Capítulo 39

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Anastasia

Me ajeito melhor na cama.

A doutora Greene determinou repouso absoluto pelos próximos dias, para ter certeza de que está tudo bem comigo e principalmente com o meu bebê.

Agora que estou enxergando as coisas de uma outra maneira estou me sentindo melhor, já consigo comer sem sentir tanto enjoo, consigo dormir melhor, e também não estou tão ansiosa quanto antes.
As conversas com a minha mãe e as vindas das minhas amigas aqui em casa têm me ajudado muito.
Quando eu for liberada do repouso vou começar a fazer terapia.

Vai ficar tudo bem.

Respiro fundo.

O único ponto que me incomoda é o meu pai. Ele não aceita a gravidez, na verdade ele não me aceita mais como filha, mal olha na minha cara, não dirige mais a palavra a mim e me ignora, ele sequer se importa se está tudo bem ou não comigo, é como se eu não existisse mais pra ele, e isso me machuca tanto...

Batidas na porta do meu quarto me fazem ficar atenta.

— Posso? — Grace pergunta enfiando o rosto para dentro do quarto.

Concordo, ainda surpresa por ela estar aqui.
Nós não nos falamos desde tudo o que aconteceu, mas eu sei que ela e a minha mãe andam conversando.

— Como você está, Ana querida?

— Estou bem, Grace. Obrigada.

— E o bebê?

— Está tudo bem com o meu bebê. — ela olha para a minha barriga, ainda plana.

Grace sorri e se aproxima da minha cama.

— Nós mal podemos conversar, tudo estava uma bagunça... E depois do que aconteceu preferi te dar algum espaço para podermos ter uma conversa com calma... Se você estiver se sentindo bem, gostaria que o momento fosse agora.

— Sim. — concordo. — Por mim tudo bem.

Grace respira fundo e demora um tempo até começar a falar.

— Eu conversei já com a Carla, e quero participar dessa gravidez. É o meu neto, um Grey.

— Grace, vocês não precisam obrigar o Christian. — eu não quero aquele idiota perto de mim, e pior, por influência dos pais dele. Depois do que o Christian
fez eu não quero mais nenhum tipo de proximidade.

Ele foi baixo, em todos os níveis.
As palavras dele me machucaram mais do que qualquer outra coisa.

Aquela aposta nojenta.

— Eu...

Ela me interrompe.

— Anastasia, não é sobre o Christian. O meu filho fez a escolha dele. Carrick e eu estamos fazendo a nossa ao querer sermos presentes na vida do nosso neto. Essa criança é sangue do nosso sangue, cabe a nós cuidar e zelar pelo seu bem-estar. — ela põe a mão gentilmente sobre a minha barriga. — Queremos reconhece-lo como nosso neto, e queremos participar ativamente da vida dessa criança. Não posso negar que estou muito feliz em ser avó, apesar das circunstâncias. — Grace me puxa para um abraço. — Pode contar conosco.

Deito a cabeça no seu ombro, agradecendo.

***

— Trouxe o seu jantar, querida. — mamãe entra no meu quarto com uma bandeja.

— O cheiro está ótimo, mãe.

— Fiz aquela macarronada que você adora. Chega de comer só sopa.

Ela coloca a bandeja no meu colo. Como um pouco da macarrona, e realmente está divina.

Depois que a Grace foi embora, dormi praticamente a tarde toda. Eu estou sentindo sono como nunca senti antes.

— Ana, eu estava pensando e... Na verdade eu venho pensando nisso a um tempo... — ela olha pra mim. — Recebi uma proposta para dar aulas em Harvard, e agora estou pensando seriamente em aceitar...

— Mãe, que incrível! — sorrio. O sonho da minha mãe sempre foi Harvard.

Mas espera...
Boston.
Ela teria que ir para Boston.

Eu franzo o cenho.

— Mãe, Boston? — eu sinto o meu coração palpitar mais rápido só com a remota possibilidade de ficar aqui em Nova York.

— Sim, Boston. — ela percebe o meu desespero. — E obviamente você iria comigo. Eu estava falando sério quando disse que estou aqui, filha. Nem pense que eu te deixaria aqui.

Respiro aliviada.

— Lá você poderia concluir a sua faculdade e ter o seu bebê em paz, longe de todo esse caos.

— Mas e o meu pai? — sussurro. Por mais que isso tudo esteja acontecendo eu não gostaria de me afastar do meu pai.

Ele ainda é o meu pai que eu tanto amo.

Minha mãe respira fundo.

— Seu pai e eu não estamos no nosso melhor momento, não reconheço mais o homem com quem estou casada... Talvez seja hora de nós duas nos afastarmos de toda essa confusão, pelo menos temporariamente.

Eu nunca pensei em sair de Nova York, assim como também nunca pensei em estar vivendo nessa bagunça que estou agora...

Respiro fundo.

— Mãe, eu vou onde você for. — ela sorri.

Mamãe tem me dado todo suporte que eu preciso. Ela tem me acolhido da melhor forma, e o por isso os meus pais brigam todos os dias, as coisas ficam tão sérias que o Ethan precisa intervir, o meu pai anda muito agressivo, porque sai para beber todos os dias e chega em casa completamente bêbado e áspero. Eu me sinto mal porque sei que isso tudo é por minha causa.
O casamento dos meus pais está em crise, como nunca antes. E eu sinto que se as coisas continuarem assim, vai ser o fim do casamento de quase vinte e quatro anos.

— Então parece que nós vamos para Boston. — sorri. — Agora come porque o meu netinho precisa ser muito bem alimentado.

***

— Oi. — o meu irmão entra no meu quarto.

— Oi. — eu franzo o cenho ao perceber que a sua mão está enfaixada. — O que aconteceu?

Ele da de ombros e se senta do meu lado.

— Eu tive que dar uma lição naquele idiota.

Eu demoro um tempo para perceber sobre quem ele está falando.
Arregalo os olhos.

— Depois do que ele te fez, era o mínimo que ele merecia.

— Mas Ethan...

— Não, Ana. Eu não posso aceitar o que aquele babaca está fazendo com você, o que ele fez com você. Não é justo. Ele foi um covarde filho da puta.

— Não quero que você se prejudique por minha causa.

— Ele mereceu. Eu sou o seu irmão mais velho, é minha obrigação te proteger e cuidar de você... Principalmente agora.

Abaixo a cabeça.

O meu irmão se aproxima e senta do meu lado.

— A minha mãe me contou. — eu olho pra ele. — Que vocês duas vão pra Boston.

— O que você acha?

— Que é a melhor coisa que vocês podem fazer, vocês precisam sair daqui mesmo. Depois de tudo que aconteceu... Ainda tem o bebê.

— O bebê. — suspiro.

— O meu sobrinho, que eu tenho certeza que vai ter a mãe mais incrível. — ele sorri e beija a minha bochecha. — E eu vou ser o tio mais legal.


















{...}

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