Com um recipiente na mão, Gen entrou em casa com seus olhos atentos a procura de uma única pessoa, sua irmã. Havia recebido a notícia de que Rosa tivera uma manhã difícil e restava para si, lidar com isso da maneira em que sempre lidou... Acolhendo-a.
Rosalinda era diagnosticada com epilepsia e sempre que esse nome é citado, nós associamos erroneamente a alguém que pode cair a qualquer minuto debatendo-se no chão. É certo que realmente pode acontecer, mas também existe a parte da patologia com as crises de ausência onde se é esquecido de muitas informações e das paralisações onde a pessoa acometida por essa doença torna-se não verbal. E claro, também existe a parte onde esse ser humano tem uma vida e uma rotina.
Genevive, como boa entendedora de assuntos do tipo, discordava em partes do diagnóstico, porém apesar de ser aberta, ainda não sabia identificar se aquela discordância vinha de uma negação a realidade ou de uma análise mais profunda do lugar de alguém que conviveu e observou Rosa desde que ela veio para o mundo até então.
Acreditava até que sua irmã pudesse ter a epilepsia de fato, mas que não era somente ela. Talvez existisse também um transtorno delirante persistente ou qualquer outro que também moldasse o comportamento dela. E mesmo assim, ainda cogitava ter algo além disso, porque na sua cabeça não era tão possível assim descrever situações delirantes com uma riqueza de detalhes absurdas.
Desde a sua infância Rosa falava de uma mulher chamada Madalena que de início pensaram que só seria uma amiga imaginária, mas Genevive durante o seu crescimento e entendimento sobre a própria sexualidade, foi a primeira a ter certeza de que algum dia a irmã surgiria com o assunto de que é apaixonada por essa tal moça ou que com o tempo acabou caindo de amores por ela. Sabia descrever como era exatamente cada detalhe do corpo da sua amada, sabia também citar os defeitos que lhe irritavam e ainda falava dela no passado, não demonstrava como se “vivesse” com ela, mas sim que precisava encontrá-la novamente.
Era muito tempo lidando com isso, mas Gen ainda estava aprendendo a manejar, às vezes se culpava por ser grosseira com a irmã por ela não ter mais outro nome que pairasse em sua boca a não ser o de Madalena, mas às vezes escutava tudo tão atentamente porque se sentia envolvida por aqueles momentos em que a mulher descrevia com tanta memória e afeto.
Não era preciso dizer que o nome de Madalena também, na maioria das vezes, era o causador de boa parte das convulsões de Rosalinda, ou melhor, das crises de ausência, ou de quando ela paralisava e voltava para a realidade já trazendo o nome da mulher para falar sobre novamente.
— Meu bebê? Cheguei. — Chamou-a pelo apelido de costume, principalmente em crises. — Cadê o meu bebê? — Semicerrou os olhos encarando a sala e depois ergueu as sobrancelhas, agora sabendo exatamente o que falar. Iria atrai-la pela barriga. — Eu trouxe uma fatia de torta lá do Aurora’s, se você não aparecer, vou comer sozinha. — Insinuou se jogando no sofá e abrindo a embalagem propositalmente.
Em questão de segundos, Rosa apareceu saltando o sofá e tomando a embalagem da mão da irmã, enfiando sua colher na torta e se deliciando com o primeiro pedaço.
— Que saudade de você. — Se sentou bem próximo a ela e passou um braço por cima do ombro, dando um beijo no topo da cabeça da mulher que rapidamente foi devolvido com um beijo na bochecha. — Manhã difícil demais essa?
— Não tanto, foi uma crise de ausência, fiquei quieta olhando para o nada quase todo o dia. — Explicou, porque além de saber sobre sua patologia, Rosa também sabia lidar com ela.
— É? E como você se sente agora? — Fazia carinho nos cabelos dela.
— Estou bem, até estudei durante o restante do dia. Não se preocupe. — Sorriu brevemente, seguindo a comer.
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Quer se divertir? É só mandar uma mensagem. - Lésbico.
RomanceGarcía; 1. Se você foi aprovado, se alegre, eu sou extremamente seleta com quem deixo me seguir. 2. Apenas mulheres são bem-vindas. 3. Não adianta, eu não vou te contar meu nome independente do quanto você insista. Uso de um pseudônimo e só atendo...