A brisa.

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Se jogou no sofá em um suspiro, caiu ao lado da irmã, onde se aconchegou colocando a cabeça no colo dela e choramingando. Seus ombros e costas doíam, havia passado mais uma noite em claro por causa dos seus pensamentos agitados, já havia apelado para vários chás e até remédios para dormir, só que nada fazia com que Genevive descansasse de verdade.

Carinhosamente Rosa começou a mexer nos cabelos longos dela, compreendendo-a. Estava sendo um momento muito pesado para a irmã, ela consumia na maior parte do tempo tudo de informação que podia obter, sempre no celular falando com diferentes pessoas e na rotina de reuniões, junto a idas a delegacia. A última teria sido para depor, onde passou mais de uma manhã inteira lá e então não pode mais retornar.

O que acabava com a cabeça da psicóloga era a saudade junto a sua preocupação, além de precisar ser sigilosa, suas mães não sabiam sobre a verdade de fato e pensava bastante se contaria ou não, quanto menos pessoas descobrissem, seria melhor. Tinha ido a casa de Jesebel que estava inteiramente trancada, havia sido fácil de achar o notebook pois sabia onde sua namorada escondia as coisas, abaixo do colchão. O local já estava limpo, mas proibido a entrada de qualquer pessoa, precisou ser discreta e teve a ajuda da irmã mais nova.

Assim que estava com as mídias na mão, Rosa as assistiu porque Gen não tivera coragem de enfrentar sequências de imagens tão cruéis, por seguinte marcou um encontro com a advogada para tirar suas dúvidas, poderia ser pega pela polícia caso descobrissem que havia invadido um local que estava interditado, mas teriam um bom ponto para apresentar, já que a invasão fora feita por motivos maiores, a apresentação de provas que encerrariam investigações.

Caso descobrissem, teria sua carta na manga e já tinha conversado com a advogada para que ela saísse em sua defesa... Havia mais um ponto ao seu favor, a preguiça dos oficiais de justiça que descansaram diante do cenário óbvio e sobre a narrativa da prima ambiciosa para somente bater o martelo e colocar Jesebel como culpada. Qualquer luz vermelha identificadora de câmeras conseguiria encontrar as que estavam escondidas no apartamento, mas eles não acharam, o que dava a possibilidade de Genevive distorcer a história para não se prejudicar, afirmando que por causa da desconfiança da namorada com as atitudes de Lorena, colocou aqueles aparelhos escondidos e a deixou com o domínio do notebook que tinha acesso as filmagens.

Se a demora da entrega fosse pontuada, poderia jogar qualquer desculpa sobre o esquecimento ou nervosismo causado pela preocupação e choque com relação as notícias, o que realmente aconteceu. Afinal, se não fosse Maria Quitéria, talvez a psicóloga demorasse um pouco mais para lembrar daquele fato.

Por fim, Genevive decidiu guardar seus atos internamente, não contaria a ninguém sem que fosse da sua confiança e não que suas mães não fossem confiáveis, mas às vezes agiam por cima da razão justamente por causa da preocupação extrema. Poderiam ficar alvoroçadas ao descobrirem que a filha tinha invadido uma casa que estava interditada, somente para inocentar uma suposta assassina.

As imagens foram entregues a delegacia, junto com o pedido para que Jesebel respondesse em liberdade já que, de qualquer maneira, apesar de ter ameaçado Lorena com aquela arma, em uma legítima defesa, não tivera sido ela quem cometeu os dois homicídios. Ainda que estivesse de fato envolvida no crime, só podiam culpá-la por agressão ou qualquer coisa caso a vítima se sentisse violada e a denunciasse, nesse caso não havia como, portanto a justiça precisava reconhecer o papel de Jesebel enquanto vítima de toda a situação e libertá-la da penitenciária já que não havia motivos para que estivesse atrás das grades. Afinal, todo o ato criminoso teria sido causado por Vicent, as chantagens, os abusos, a ameaça e a obrigação para que assinassem documentos de posse, além do homicídio e por fim, suicídio.

Além de que, antes mesmo da entrega das imagens, a psiquiatra havia soltado o verbo e contado exatamente tudo o que tinha acontecido dentro daquele apartamento, foi a primeira vez em que mostrou comoção com o crime de verdade, sentia até dificuldade ao listar o que havia vivido. É claro que sua tese fora desacreditada, mas as imagens surgiram na hora perfeita, provando que não havia mentira alguma em nenhuma palavra que tivera saído da sua boca.

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