Havia verificado o relógio a pouco tempo e concluiu que era hora de dormir, estava decidida a isso, afinal já era madrugada. Tinha tirado um cochilo antes do jantar e teve um pesadelo horrível, que lhe causou uma crise de pânico das grandes.
Estava sendo difícil o estágio de pegar no sono, deixar-se ser vulnerável naquele momento e não ter controle sobre o ambiente ao seu redor, lutava contra ele sempre que possível. Sua cabeça constantemente era invadida pelo barulho ensurdecedor dos disparos da pistola que estava na mão de Vicent e então reacessava o momento em que encarava Lorena sendo acertada, da quentura do sangue respingando até em seu rosto e do impacto da cabeça dela batendo em seu ombro.
Entrava num ciclo, sentia o peso, sentia a dor. O membro havia caído com tudo por cima do seu ombro, a pancada foi tão forte que criou um hematoma, esse que na hora do banho também lembrava e com a bucha vegetal que tinha acesso esfregou, durante uma crise, a ponto de arrancar sua própria pele fora, a fim de arrancar também aquela sensação horrorosa. Depois do impacto o rosto da prima também teria escorrido pelo seu busto, até ser parada debruçada por cima de Jesebel, recordava do desespero de ter um corpo sem vida, pesado, sangrando, encostado no seu.
O empurrou com tudo para o chão e mesmo depois de ter visto Lorena sendo assassinada, foi duro ouvir o impacto do cadáver, sem reagir, sem forças. Havia batido com o rosto no chão, caindo completamente desajeitada. A falta de reatividade assusta, porque convenceu mais uma vez a mente da psiquiatra que a prima estava morta. E ao levantar desesperada, encarando as próprias roupas, uma agonia tomava sua estrutura, revirava seu estômago e só fazia ela ter uma única reação possível, gritar, gritar até suas cordas vocais falharem, gritar pelo estado de choque, gritar pela situação, gritar para pedir socorro, gritar porque Vicent gritava para ela com uma pistola apontada para a sua cabeça.
Essas cenas repetiam diversas vezes durante o dia em sua cabeça, durante os dias no presídio, foi no banho, onde outras detentas precisaram invadir sua cabine, vendo-a completamente desnuda, e sem jeito para lidar com uma cena psicológica de automultilação por causa de um evento traumático, estapearam Jesebel até que ela parasse de reproduzir o comportamento de se arranhar e voltasse para a realidade.
O seu ferimento estava sendo cuidado com muito carinho por sua namorada, que havia notado ele desde o primeiro dia em que estava na casa dela. Genevive estava sendo uma grande parceira que deixava Jese em um misto de agradecimento por ter alguém tão bom ao seu lado, bem como com muita culpa por estar atrapalhando tanto a vida dela dessa maneira. Mexer com a rotina de sono, do trabalho, da relação com a família, com a sua realidade, com a rotina e entre outros âmbitos, lhe causava muita culpa.
E o pior, sempre que era acertava por uma crise de pânico, a realidade se distorcia e parecia estar vivendo novamente na situação, onde a primeira coisa que fazia era arrancar os curativos para voltar a se machucar na intenção de tirar, de alguma forma, aquela pressão que existia em seu ombro. Ainda que sua namorada fosse rápida o suficiente para não deixá-la fazer novamente as feridas, que por sinal tinham um ótimo processo de cicatrização, deixava Jese triste por infelizmente ver que a psicóloga precisava ficar em alerta o tempo inteiro... E ela bem sabia que ficar em alerta o tempo inteiro aumentava os níveis de ansiedade e estresse, afinal passava por isso na pele também, ainda que com motivos diferentes dos dela.
Naquela noite estava tentando não dar trabalho, porque já tinha dado no cochilo antes do jantar, estava medicada com seu remédio para crises e para a insônia. Genevive normalmente ficava acordada por um bom tempo e só dormia depois da sua namorada, mas estava tão cansada que assim que deitou, o sono lhe pegou e mesmo brigando com ele, não conseguiu resistir. A meta era deixá-la dormir pelo tempo que fosse necessário e por isso Jese lidou com suas tempestades internas, encarando o teto por um bom tempo, mas mudando para sua paisagem favorita, sua mulher, que ficava linda até ressonando.
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Quer se divertir? É só mandar uma mensagem. - Lésbico.
RomanceGarcía; 1. Se você foi aprovado, se alegre, eu sou extremamente seleta com quem deixo me seguir. 2. Apenas mulheres são bem-vindas. 3. Não adianta, eu não vou te contar meu nome independente do quanto você insista. Uso de um pseudônimo e só atendo...