Louquinha da cabeça.

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— Ouvi dizer que ela não está muito boa hoje. — Morgana fez questão de avisar antes da psicóloga ser permitida a entrar na sala da sua chefe.

— Até você? — Franziu o cenho, afinal a secretária da mulher sempre a defendia e sabia lidar muito bem com o mal humor dela. Se estava avisando, era porque a situação era séria. — Vou preparar meu psicológico então. — Conversava distraídamente, debruçada na bancada da moça.

— Preparar o psicológico pra quê exatamente? — Assustando a sua colega de trabalho, Mainá surgiu na conversa de surpresa, se posicionando logo atrás de Genevive e repousando uma mão nas costas dela. Acariciando levemente o lugar, dócil, enquanto a deixava em pânico.

— É... — A moça pensou em uma fuga, quase suplicando por ajuda a Morgana pelo olhar.

— Para o jogo de futebol nesse final de semana. — A secretária rapidamente jogou uma desculpa para a chefe que franziu o cenho e se afastou da psicóloga.

— Jogo? — Pendeu a cabeça para o lado.

— É, do time de futebol daqui. Você não sabia? Está no grupo. — Gen se direcionou a ela, encarando-a agora.

— Você sempre vai?— Ergueu as sobrancelhas, animando-se.

— Não, começarei por agora. — Respondeu com um sorriso breve no rosto pensando que realmente teria que comparecer ao evento dessa vez para não ser descoberta na mentira.

— Entendi. — Disse desconfiada. — Digamos que... Eu não tenho tanto interesse nisso. — Não era do seu feitio ficar torcendo para os homens que normalmente só arrumavam brigas e machucados durante quase todo o jogo. Era um ambiente estressante para si.

— Compreendo, você é uma moça muito ocupada. — Genevive soltou em uma quase alfinetada e recebeu outro olhar estranho da sua chefe.

— Hum... — Semicerrou os olhos abrindo a porta do seu escritório, queria questioná-la de fato sobre o que foi a declaração porque sentiu um tom diferente, mas nada o fez. — Vamos começar? — A chamou para entrar e recebeu um assentir. — Morgana, se possível só me interrompa se for algo muito urgente, tá bem? Não quero sair daqui hoje sem ter resolvido o que é necessário. Não posso ficar acumulando mais casos.

— Sim, senhora. — Ela assentiu de pronto, já sabendo o que tinha que fazer. Significava negociar novamente toda a agenda de Jesebel porque ela não tinha hora para acabar e não gostava de deixar as pendências resolvidas pela metade. Iria demorar.

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— Será que a gente pode só chegar a um consenso? — Pediu já sem paciência, arrancando seus óculos do rosto e jogando-os em cima dos papéis.

— É o que eu tô tentando fazer. — Gen se posicionou, cruzando os braços.

— E pelo visto está bem receptiva a novas opiniões, não é? — Ergueu as sobrancelhas, peitando-a e ouviu um riso debochado.

— Se você achou que contratou uma psicóloga que irá abaixar a cabeça em seus mandados por puro medo, achou errado. — Se recostou na cadeira e não tinha medo algum da sua chefe. — Estou brigando pelo meu paciente e pelo que é melhor para ele. — Defendeu seu ponto, indignada.

— Em primeiro lugar, seu paciente também é meu paciente. — Apresentou de maneira extremamente séria. — E em segundo lugar quem você acha que é para decidir o que é melhor para ele? Quem foi que te disse que o seu método de intervenção é o correto? Ninguém mais pode estar certo?

— Poder pode, mas esse alguém não é você. — Nem ela sabia que coragem era essa que havia vestido. — Quem eu sou? Eu sou a psicóloga dele. — A enfrentou mais uma vez.

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