Capítulo 42

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Christian

Esfrego o rosto e jogo mais um papel na pilha de papéis.

Desde que comecei a estagiar para me sustentar tudo mudou, eu não moro mais com os meus pais a uns meses, o meu pai me expulsou de casa.
O ambiente já estava insustentável, mas quando nós brigamos ele definitivamente me expulsou de casa.
A minha mãe não interviu, de fato ela fez o que disse que faria, ela não me apoiou. O que tornou tudo ainda mais radical.

Tenho o meu apartamento, tenho o meu carro, e algumas ações no meu nome, o meu pai sempre foi muito insistente sobre educação financeira e em garantir que eu e os meus irmãos tivéssemos alguma consciência sobre o valor do dinheiro, então ele nos deu algumas ações a alguns anos.
E eu ainda tenho um bom dinheiro guardado.

Mas porra, não é a mesma coisa.

Eu sinto falta da minha antiga vida sem muitas preocupações, sinto falta da casa dos meus pais, sinto falta de ter pessoas fazendo coisas simples pra mim como cozinhar ou lavar as minhas roupas...

Tudo mudou de uma hora pra outra na minha vida, e isso é foda.

Eu fiz muitas coisas erradas, eu tenho consciência disso, e eu me arrependo pra caralho. Todos os dias. Não porque eu deixei de ter a vida que eu tinha antes, mas porque eu sei que nada que eu fiz valeu a pena. Eu decepcionei a minha mãe, a minha irmã. Eu fodi com a minha relação com a minha família. Eu magoei muitas pessoas.

Porra.

Eu fui burro.

***

Eu mordo a torrada que eu mesmo fiz. Tive que aprender a me virar na cozinha também. Ainda não ganho tão bem pra contratar sequer uma diarista.

A campainha toca. Me levanto e abro a porta.

— Mãe? — eu não consigo esconder a surpresa e a euforia de ver a minha mãe depois de tanto tempo. — Entra. — ela entra, fecho a porta.

Ela olha séria pra mim, os olhos ficando marejados.

— Eu quero que você me fale a verdade. — ela diz duas oitavas mais alto do que o seu tom de voz habitual. — Você realmente fez isso, Christian? Você realmente apostou com os seus amigos sobre... Você fez isso mesmo?

Porra.
Não era pra minha mãe saber sobre isso. Nunca.

— Mãe...

— A verdade, Christian!

Respiro fundo.

— Sim... Mas eu sei que eu não deveria ter... — ela me cala com uma bofetada.

Esfrego a minha bochecha.

— Eu não acredito nisso.

Abaixo a cabeça.

— Quando eu ouvi o Elliot falando isso eu não pude acreditar, e eu queria tanto que o seu irmão estivesse enganado, eu ainda tinha esperanças de não ter falhado tanto na sua criação. Eu não consegui te criar um homem que honra as calças, Christian.

— Mãe...

— Apostar com os seus amiguinhos se você consegue ou não levar uma mulher pra cama é baixo, Christian. Em tantos níveis que eu até sinto nojo. Foi a Ana! A melhor amiga da sua irmã, a menina que tem a idade da sua irmã!

— Mãe, eu me arrependi. De verdade. — me atrevo a olhar pra ela. — Eu até queria conversar com a Anastasia, queria pedir desculpas por tudo...

— Não. Você quer se livrar da culpa. Quer sair como o bom moço na história. Você acha que assim o seu pai iria reconsiderar.

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