Dorme lá em casa?

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Estava tudo escuro, a única coisa que possibilitava a diferenciação de um objeto para o outro era a luz do pôr do sol que entrava bem pouquinha pelas portas de vidro. Lá longe o som do bebedouro gelando a água, da cafeteira esquentando o café e por fim, dos estalos dos beijos sufocantes que aconteciam no meio da recepção, sem nenhum medo de serem descobertas.

As únicas presentes na clínica eram elas e dessa vez toda a agarração não surgiu de surpresa. Estavam conversando, do nada apareceu um toque aqui e outro ali, e a situação contribuiu para que agora Jesebel já estivesse com suas mãos na cintura magra de Genevive, puxando ao máximo que podia enquanto se beijavam com desejo.

O clima já tinha se transformado e era nítido a vontade de mais corpo a corpo, após a psiquiatra largar sua boca e ir descendo pela mandíbula, a psicóloga expôs seu pescoço mantendo um sorriso no rosto bem conhecido pela outra.

— E se... — Jesebel iniciou em meio aos selinhos carinhosos, mesmo sentindo as palmas da outra percorrendo seu corpo até chegar em seu bumbum, onde apertou. — Você dormisse lá em casa hoje? — Roçou seu lábio inferior no dela e precisou respirar fundo com a mordida que levou.

— Não. — Negou com a maior tranquilidade do mundo, andando em passos cegos com a ela até achar uma parede para prensá-la.

— Por que não? — Resmungou, mas no meio dele precisou interromper para ofegar baixinho pelo beijo intenso que recebeu no pescoço.

— Porque não, moça. — Mordeu o queixo dela.

— Mas por que não? — Insistiu manhosa arranhando-a com a ponta das suas unhas por cima da roupa. — Sua mamãe não deixa? Eu posso pedir permissão a ela... — Recebeu uma encarada que lhe fez rir. — Problema resolvido, eu não tenho vergonha na cara, acho que já percebeu. — Inverteu as posições e atacou na boca novamente, lhe dando um beijo demorado e lento.

— Engraçadinha você, né. — Pontuou entre os lábios carnudos de Jesebel.

— Mas é sério, paixão. — Chamou baixinho pelo apelido que arrepiou até a nuca de Genevive. Só havia uma pessoa que lhe chamava assim, literalmente uma. — Quando falo pra você dormir lá em casa, não tô pedindo para que transe comigo. — Foi direta e séria. — Estou me referindo a dormir mesmo, porque nós só temos contato no trabalho e eu quero passar um tempo a mais com você fora dele.

— E não teria problema nenhum caso você estivesse me chamando para dormir lá com segundas intenções. — Mostrou naturalidade, nem tanta, com o assunto. Seguindo a lhe dar mais selinhos.

— Você nunca dormiu com alguém? Ou melhor, com uma mulher? — Foi compreensiva, roçando os narizes empinados que tinham.

— Já. — Assentiu com a cabeça.

— Então qual o problema para a possibilidade do que pode acontecer? — Beijou a bochecha dela. — Você é sonâmbula? Você ronca? Você tem os pés gelados? — Listou fazendo a moça rir.

— Não. — Negou com a cabeça envolvendo-a com os braços. — Eu só tenho medo de que algo aconteça com Rosa. — Confessou fazendo a companheira erguer a cabeça.

— Eu te levo de volta em casa sem problema algum. — Resolveu rapidamente o problema, sorridente. — Dorme lá? — Sussurrou enchendo mais o rosto pálido de beijinhos. — Eu prometo ser uma companhia legal mesmo querendo te alfinetar toda hora. — Arrancou uma risada que lhe contagiou.

— Você venceu. — Declarou aguentando Jesebel lhe abraçando com tanta força que até sentiu seu corpo tremer.

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— Não sabia que você mandava tão bem na cozinha. — Precisou admitir, depositando a louça em cima da banquinha.

— Óbvio. — A psiquiatra pontuou, obrigando Genevive passar o braço esquerdo por cima do seu ombro e assim cruzou seus dedos. — Você nunca dormiu aqui. — Disse entre risos. — Está com sono já?

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