Tirando casquinhas.

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A sensação de um novo dia começando poderia ser boa se não fosse a ansiedade que não cabia mais em Genevive. Depois do que havia acontecido com sua chefe, não sabia mais como agir na presença dela. Ensaiou por um bom tempo diversas reações e interações, pensou em como a trataria, se falaria com ela ou não, se a confrontaria novamente ou não, se a questionaria ou não, se tocaria no assunto ou não.

Não deu tempo nem de decidir, só sentiu o puxavão. Duas mãos agarraram seu corpo assim que ela virou o corredor, lhe puxaram para uma sala escura onde tinham medicamentos e quase nunca era usada. Sua face inteira franziu triplicadamente ao já notar um rosto invadindo o seu pescoço e o coração acelerou.

Logo o susto foi dando lugar ao desejo que precisou ser disfarçado, o cheiro do perfume foi reconhecido pelo seu olfato, os cachinhos que lhe tocaram e fizeram arrepiar, assim como a maciez da boca que lhe explorava a pele. Jesebel não estava sendo nada dócil, apelou para o corpo no corpo e colou suas cinturas, incendiando a psicóloga internamente que não esperava tanta atitude assim.

— Ei, ei, ei. — Precisou se pronunciar em meio aos beijos que recebia. Mais uma vez as mãos lhe apertaram e foi atacada por outro beijo que lhe fez fraquejar. — Eu queria muito saber quem te deu essa liberdade, porque eu certamente não foi. — Fugia dos selinhos que Jesebel tentava lhe dar, acabava os recebendo em todo o rosto. — Tá pensando que é assim é? — Virou a face para o lado, impedindo-a de iniciar um beijo de verdade.

— Tô. — Assentiu roçando a ponta do seu nariz na bochecha dela. — Se você tem liberdade para invadir a minha sala, ignorar meus compromissos, me prensar na mesa e me beijar. Eu também tenho os mesmos direitos. — Apresentou seus argumentos presando também Genevive na parede.

— Não vitimize seus atos, até porque foi por causa deles que fiz tudo isso. — Ordenou sem saber o que fazer, afinal sua maior vontade era se entregar a ela, mas não conseguia por causa do orgulho. — O que você fez foi errado a ponto de me revoltar para tal. — Deu de ombros.

— Ficou tão revoltada que não quis largar a minha boca. — Debochou em acidez, logo em seguida mordeu a bochecha dela. — Eu entendo.

— É, mas quem tá querendo repetir agora é você. — Acusou alfinetando-a também. Agarrou o rosto dela com uma mão só, a fim de ganhar controle da situação.

— Tô mesmo. — Admitiu sem nenhuma vergonha na cara, seus olhos chamegavam doidos por Genevive.

— É mesmo? — A psicóloga instigou e logo em seguida mordeu o próprio lábio em contenção as palavras e aos atos. O que fazia a psiquiatra sentir mais desejo.

— É mesmo. — Assentiu prensando mais o seu quadril no dela.

— Você tá querendo mais um beijo meu? — Roçava as pontas dos narizes, falando baixinho, totalmente provocativa.

— Eu tô. — Assentiu com um sorriso sacana no rosto, só esperando o momento em que poderia fazê-lo novamente.

— E é? — Gen provocou mais uma vez, desceu com suas orbes até a boca dela, sem disfarce.

— Uhum. — Deixava que a moça delineasse seus lábios com o polegar.

— Pois vai ficar querendo. — Conseguiu forças para fugir da tentação.

Corajosamente, revoltando a chefe, a psicóloga conseguiu se desvencilhar daquele contato intenso que tinham e saiu andando como se nada tivesse acontecido, deixando Jesebel de cara com a parede, praguejando-a de todo nome possível.

— Volta aqui, Genevive. — Ordenou cruzando os braços observando a moça rir divertidamente.

— Nem sempre a gente tem tudo o que quer. — Deu de ombros e dessa vez não olhou mais para trás.

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