Lulu.

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Antes da psicóloga entrar na sala para visitar o penúltimo paciente pela última vez, agora em sua devida cela ainda que ela estivesse aberta porque era hora da alimentação, Jesebel apanhou Genevive pelo punho e a puxou para mais perto. Era um sinal, tinha um aviso para dar.

— Esse caso é uma exceção. — Informou preparando-se e tirando seu jaleco com o nome que a identificava. A psicóloga entendeu o recado e também fez o mesmo. — Eu preciso... — Pigarreou. — Preciso. — Repetiu a palavra. — Eu preciso que você esteja extremamente atenta a nossa conversa de agora. — A encarou profundamente para que a moça compreendesse a seriedade do caso. — Quero que você assista de longe e só entre na conversa se for solicitada, se eu permitir. Entendidas?

— Entendidas. — Genevive confirmou, nervosa já.

— Eu tô pedindo isso não é porque eu não confio no seu potencial, você sabe que confio. — Salientou para que ela não levasse para o lado pessoal. — É porque eu acompanho ela há anos e eu desenvolvi um jeito de dialogar que é preciso de manejo, e atenção. Um vacilo, você a perde totalmente. — Observou a psicóloga engolir em seco. — Já passei por poucas e boas com ela. — A puxou para mais longe da cela, para os fundos do corredor. — Observe os codinomes, caso eu lhe permita entrar no diálogo. Se ela se referir a mim como "parceira" ou coisas do tipo, preciso que interprete conforme a essa realidade.

— psiquiatra já compreendi. — Tentou tranquilizar a mulher.

— Por favor. — Repousou as mãos nos ombros dela. — A paciente é muito esperta, é capaz de jogar você na conversa justamente para te testar e consequentemente me testar junto. Preciso que seja tão ágil quanto caso seja necessário. — A assistiu assentir. — Lucia é uma paciente que tem esquizofrenia, que se mostrou através de um processo extremamente traumático. — Preferiu por fazer um resumo. — Ela vive em delírio constante, justamente porque a situação foi bem difícil. Enfim... Ela responde por homicidio qualificado. Só que a vítima que ela matou, como Lucia diz, é a pessoa que ela mais amava no mundo inteiro. — Soltou a frase justamente para que Gen compreendesse de fato o peso. — Em suma, ela era atendente e tinha altas cargas de estresse, acaba que seu humor segue bem instável até hoje. Ela tem como verdade que está presa em um lugar onde ninguém a suporta e que irão testá-la de inúmeras formas inimagináveis e desumanas, portando precisa avisar ao governo que isso está acontecendo porque existem pessoas em sofrimento aqui que ela precisa salvar. Eu sou a parceira de fuga dela e nós estamos bolando algum tipo de plano para que isso seja possível. — Desceu suas mãos para as mãos dela e apertou. — É uma história muito cheia de emaranhados e agora não há possibilidade de explicar como chegamos ao ponto em que estamos, mas Lucia é uma paciente agressiva e justamente por suas crises de raiva, reage.

— Tudo bem, Jesebel. — Respondeu tentando manter a tranquilidade.

— Meu objetivo aqui é saber qual o nível de lucidez em que ela está. Faz pouco tempo em que fiz uma intervenção e a entreguei a verdade nua e crua de tudo que aconteceu, sobre quem ela era e o que ela fez, justamente para tentar trazê-la minimamente para realidade para que pudessemos ao menos ter contato de dialogar e de acompanhar essa lucidez. Foi um ato totalmente arriscado e é por isso que eu tô fazendo esse alarde todo para lhe contar de uma paciente. — Coçou a cabeça, pensativa. — Eu abaixei a dosagem de medicação para fazer todo esse processo, mas a agressividade dela consequentemente aumentou e está em níveis de que se ela não reagir a todo essa intervenção, infelizmente não tem como manter assim, vou precisar aumentar novamente. — Expressou em tristeza. — Não foi minha última cartada, não foi a cartada final, sabe? Porque eu vou repetir esse processo quantas vezes for preciso por Lucia. — Se mostrou persistente. — Como não podemos tomar o lugar do paciente e querer que ele reaja, me resta esperar. Esperar o tempo dela e do organismo dela, e oferecer os aparatos necessários sempre.

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