Tempestade de raios.

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Aviso de conteúdo sensível.

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Haviam se encontrado escondido no trabalho, no dormitório dos médicos, Jesebel disse que o jantar com Lorena e o marido tinho sido estranho como sempre, também se mostrou carente e amorosa com sua namorada. Tiveram que ficar distantes esses tempos, porque a prima da psiquiatra quando estava na cidade aparecia de surpresa nos lugares e qualquer mínimo sinal podia fazê-la virar a chave. Uma hora estava tranquila, quando visse qualquer informação que lhe ativasse a suspeita, entrava no modo obsessivo e não deixava Mainá em paz.

A namorada havia sumido durante a tarde, logo após mandar uma mensagem só para manter Genevive informada. Tinha ido a cafeteria tomar um café, dizia que estava com saudades e por algum motivo repetia quase toda hora um "eu te amo" sentido demais. Esse que havia feito a psicóloga sentir novamente a pontada de medo, ultimamente Jese agia como se estivesse se despedindo de tudo, como se uma catástrofe fosse acontecer. Até pensou em propor uma tiragem no tarot com ela, para ver as possibilidades do que poderia vir no futuro, mas não havia dado tempo, então seguia cegamente agarrada a confiança de que ela não iria fazer nada e na esperança de que Lorena também não fizesse nada com ela.

Começou a escurecer e tentou acalmar o coração, sabia que por volta daquele horário sua amada entraria em reunião com a prima e que por ela estar próxima, não tinha como pegar no celular para passar mensagem. O plano era que a psiquiatra fingisse passar mal ou algo do tipo, para que pudessem adiar por mais tempo aquele momento, porque depois dele, viria uma outra reunião com a psicóloga, mais assinatura de contratos dando posse dos bens a Lorena.

Com a fome perdida, se forçou a comer ao menos um pouquinho, não queria se deixar ser vencida pela ansiedade, mas não estava compreendendo o próprio comportamento. Estava agitada, andava pela casa inteira e não conseguia disfarçar para a família, mas o pior era precisar ficar desviando o assunto porque não podia contar sobre o que de fato ele se tratava.

Incomodada ao extremo com o silêncio do seu celular, sentou-se no sofá da sala e ali ficou, sem se importar com absolutamente nada, olhando para o nada, com o aparelho em sua coxa para caso vibrasse, caso o toque no volume máximo não fosse o suficiente.

Identificou Rosa se sentar no sofá e recebia encaradas da irmã que claramente estava preocupada com o seu estado, mas não ligou, estava ocupada demais com os pensamentos catastróficos que tinha.

Horas depois suas mães também sentaram na sala para assistir a televisão, era quase madrugada quando fizeram um acordo silencioso de contornar a situação para entender o que estava acontecendo e o que deixava Genevive tão apreensiva. Volta e meia pegava o celular, escrevia coisas e seguia olhando para o nada.

"Amor? Tô com saudades, cadê você? Me manda um oi?" enviada por Genevive as 20:35PM tentando disfarçar o seu desespero.

"Ainda tá em reunião? Achei que não seria rápido, mas tantão assim? Manda alguma notícia se caso ver" enviada por Genevive as 22:01PM.

"Tô começando a ficar bastante inquieta, meu coração ta apertado. Espero que só tenha ficado cansada demais e foi dormir. Eu te amo muitão, te vejo amanhã no trabalho." Genevive mandou às 23:45PM.

"Você me perdoa, né? Se eu te ligar e te acordar agora? Só preciso saber que você está bem e que ocorreu tudo okay." Genevive às 00:25AM.

Incomodada com a inquietação, Rosa pigarreou para mostrar que ainda estava presente na sala. Seus olhos não tinham disfarce, encarava incisivamente a irmã mais velha, era um tanto agonizante vê-la o tempo inteiro digitando algo, colocando o celular próximo ao ouvido e se revoltando quando não tinha a resposta que planejava.

Quer se divertir? É só mandar uma mensagem. - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora