Sem filtro.

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Aviso de conteúdo sensível.

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Era um dia raro, ele acontecia ao menos uma vez no ano, onde suas consultas eram em grande parte desmarcadas por causa da chuva e Jesebel podia voltar mais cedo para casa. Até pensou em esperar para dar carona a Genevive, mas com a mensagem de que ela iria demorar porque o atraso de uma sessão consequentemente ia atrasando as outras, desistiu. Também cogitou passar na cafeteria de costume para comer algo, surgir do nada na casa de Dalila, mas largou de mão as opções. Concluiu que precisava mesmo era do seu lar e se possível, logo depois, estar com seu aconchego, seu alguém, queria uma companhia específica para ficar.

Pela breve troca de mensagens que tiveram, Genevive tinha dado a entender que aceitaria o convite de dormir em sua casa, a janta até seria preparada, mas o aviso dela dizendo que comeria em casa fez a amada murchar. A carência foi aumentando e pelo visto era bem correspondida, por causa das mensagens que recebia da psicóloga se declarando e dizendo estar morrendo de saudades. Era exatamente tudo aquilo que sentia e era exatamente tudo aquilo que queria ler ou ouvir.

Pela naturalidade das coisas, riram a ponto de chorarem juntas e pela mesma naturalidade as conversas se apimentaram, mas por causa da falta de compaixão da própria Genevive, foram encerradas de maneira proposital só para deixar sua namorada atiçada. Fazia parte do jogo delas ou talvez de qualquer casal recém iniciado que tinha a mesma dinâmica, se provocavam sempre que podiam, isso deixava a chama acesa.

Enquanto escolhia suas roupas e as colocava dentro da bolsa para pedir um carro, Gen sentiu o celular dando sinal de notificação e deu a atenção devida a ele já que sabia que era sua amada. Só que foi estranho, era diretamente do perfil de García, com um vídeo de visualização única que já lhe fez sorrir de canto. Olhou ao redor para checar se sua irmã não havia entrado no quarto, já imaginando o teor que continha.

Sentiu as carnes queimando, o efeito se potencializou após a chicoteada de frio bem no pé da barriga quando clicou na notificação e abriu o anexo. Era era em um breve vídeo dela de joelhos em cima da cama com a câmera do celular apontada para o espelho,  se curvou ficando quase que de quatro, engatinhou e deitou-se de bruços, linda e gostosa, trajada em uma lingerie de renda na cor vinho escuro. Com muita dó, acalmando seus ânimos, Genevive precisou fechar o anexo se despedindo com muito custar porque provavelmente não veria mais aquela obra de arte. Em seguida um áudio surgiu no chat, dizendo:

— Espero que não demore pra gente deitar junto e dormir, tô morrendo de sono. — Na voz mais irônica, cínica e venenosa possível, que arrancou uma boa risada maldosa da psicóloga.

— Dormir? Também tô morrendo de sono. — Respondeu entrando na mesma brincadeira dela.

— Gostou? Comprei ela pra você tirar. — Surgiu após fazendo a outra perceber seu corpo começando a sentir calor.

— Você só fala esse tipo de coisa quando eu tô longe, tenha dó de mim. — Resmungou em revolta porque com certeza a sua reação, caso ouvisse isso presencialmente, seria avançar.

"Não tenho" foi enviada por escrito, a fim de abandonar os áudios. "Estava pensando em postar uma foto com essa, o que acha?" Jesebel completou temerosa. Queria mesmo saber o que sua namorada achava sobre seu perfil de fotos e a continuação dele agora que tinham um relacionamento.

"Posta, vou ser a primeira a te chamar de gostosa lá". Não pareceu brava, nem irritada, nem ao menos incomodada, isso com certeza impressionou a psiquiatra. Genevive não era muito insegura, sempre procurava motivos para manter a confiança, além de ser bastante flexível, sabia que sua companheira não ficaria flertando com todo mundo agora que estava comprometida.

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