Um bom dia.

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— Eu tô achando seriamente que você precisa de limites. — Resmungos vinheram após o seu choramingo, com a voz rouca e lenta cheia de preguiça.

— E por que não os impõe? — A desafiou, só ameaçar não adiantava de nada.

— Maldita. — Virou um praguejamento agora. Virou-se para o outro lado da cama, respirou fundo e depositou o celular no rosto, voltando a se cobrir até os ombros.

— Liguei pra desejar bom dia e sou recebida assim... — Dramatizou o seu esforço, mas brincava.

— Odeio ser acordada com ligações. — Confessou brava. — Elas me trazem coisas ruins.

— Odeia ser acordada com ligações que não são minhas. — De Lucca corrigiu atrevidamente.

— O que você quer em? — Foi agressiva, seu mal humor era difícil de disfarçar.

— Se eu fosse uma pessoa que adora ser maltratada, você estaria fodida. — Comentou e fez a outra mulher franzir o cenho.

— Não entendi foi nada. — Respondeu em sinceridade.

— Porque você seria agressiva comigo e eu iria gostar disso, ficando assim com mais vontade de você. — Justificou pensativa. — Porém como eu não sou, desejo meu bom dia e desligo, caso tivesse me recebido bem, teria ganhado beijinhos, ainda que eles não fossem reais. Todo o meu chamego e dengo, mas você não merece.

— Vai desligar? — Choramingou mais uma vez em preguiça.

— Vou, deixarei você dormir em paz. — Respondeu seriamente, sem gostar de joguinhos.

— Não, calma. — A impediu rapidamente. — Eu bem que aceitava uns beijinhos agora.

— É? Mas é uma pena que já perdi o tesão em lhe dar beijinhos agora. — A alfinetou em pura vontade de provocar. — Acho que não merece.

— Ah, poxa. — Demonstrou uma tristeza. — Perdoa o meu mal humor matinal, De Lucca. — Sussurrou tristonha.

— Eu perdoo pois eu sei que ele só existe porque eu não tô aí pessoalmente. — Se gabou, jogando-se no chão do quarto com todas a janelas abertas, estava exausta.

— E que história é essa de que é você quem molda o meu humor? — Ergueu uma sobrancelha, já se sentindo acordada o suficiente para refutar e alfinetá-la. Ouviu uma risada.

— Está colocando palavras em minha boca. — Observou De Lucca, em um bom humor. — Acontece que imagino que o seu humor mudaria caso realmente fosse acordada com a minha boca e diretamente minha voz, e não o barulho irritante de uma chamada no celular. Compreendeu, García?

— Hum... — Ergueu as sobrancelhas e depois sorriu ao imaginar isso. — Agora sim me parece bem bom.

— Bem bom, é? — Gostou de ter sido bem aceita. — E apesar de ser interrompido, como foi seu sono hoje? Dormiu bem?

— Por incrível que pareça, eu dormi maravilhosamente bem e você? — Pigarreou como se estivesse segurando uma informação a mais.

— Eu também, tanto que já até fui para academia. — Confessou ainda respirando fundo.

— Foco invejável. — Elogiou e mordeu o próprio lábio.

— E eu ainda estou mais do que cheia de energia. — Revelou um tanto insinuativa. — Só cheguei e me joguei no chão inteiramente suada. Quis ligar pra você, mas poderia ainda fazer mais exercícios por hoje.

— Você está maltratando demais a minha mente agora, pare com isso urgentemente. — Acusou dramatizando uma raiva que não sentia.

— Por quê? — Se fez de desentendida.

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