Todo enredo tem seus altos e baixos.

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Pelo costume, sabendo que havia sido permitida a entrar, alvoroçada invadiu a casa, colocando suas bolsas no chão e por fim pendurando seu jaleco.

— Boa noite, boa noite e boa noite. — Disse em voz alta andando pelo local até ter toda a visão do sofá.

Elizabeth logo fez um sinal de silêncio ou para que a psicóloga falasse mais baixo, porque estava com o busto em seu colo a amiga que dormia. Ela não aparentava estar tão legal corporalmente e por isso era ninada pela loira que tinha muito cuidado no ato, com uma toalhinha limpava o suor que aparecia em sua fronte e nuca, mas a moça tremia apesar de trajar uma calça folgada e um top.

— Boa noite. — Gen sussurrou dessa vez. Não foi  uma surpresa imensa porque infelizmente tinha contato com aquele tipo de situação, porém logo sentiu o coração se comover e precisou abaixar para dar ao menos um cheirinho na cabeça da morena que estava adormecida. — A benção, Beth. — Pediu em educação, como toda vez que se viam alguém do axé ou que via um irmão de santo.

— Que nossa mãe Iemanjá te encha de bençãos. — Respondeu ao pedido dela, referindo-se s orixá que regia a cabeça das duas. — A benção. — E também o devolveu.

— Que pai Oxóssi te abençoe. — Desejou em serenidade. — Cadê Lila? — Seu interesse maior era na cônjuge de Elizabeth.

— Ela foi pegar algumas coisas lá em cima, nestante desce. — Justificou a ausência, seguindo a ninar a morena.

— E o que aconteceu com Attena dessa vez? — Perguntou com um cenho franzido, mas não em expressão de dúvida, mas de tristeza.

Sentou perto dos pés da moça grande adormecida e começou a fazer carinho nela, a fim de trazer qualquer tipo de conforto a mais para a situação tão agonizante como aquela.

— Ela apareceu aqui toda feliz, com um casaco novo. Disse que uma moça bonita quem deixou cair "sem querer" e ela gritou horrores, mas a moça seguiu caminho, apesar de ter ido atrás, não a encontrou. — Começou a contar a história  com calma. — Mas aí enquanto contava pra gente, do nada começou a tremer e foi piorando, piorando, piorando, até que jogou o casaco longe e começou a sufocar. — Deu de ombros mostrando que as causas para aquilo também lhe eram desconhecidas. — Aí vinheram frases desconexas, dizendo que tinha terra no rosto e que não conseguia respirar, que sentia um peso muito grande no peito. Depois veio a sensação das formigas e de ser picada por elas, em seguida começou a afirmar que estava enterrada viva.

— Meu Deus do céu. — Genevive se assustou com as falas, sentia o coração acelerado.

— E aí tu imagina, né? A luta que foi minha e de Dalila pra tentar trazer ela de volta, pra mostrar que ela estava com a gente, que podia respirar tranquila. Foi tenebroso porque Dalila dizia que tinha algo rondando, parecendo feitiço antigo e muito bem feito. — Suspirou profundamente arrumando os cabelos pretos de Attena, para que sua nuca pudesse receber vento também. — Attena começou a querer falar dessa tal moça, a gente instigava e ela dizia que não se recordava mais de como eram os traços dela. No meio da agonia Attena começou a ficar cada vez mais lerda e sufocada, em seguida falava algo do tipo "Eu prometi a ela que ia voltar", "Eu não voltei, eu morri".

— Coisa de vida passada, certeza. — Assentiu veemente, impactada com o relato.

— Logo depois ela bolou, virou no santo e não foi nem Oyá, quem desceu dessa vez foi Obaluaê. — Explicou em como era alarmante a situação e rapidamente fez Genevive se acalmar um pouco mais, era a concretização de que sua amiga agora estava em ótimos cuidados.

— Cuidador dos enfermos, né? Viu a filha sentindo dor e veio logo pra salvar. — Não evitou sorrir ao falar do orixá.

— Exatamente. — Beth concordou com o mesmo sorriso observando o rosto que apesar de inteiramente suado, estava sereno. — Dalila cuidou dele direito, mas ele não ficou muito tempo, acabou por deixar o erê até que ela melhorasse. Aí o menino falou que ela estava sentindo dor, que o "paizinho" não queria ela sentindo dor e que ele ficaria até passar.

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