Colinho de bebê.

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— É por isso que o céu fechou de uma hora pra outra, nestante chove canivete com você saindo cedo do trabalho. — Alfinetou andando bem atrás dela e ainda sim conseguiu uma risada da moça que negou com a cabeça.

— Engraçadinha você. — Semicerrou os olhos e logo em seguida colocou seus óculos de sol. — Resolvi tirar um tempo pra mim, tô bem mal humorada hoje.

— Bom descanso. — Genevive desejou passando pelo carro da moça.

— Carona? — Ofereceu ao destravar as portas e rapidamente a outra mulher parou quando ia dar o próximo passo, voltou todo o caminho andando de costas até o automóvel.

— E como sempre eu iria recusar. — Salientou porque sempre sua primeira resposta era negativa. — Mas hoje eu vou aceitar de início porque quero mesmo ir pra casa rápido. — Complementou entrando no carro.

— Tá tudo bem? — Preocupou-se mais uma vez como de costume.

— Meu coração tá me avisando que tem alguma coisa acontecendo. — Não queria ser tosca, mas era alguém extremamente intuitiva, para quem não era, aquela fala era algo bobo.

— Como? — Não entendeu muito bem.

— Minha irmã é diagnosticada com epilepsia, mas o caso dela tem algumas coisas além disso. Durante as crises e após, normalmente eu quem dou conta de cuidar dela. — Se sentiu a vontade para contar sua situação a chefe de trabalho.

— Nossa. — Se surpreendeu, sempre notou a psicologia falando da irmã como alguém que precisava de monitoramento, mas não imaginou que fosse assim.

— Eu constantemente tenho notícias dela durante todo o dia e sou avisada principalmente quando ela está em crise, porque a primeira pessoa a quem procura após, normalmente é a mim. — Continuou confidenciando. — Hoje não recebi nenhuma mensagem e estou desconfiada de que algo aconteceu. Meu coração tá apertado desde o momento em que saí de casa, agora tudo piorou e a todo instante só penso nela.

— Então que bom que estamos chegando, espero que não tenha acontecido nada. — Mais uma vez seu coração se comoveu com a moça. Tinha total ciência de que estava se envolvendo mais do que devia com ela, porém já não conseguia mais evitar.

— Eu queria muito acreditar nisso, porém quando o coração fica assim, normalmente acerto. — Lamentou já preparando seu psicológico para lidar com a situação.

— E como acontece? Ela já toma medicação? É acompanhada? — Quis saber um pouco mais.

— Sim para os dois. Ela já é uma mulher adulta, convive com isso desde pequena, mas precisa de supervisão. — Evidenciou. — Só que é o meu bebê ainda, meu bebezão. — Riu brevemente com um tom de angustia, logo levou a mão até o coração porque sentiu apertar de novo.

— Você tem uma ligação grande com ela, né? Impressionante. — Observava o comportamento da psicóloga.

— É coisa de outras vidas. — Brincou, mas nem tanto. — Ela é quase que... — Refletiu sobre, abaixando seu tom de voz. — Minha outra metade. — Foi o que veio na mente e o que fazia jus ao sentimento que nutria pela irmã. — Não romanticamente, óbvio. Romanticamente a outra metade dela é a Madalena, o amor que ela jura existir...

— Ela é apaixonada por uma mulher que não existe? — Tentou entender se era realmente aquilo que tinha ouvido.

— É meio que isso. — Respondeu brevemente. — Enfim, assunto íntimo e complicado demais.

— Entendido. — Concordou com a cabeça, mostrando que havia compreendido que não era para seguir perguntando sobre.

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