Capítulo 27

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Anastásia

       Eu estou enojada e esgotada de tudo. Eu não aguento mais olhar para a cara do Christian durante todos os dias da eletiva. E isso está acabando comigo. Ver o quão cínico e egoísta ele consegue ser acaba comigo.

Eu simplesmente não consigo olhar para o Christian e não lembrar de tudo. Gostaria de não vê-lo nunca mais. Mas eu não posso simplesmente abandonar o projeto por causa do Christian, ele não merece que eu deixe um projeto tão incrível, eu lutei para entrar nisso e pretendo ir até o fim. Eu não posso deixar que essa história toda me abale, pelo menos não mais do que tem acontecido nas últimas semanas.

***

Prendo meus cabelos em um coque alto e faço o meu caminho para a cozinha.

— Bom dia, Eva.

— Bom dia, Ana! — Eva sorri. — Acabaram de sair do forno. — Eva me estende um prato de cookies.

— Estou sem fome.

Eu não estou conseguindo me alimentar direito...
Eu simplesmente não consigo.

— Tudo bem, minha menina? — pergunta preocupada. — Você está tão tristinha, e isso não é de hoje. O que aconteceu?

— Coisas da faculdade. — tento sorrir. — Não aconteceu nada.

— Que tal um cookie pra deixar a sua manhã mais doce? Fiz aquela receita que você adora.

Eu olho para os biscoitos e viro o rosto rapidamente. Não estou com a menor vontade de comer nada agora.

Nego com a cabeça.

— Tem certeza? Você está tão pálida. — ela insiste preocupada.

— Eu não quero, Eva. Obrigada. — tento sorrir. Fico de pé. — Cadê os meus pais?

— Saíram cedo. O seu irmão também. — Eva continua com o olhar preocupado.

— Tudo bem, Eva. Vou para o meu quarto estudar um pouco.

Saio da cozinha e faço o meu caminho para o meu quarto. Eu só consigo me distrair assim, estudando. E eu me sinto mais idiota por estar tão melancólica e sentindo tanto tudo o que aconteceu, mas eu não consigo simplesmente ignorar isso e voltar a ser a mesma de antes. Já se passaram semanas desde que eu descobri como o Christian brincou comigo e nada mudou, eu continuo sentindo o choque de tudo, como no primeiro dia, mas pior.

Fecho a porta do quarto e me sento na cama. Só de pensar nessa história toda me sinto tonta. Esfrego o rosto respirando fundo.

Pisco um par de vezes para tentar afastar as lágrimas.

— Não Anastásia, você não vai mais chorar. — eu digo para mim mesma.

Eu sou uma imbecil.

Eu não deveria deixar isso me abater, essa história além de estar acabando com a minha saúde mental está acabando com a minha integridade física.
Mas eu não consigo me perdoar, eu deveria ter prestado atenção nos sinais, em como eu estava deixando tudo acontecer.

Eu deixei isso acontecer, deixei que a paixão idiota me cegasse. Deixei o Christian me usar como ele quis.

As cenas do Christian com a Leila, os dois desfilando e se engolindo pela faculdade estão acabando comigo.

Corro para o banheiro. Me debruço no vaso vomitando até o que eu não tenho no estômago. Meu corpo treme. Quando não tenho mais o que vomitar, me levanto e dou descarga. Molho o rosto com a água gelada, e respiro fundo para afastar o enjoo.

Chega, Anastásia.
Isso não pode mais acontecer.
Eu não posso mais deixar isso acontecer.

***

— Inclusive, gostei muito da sua análise do artigo da semana passada, Anastásia. — o professor Jones diz me olhando. — Suas análises sempre são espetaculares, mas a da semana passada foi a melhor, sem dúvidas.

— Obrigada, professor. — sorrio sentindo o meu rosto corar. O elogio aquecendo o meu peito.

— Parabéns, Ana. — Hannah se inclina e sussurra com um sorriso nos lábios.

O professor diz mais um par de coisas antes de sair da sala.

Quando me levanto tudo gira a minha volta.

— Uou, Ana. Cuidado. — José segura a minha cintura impedindo que eu caia.

José me ajuda a sentar e puxa uma cadeira para sentar perto de mim.

Aperto os olhos e respiro fundo. Esfrego as minhas têmporas com os meus dedos, respiro fundo.

— Obrigada, José.

— Tudo bem?

Concordo afastando os meus cabelos do rosto.

— Sim, tudo bem.

O meu corpo definitivamente está me cobrando por tudo o que aconteceu nos últimos dias.

— Tem certeza? — José insiste.

— Sim, tudo bem, José. Obrigada pela preocupação. Já estou bem.

— Você quer uma água? — nego. — Quer que eu te acompanhe? — volto a negar. — Então já vou indo, preciso passar na biblioteca. — concordo. — Pode me mandar mensagem se precisar de alguma coisa, Ana. — ele agarra a mochila e sai da sala me deixando sozinha.

José eu nos aproximamos um pouco depois de precisarmos fazer uma análise de artigo e uma pesquisa juntos. Ele é um cara legal e muito dedicado.

Quando me sinto menos indisposta me levanto saindo da sala.

— Parece que você já está saindo com outros né. — é o Christian.

Que porra ele está falando?

— Não aceitou as minhas desculpas, mas anda saindo com outros. Engraçado.

Eu ignoro a provocação e tento passar. O Christian entra na minha frente.

— Sai! — é a única coisa que consigo dizer, estou tonta, enjoada e não tenho energia nenhuma pra isso agora.

— Espero que esse idiota não enfie besteiras na sua cabeça. — eu olho pra ele sem entender. — Não quero que você fale nada. E você sabe do que eu estou falando.

Não acredito que ele vai voltar a esse assunto agora.

De novo não.

Eu não aguento mais.

— Sai, Christian. Me deixa em paz, eu não te devo satisfações da minha vida.

— Você não pode foder comigo assim. — ele tenta segurar o meu braço. Dou um passo para trás. Não quero que ele sequer encoste em mim.

— Cala a boca! Christian, você é tão egoísta! — eu explodo, me afastando ainda mais dele. — Eu quero que você fique longe de mim, me esquece!

Eu viro as costas para ele.
Ignoro o Christian e corro para longe.

Eu preciso destruir essa história toda dos meus pensamentos. Eu quero acabar com isso.
Chega de Christian.
Chega de pensar sobre aquela aposta baixa.








{...}

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