No final, eu sou igual.

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— Hum... — Rosa soltou no meio do abraço apertado, quando sentiu ela repousar a cabeça em seu ombro enquanto se balançavam de um lado para o outro.

Fazia pouco tempo que Gen tinha chegado da viagem, parecia mais quieta e fechada, o que não funcionava para a irmã mais nova que sempre descobria o motivo para aquela mudança. Chegaram a conversar sobre alguns assuntos, mas ainda achava meio vazio e estranho que a psicóloga estivesse metida em conflitos como admirar a chefe e um término de um relacionamento que nem aconteceu, agora nem sequer voltasse a tocar nos assuntos, sendo que tanto uma pauta como a outra poderiam ter se desenvolvido em reviravoltas durante esse recesso.

— Notei você meio cabisbaixa. — Pontuou mostrando que era algo que havia percebido e não algo definido, torcia para que ela discordasse.

— Senti saudades, bebê. — Confessou se desfazendo do abraço e sentando no sofá. — Você é uma das únicas pessoas que não deixa minhas percepções confusas demais. — Desabafou como quem não queria nada, só saiu.

— Imagino que existam coisas que você ainda não me contou. — Refletiu sobre a frase, pegando a fatia de bolo de chocolate que havia deixado na geladeira, justamente para irmã.

— Deixe-me ver por onde começo. — Deu dois tapinhas no assento ao lado do seu, indicando que queria que ela sentasse ali. — A García voltou. — Revelou temerosa.

— Você sabe que eu não gosto muito dela, né? — Declarou revirando os olhos. Não tinha para onde fugir, Genevive era sua irmã e vê-la triste por aquela mulher lhe fazia sentir remorso da outra.

— Ela não fez nada comigo agora, digamos que tem respeitado meus limites. — Confessou querendo defender a companheira virtual. — Mas você não sabe da maior... — Rosa arqueou uma sobrancelha só esperando o baque, parou até de abrir a embalagem do doce. — Eu beijei na boca. — Contou meio envergonhada. — Eu fiquei com uma moça só que de uma maneira totalmente inusitada.

— Tenho até medo disso. — Disse desconfiada, semicerrando os olhos.

— Eu não a vi em nenhuma das vezes. — Soltou a bomba e tapou a face para não acompanhar a reação. — Ela conseguiu me atrair para um lugar escuro e acabou acontecendo sem nem sequer ouvir a sua voz... E foi bom, querida irmã. Foi muito bom o que a gente teve. — Fez questão de expressar também em sua face, adotando a infantilidade até.

— Deixou qualquer pessoa simplesmente te agarrar no escuro? — Rosalinda sobressaltou em um choque, grosseira e ríspida, quase que brigando com a irmã mais velha.

— Qualquer pessoa não. Ela. — Corrigiu se acuando no sofá. — Você sabe que eu tenho esses lance de energia.

— E isso foi longe demais. — Expôs seu pensamento em revolta, mas era pura preocupação. — Não é possível que só eu esteja vendo o quão absurdo é, Genevive.

— Não é pra tanto, Rosa. — Resmungou. — Em uma festa eu posso beijar qualquer tipo de boca que posso não conhecer a procedência e tá tudo okay? Mas não posso beijá-la no escuro?

— Tá, prefiro manter meus comentários guardados. — Deu de ombros, o que estava feito estava feito.

Mas toda a sua brutalidade era preocupação, afinal qualquer pessoa poderia se aproveitar de uma situação como aquela, estar no escuto significa estar vulnerável porque com a guarda baixa qualquer um pode te atingir. Era alarmante que uma mulher feita como Genevive não se preocupasse com tal, qualquer tipo de coisa poderia partir daquele ponto, a sua sorte era que realmente havia uma moça que gostaria mesmo de estar com ela e não um outro alguém totalmente maldoso.

— Se você deixasse eu continuar... — Insinuou e assistiu a moça fingir estar fechando o zíper da sua boca. — E não seja extremista. — Pediu com uma cara digna de pena. — Você me conhece. — Apresentou o fato e respirou fundo. — Eu gostei muito dela...

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