— Você está estranha comigo. — Gen citou franzindo o cenho e sentando na cadeira de balanço, os olhos não saíam de Rosa que estava parada em frente a lareira acesa.
Havia acordado não verbal, por mais que tentassem arrancar dela qualquer coisa, a mulher não falava por nada. Ela dava a atenção necessária aos seus questionamentos, mas informava por meio de gestos as suas respostas, como se sua bateria social tivesse acabado, como se realmente não conseguisse falar.
Por incrível que pareça, Gen acreditava que nesses momentos em que a irmã estava não verbal, eram os momentos em que ela mais estava em contato com sua espiritualidade, quando estava mais sensível e vulnerável, portanto sempre ficava próxima por puro instinto e síndrome de irmã mais velha, proteger acima de tudo.
— Não, é você quem está estranha comigo. — García acusou em um riso sincero.
Aos poucos Genevive estava entrando em contato com ela de verdade e nem sabia, a cada ligação ela abaixava mais o efeito que usava em sua voz e agora estavam em um ponto onde já não usava quase nenhum. Apesar de não saber desse ato, a psicóloga achou o jeito de rir bem familiar.
Existem coisas nossas que são únicas e uma delas, para muita gente, é a risada.
— Eu não. — Negou franzindo o cenho.
— Tá, nós duas estamos estranhas. — Soltaram na mesma hora sem que fosse combinado e acabaram se rendendo a uma gargalhada que surgiu. — Certo?
— Certo. — Precisou concordar porque não era nenhuma mentira. — Acho que precisamos conversar. — Soltou meio insinuativa, mexendo no próprio corpo para controlar sua ansiedade.
— Sim? — García ergueu as sobrancelhas. Ia até entrar no carro para seguir seu caminho do dia, mas desistiu e se recostou para ter tempo de conseguir um preparo psicológico.
— Primeiro, como você está? Está tudo bem contigo? — Recordou-se de que não havia questionado nada e que era importante saber, não queria tornar um dia ruim, pior ainda.
— Estava, mas devido ao peso que do nada tomou essa conversa, talvez eu agora esteja tensa. — Respondeu em sinceridade. — E com você?
— Tá tudo bem. — Gen assentiu chegando a um acordo em sua cabeça. Decisões difíceis precisam ser tomadas e é maduro lidar com as consequências delas, mesmo que essa consequência seja ficar sem alguém que irá lhe fazer muita falta.
— Então podemos prosseguir. — Instigou mostrando sua ansiedade em saber o que ela pensava.
— Querida, García. — Balbuciou e logo depois deu uma respirada profunda. — É muito bom agora saber que você é poliglota, que tem tatuagens na pele apesar de nunca ter visto, que teve uma infância difícil, que você é altamente alérgica a amendoim e uma amante muito grande de café sem açúcar, entre outras várias informações. — Listou as que se recordava de início para mostrar que sempre esteve muito atenta as conversas. — Nós concordamos em vários pontos de pensamento e acho que iremos agora concordar em mais um.
— Sim? — Foi o que conseguiu falar, tentando acalmar sua ansiedade.
— Nós nos distanciamos novamente. — Pontuou e em seguida respirou em alívio como quem havia tirado um peso grande das costas.
— Sim. — Concordou assentindo com a cabeça como se ela estivesse vendo.
Não era mentira, De Lucca estava coberta de razão. O distanciamento das duas aconteceu de uma maneira muito natural, não foi algo abrupto de uma hora para a outra, aos poucos os apelidos foram deixados de ser usados, as conversas diminuiram a frequência por causa do dia a dia e de não abrir mão de uma noite de sono bem dormida porque elas estavam fazendo falta, do assunto sobre sexo ser tocado de maneira natural sem nenhuma provocação e dos elogios terem diminuído a intensidade de atração. Seja por quaisquer motivos, aconteceu de ambos os lados. Porém, ainda assim, não significava que não existia aquilo que estava presente no início de tudo, a frequência só abaixou e deu mais lugar para o sentimentalismo do que para o erotismo.
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Quer se divertir? É só mandar uma mensagem. - Lésbico.
RomanceGarcía; 1. Se você foi aprovado, se alegre, eu sou extremamente seleta com quem deixo me seguir. 2. Apenas mulheres são bem-vindas. 3. Não adianta, eu não vou te contar meu nome independente do quanto você insista. Uso de um pseudônimo e só atendo...