Você parece ser boa de guardar no escuro.

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Nem Morgana estava aguentando mais assisti-la daquela maneira. Agarrou o braço de uma de suas melhores amigas e a fez sentar, lançando-a um olhar que servia como um aviso de que precisavam conversar.

A festa seguia rolando solta, era altas da madrugada já, boa parte dos presentes ali estavam bebados, mas somente menos de um terço das pessoas já dormiam, o que informava implícitamente de que ainda ia durar um tempo... Se não, só acabaria no raiar do dia.

— Eu estou começando a me incomodar com essa sua inquietação. — Declarou seriamente atraindo a atenção de Jesebel.

Ela constantemente virava seu olhar para Genevive que estava parada a poucos metros dali, conversando com as suas outras amigas. Seguia plena, não havia bebido muito e seus trajes estavam intactos, assim como os cabelos longos com ondas nas pontas.

— Por acaso está com algum formigão em seu orifício anal? — A fez rir, mas em um tom tristonho.

Essa era a maneira em que a moça xingava, ela sempre usava esses termos para não dizer palavras tão brutas, assim podendo se enganar de que não usava palavreado de baixo escalão.

— Você vai lá e vem cá o tempo inteiro, desde o início da noite. Levanta, bebe água, volta com alguma bebida alcoólica e senta no mesmo lugar, às vezes até esquece que pegou algo e o abandona em cima da mesa. Isso não seria estranho se não acontecesse em um pouquíssimo intervalo de tempo. — Apresentou os argumentos gesticulando e ouviu um suspiro cansado. — Nem ao menos está tentando se enturmar.

— Eu vou fazer o que se quem me meteu nessa, pelo visto, não quer saber muito de mim. — Cruzou os braços e se despojou na cadeira, mostrando uma certa dependência em Genevive que até fez Morgana também rir, amargamente.

— Você não jogou essa na mesa. — Negou desacreditada. — Desde quando Jesebel Mainá precisa de alguém para ser sociável? — Questionou em um tom de deboche. — É mais fácil você me dizer que está achando isso tudo tedioso e não tá a fim de fazer amizade com seus funcionários, isso soa mais a sua cara. — Decretou pendendo a cabeça para o lado.

— Tá. — Concluiu sem querer ouvir mais do discurso. — Estou perdendo tempo aqui, poderia  estar resolvendo boa parte dos problemas que me esperam quando eu retonar. — Confessou e voltou seu olhar mais uma vez na psicóloga que ria alto, empolgada. Deixou ele pairar por ali. — Mas existe um porém. — Admitiu. — Ela.

— E desde quando você precisa da aprovação de terceiros para estar ou não em certos lugares? — Arqueou uma sobrancelha estranhando. — Absolutamente todo mundo com quem você se relaciona, desde a amizade até o outro âmbito, sabe que você é alguém ocupado. — Apresentou os argumentos carregados de fatos.

— Não é sobre isso. — Evidenciou que não se tratava de estar ali ou não. — É que ela está tomando a minha cabeça. — Foi uma confissão séria, não tinha nem um tom de brincadeira ou bom humor.

— E você está agindo como se houvesse uma grande barreira entre vocês. — Explicitou tentando fazê-la enxergar a situação.

— Talvez porque de verdade eu estou a fim da validação dela e isso me aborrece. — Pigarreou fugindo do olhar de Morgana. — Essa maldita conseguiu mexer com meu coração e olha que ela nem fez muita coisa.

— Só fez com que você se sentisse entendida e acolhida? Não há quase nenhuma sensação melhor do que essa para um ser humano. — Morgana deu de ombros e checou o celular.

— E você tá piorando a situação me fazendo perceber que eu tô muito ferrada. — Cruzou as pernas também. — Sabe o que é acordar ao lado dela e não poder dar nem ao menos um cheirinho? Um cheirinho eu queria ter direito. — Ouviu a gargalhada da amiga.

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