Maldita.

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— Hoje eu me proibi de falar com você. — Avisou de pronto após atender a ligação da sua mais nova companhia de todas as noites.

Havia a evitado e resolveu não mandar nem uma mensagem, ou responder as provocações dos stories, ou curtir e comentar as fotos postadas. Tinha ido muito até De Lucca, precisava mostrar que a moça também tinha que vir até ela.

Não disse que tava com saudades, não expressou sentimentos. Ela tinha que dar o primeiro passo agora... E deu, com uma ligação um tanto tarde da noite, sem avisos.

— Ei, amor, tô com saudades. — Genevive a imitou dessa vez.

— Não. — García negou com a cabeça enquanto secava-se na toalha.

— Por que não quer conversar comigo? Achei que iriamos sextar juntas. — Resmungou já com sua taça de vinho na mão, a de lei, para uma pitada a mais na madrugada.

— Eu nem ao menos irei sextar. — Informou respirando fundo.

— Poxa. Preparei toda uma roupa leve, sai direto do trabalho para o supermercado, comprei um vinho com todo cuidado e chocolate, e você me diz que não vai beber comigo hoje? — Resmungou em chateação e acabou por comover García que antes estava irredutível.

— Nossa que cuidado. — Ficou tentada a ceder. — Eu mereço tantas preparações assim?

— É sempre muito bom conversar com você, García. — Não teve relutância em revelar a verdade. — E como nós estávamos sendo prejudicadas com as conversas de madrugada, imaginei que fossemos curtir mais de uma sexta para o sábado. — Parou por um tempo de falar. — Se bem que talvez possa ter feito um erro de dedução, pois eu não trabalho em finais de semana e não questionei a situação. — Refletiu sobre sua atitude equivocada.

— Eu não trabalho, deduziu certo, mas não combinado. — Sorriu ao concluir que era bom tê-la pensando nas duas e em condições para que se relacionassem melhor.

— Perdão. — Riu envergonhada. — É que está sendo tão legal para mim, que deduzi também que nós duas nos prepararíamos para isso.

— Compreendo. — Assentiu, sabendo que De Lucca já estava começando a se apegar. — Confesso que iria sair hoje com minhas amigas. — Foi dura, na intenção de cortar um pouquinho das expectativas... Mas não conseguiu não ceder. — Só que eu não tava a fim para o tipo de rolê que elas vão. — Expressou com calma.

— Mesmo assim se proibiu de falar comigo. — Informou pensativa, com o coração um tanto dolorido pela resposta que recebeu.

— Eu estava torcendo para que você me ligasse. — Sussurrou em confissão, mostrando-se contraditória ao papel de dureza que gostaria de interpretar. — Você e bebida não combinam com a minha carência de hoje. — Foi totalmente aberta para mostrar o motivo pelo qual estava evitando-a. Afinal, a carência cria afetos imaginários e sentimentos também.

— É mesmo? E por quê? Isso é medo de sair apaixonada por mim ou... — Tentou achar um motivo válido para si.

— Eu me conheço também, senhorita De Lucca. — Disse com toda a certeza. — Se eu beber, ficarei provocando você o tempo inteiro, mais do que eu já provoco. Vou ficar te tentando e eu não sei dos seus planos, ou desejos, pode ser que no final acabemos fazendo muitas coisas e pulando bem mais etapas do que deveríamos ou eu ficaria sem meus inibidores da fala, e descaralharia a falar tal qual um papagaio.

— E você tem coisas extremas a esconder? — Ergueu as sobrancelhas.

— Muitas, demais mesmo. — Não teve medo ou vergonha de dizer. — Eu prefiro ficar com os meus inibidores intactos. — A fez gargalhar e não conteve seu riso também. Foi sincero.

Quer se divertir? É só mandar uma mensagem. - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora