudo que eu mais temia.

Eu me sinto tão perdida, tão desorientada, eu não sei o que fazer... Eu não sei como eu vou contar para os meus pais, não sei se eu vou conseguir lidar com isso...

Batidas na porta seguidas da voz da minha mãe me tiram do meu devaneio.

— Anastásia! — não respondo. Ela então insiste nas batidas. — Anastásia Rose Steele! Abre já essa porta!

Eu me encolho mais.

Eu não consigo, não tenho energia nenhuma para lidar com as perguntas, eu não consigo inventar respostas.

As batidas cessam por um tempo. Mas o barulho da chave na fechadura indicam que a minha mãe claramente não vai desistir.

Eu me sento na cama, espantada.

Ela abriu a porta.

Esfrego o rosto, limpando as lágrimas, ou tentando.

— Eu não aguento mais te ver assim! O que está acontecendo? — mamãe franze as sobrancelhas, os seus olhos analíticos sobre mim.

— Mãe, você não... eu não consigo. — sussurro.

— Anastásia, eu preciso saber o que está acontecendo com você! Eu preciso entender. Eu não aguento mais te ver trancada nesse quarto, você mal come, não vai mais a faculdade, você não vive mais, Anastásia.

Já tem uma semana que eu não vou a faculdade. Eu não consigo sequer pensar naquele lugar, tenho certeza que veria o Christian pelos corredores e durante a eletiva. E eu simplesmente não consigo.

— Filha, por favor. O que está acontecendo? — ela se aproxima da cama. — Eu vou perguntar mais uma vez, o que aconteceu? O Christian tentou fazer algo sem o seu consentimento? Ou pior, ele fez algo sem o seu consentimento? — os seus olhos brilham de curiosidade e preocupação.

Eu fecho os olhos.

— Ana...

— Mãe, eu não quero conversar agora. — aperto os olhos.

— Mas nós vamos conversar, eu não aguento mais te ver assim! Olha pra você, você está abatida, você só chora pelos cantos, mal come. Eu não quero mais te ver assim!

— Mãe, por favor... — eu tento.

— Me diz, o que está acontecendo?

— Eu estou grávida. — as palavras pulam para fora dos meus lábios sem que eu sequer possa pensar muito.

Eu não consigo pensar.

A minha mãe vacila, o rosto confuso. Ela pisca algumas vezes, certa de que ouviu errado.

— O que? Acho que eu ouvi errado, querida. — ela da uma risadinha nervosa.

— Não, mãe. Você não ouviu errado. — eu respiro fundo, tomando coragem para repetir. — Eu estou grávida. — a minha voz quebra em milhões de pedaços.

— Grávida?

Fecho os olhos e abaixo a cabeça.

— Como, Anastásia? Como assim grávida? — eu soluço. — Meu Deus! Como você deixou isso acontecer?! Deus!

Eu não consigo dizer mais nada.

— Nós sempre conversamos tanto, eu sempre conversei sobre os métodos contraceptivos! Queria fazer sexo? Ótimo, mas que se cuidasse! — ela diz alterada. — Você sabe que eu sempre fui muito aberta em relação a isso, sempre conversei para que algo assim não acontecesse antes da hora certa! Deus, você é muito nova!

— Mãe, desculpa. — levanto a cabeça. — Aconteceu. — as lágrimas borbulham nos meus olhos.

— Aconteceu, Anastásia? Isso é sério? Anastásia, você tem ideia disso?

A minha mãe esfrega o rosto. Ela está visivelmente decepcionada.

— O que o Christian diz sobre isso?

Não respondo. Viro o rosto.

— Anastásia! O que o Christian diz sobre isso?

— Eu não contei pra ele. Eu não quero ver o Christian, mãe. Eu não quero que ele saiba.

Eu não quero que ninguém saiba.

— Eu já percebi que você não quer me falar o que aconteceu entre vocês, mas agora, isso é muito maior do que qualquer coisa. — a minha mãe senta na minha cama. — Deus, filha. Você é tão nova. — os olhos da minha mãe ficam marejados, e eu me sinto ainda pior por estar decepcionando ela dessa maneira e fazendo ela chorar assim.

Eu sou horrível.

— Por favor, mãe. Desculpa. Eu juro que não queria que isso tivesse acontecido, se eu pudesse eu voltaria no tempo e mudaria tudo. — eu daria um jeito dessa história toda nunca se tornar realidade. — Me desculpa, por favor. Eu juro.

A minha mãe me puxa para um abraço, deito a cabeça no seu ombro.

Ela beija a minha testa.

— Tudo bem, estou aqui com você, querida. Você é jovem demais, e as coisas não deveriam ter acontecido assim, mas já aconteceu, eu sou a sua mãe e sempre vou te apoiar. — a minha mãe diz de uma forma tão maternal, que eu quase acredito que tudo vai ficar bem.

***

A minha mãe acaricia o meu rosto. Estou deitada no seu colo. Chorando em silêncio.

— Você precisa contar para o seu pai.

— Mãe, não. Por favor.

— Anastásia, o Raymond precisa saber. Você não pode esconder isso. O seu pai tem o direito de saber.

— Não, mãe. Eu não consigo. O papai iria odiar isso. O Christian está envolvido.

A minha mãe respira fundo.

— E você também precisa contar ao Christian, ele tem responsabilidades a cumprir.

— Eu não quero que o Christian chegue perto de mim. — eu respondo quase que instantaneamente.

— O que aconteceu entre vocês? Você parecia tão feliz, querida. Se ele fez alguma coisa...

— Não, mãe. Tudo que nós fizemos foi com o meu consentimento. O Christian não me forçou a nada.

Eu que fui burra e transei com ele.

Burra e idiota.

— Mas ele te magoou de alguma forma, eu consigo ver nos seus olhos. Eu sou a sua mãe, você pode se abrir comigo. Não guarda pra você, querida. — a minha mãe de uma forma tão acolhedora que eu até poderia reconsiderar, mas não, não há o que reconsiderar, eu tenho repulsa de toda essa história.

— Não, eu não quero. — Eu nunca vou contar nada.

Eu tenho tanto nojo.
Tanto nojo de mim.











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