Quer se divertir? É só mandar uma mensagem. - Lésbico.

Denguinho.

Os olhos castanhos se abriram depois de um tempo por causa da posição confortável, mas seguiu imóvel até que se acostumasse com a claridade. O forte cheiro de cosméticos invadia suas narinas junto com o de hidratante corporal de alguma fruta específica.

Não demorou muito para que a silhueta se revelasse no pé da cama, já trajada de roupas formais, com os cabelos cacheados curtos e volumosos soltos, segurava uma paleta de maquiagem e se encarava no espelho pequeno, potencializando a beleza já existente.

Sem dizer nada, a psicóloga levantou e foi direto para o banheiro para realizar seus cuidados e higiene. Foi até acompanhada pela outra com os olhos, disfarçadamente, mas o "bom dia" não veio de nenhuma das partes, o que deixou Jesebel meio insegura. Passava a teorizar de que talvez Genevive já não tivesse mais a vontade de permanecer na relação, afinal uma noite de sono serve também para colocar os pensamentos no lugar.

Ouviu ela escovando os dentes, tomando banho, secando o corpo, vestido uma roupa, perfumando-se, penteando os cabelos e então a viu, de rabo de olho, belíssima. Os cabelos longos caindo em leves ondas, um macacão de tecido leve estampado em cores claras e sentiu o cheiro também do perfume que brigava com o seu.

Seguiu maquiando seus olhos com os seus pincéis, encarando-se no espelho pequeno enquanto a ouviu se aproximando. Os passos foram ficando cada vez mais perto até que lhe surpreendeu quando a companheira se enfiou entre seus joelhos, ajoelhou-se e empurrou seu rosto entre o pincel e a paleta, mostrando que queria atenção e fazendo a psiquiatra paralisar querendo rir.

Seus narizes roçaram em brincadeira e em puro carinho, Gen mantinha um sorriso envergonhado no rosto que causava de reação outro do mesmo jeito em Mainá.

— Bom dia, denguinho. — Desejou depois de roubar um selinho dela, conseguindo aguentar a tentação de dar outros vários. — Seus olhos são tão bonitos. — Precisou comentar ao manter o contato visual com ela. — É uma mistura de verde com castanho, tão lindos.

— É muito bom saber que gosta deles, afinal diariamente de maneira constante estão pousados em ti. — Respondeu anseando por mais um beijo. Gen provocava roçando seus narizes e ameaçando atacar, até chegava a entreabrir os lábios, a encostá-los, mas nada fazia. Não avançava, o que piorava o frio na barriga. — Inclusive, você é e está belíssima. — Elogiou de peito aberto. — Bom dia, paixão. — Sussurrou cantarolante.

— É mesmo? — Perguntou toda derretida, roubando mais um selinho que dessa vez foi demorado.

— É mesmo. — Respondeu de maneira soprosa sem ar porque a outra havia avançado em sua boca e até fez, lhe fazer menção, de que tocariam suas línguas, mas se afastou antes experienciando um descolar de lábios devagar.

Isso fez Genevive rir contra a boca dela por observar o quão rendida a companheira estava e quão recíproco era aquele desejo. A devorou quando ela mordeu o próprio lábio carnudo inferior ao conter-se.

— Você faria a caridade de me dar um mísero beijo antes de passar o batom? Ainda que, aceito esse mísero beijo depois também porque não tenho problema nenhum em borrá-lo por inteiro. — Proferiu com dificuldades porque no mesmo momento ela largou o pincel e entrelaçou seus dedos no redemoinho de cabelos da sua nuca, o que lhe causou um arrepio. A risada de Jesebel foi graciosa, toda cheia de querer, havia gostado de estar no poder.

Sem nem artefatos ou vontade de recusar, o beijo desejado aconteceu. Tão lento, mas tão cheio de seguranças. Não precisava ser rápido e bruto para se mostrar quente, o próprio jeito em que as línguas se moviam já desempenhavam esse papel, distribuindo para o cérebro e corpo serotonina, ocitocina e com toda certeza a dopamina que é o hormônio do prazer. O que fazia esquentar e esfriar o tempo inteiro.