A claridade.

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Após realizar a sua higiene matinal, Genevive resolveu fazer um agrado para a namorada que ainda dormia serenamente. Deixou ela na cama porque imaginou que havia sido a primeira noite calma e sem precisar ficar em alerta que Jesebel estava tendo no momento. Como sua intenção era prezar pelo bem estar e conforto dela, já que não tinham obrigações, era melhor deixá-la em estado de calma.

Conversou com suas mães e irmã sobre o que havia acontecido, felizmente todas elas compreendiam o estado de Mainá e não a julgavam, bem como estavam completamente dispostas a ajudarem como precisavam. Não tinham tanto entendimento e nem sequer conheciam a psiquiatra mais profundamente, mas acreditavam nas falas da psicóloga sobre ela ser uma boa pessoa. Pontuaram o assunto sobre ela estar sem fala e que isso não as assustava tanto por que já tinham costume de lidar com as crises não verbais que Rosalinda tinha, sabiam que não se adaptar o jeito em que a pessoa estava disposta a se comunicar, era pior.

Entenderam completamente o lado de Genevive em querer dar a privacidade devida a ela, sem ficar incomodando-a ou forçando-a a socializar, Jesebel precisava de espaço e da companhia com quem ela se sentia confortável no momento, não era uma questão de ser mimada, sim uma questão de favorecer as condições para que ela se recuperasse da melhor maneira possível.

Com o café da manhã pronto e organizando, Gen voltou para o quarto e acompanhou exatamente a hora em que a namorada estava acordando, deixou a bandeija na sua mesa e ao ouvir os resmungos junto com os choramingos por achar o outro lado do colchão vazio, aproveitou para se deitar com ela. A abraçou por trás, envolvendo o corpo da mulher e apertando, ainda de olhos fechados ela suspirou e acalmou, se encolhendo nos braços da psicóloga.

— Bom dia, dengo. — Sussurrou sem querer ultrapassar limites, ainda que sua vontade fosse de beijar todo o rosto dela. Ouviu um resmungo mal humorado que a fez rir, os primeiros minutinhos, até que Jese se situasse, sempre eram regados de uma expressão de braveza e uma revolta do mundo, até que acalmasse.

E foi exatamente assim, ela franziu suas sobrancelhas, cerrou seus dentes enquanto piscava preguiçosamente analisando aquele quarto com seus olhos, até encontrar o rosto da namorada que a fez se desmanchar, onde sorriu grandão, sem mostrar os dentes, revelando as quase imperceptíveis covinhas enquanto se esticava para se espreguiçar. Virou-se de frente ouvindo a risada de Genevive e a abraçou, aninhando-se em seu corpo onde inspirou para inalar o cheiro dos cabelos e da pele.

— Dormiu bem? Espero que sim, notei que seu sono não teve interrupções, espero que tenha descansado. — Aceitou o que sua namorada queria quando puxou para que seu corpo cobrisse o dela, ficando por cima. Jese respirou em alívio ao se sentir coberta e acolhida. Acima de tudo, protegida. — Ainda sem falar, amor? — Gen se entristeceu ao não receber uma resposta, mas tinha os olhos atentos de Jese percorrendo pelo seu rosto. — Vamos levantar um pouquinho? — Sugeriu e ela de pronto negou com a cabeça, fechando os olhos. — Quer ficar de preguiça, né? Você adora. — Brincou com ela e a fez rir, mas aceitou o abraço entendendo que aquele tempo onde estavam juntas, era bastante significativo.

Enquanto ela curtia a sensação de estar bem próximo a alguém que amava, Gen aproveitava para admirá-la enquanto mexia nos cachos dos cabelos de Jese, em carinho, admirando o rosto da mulher que até parecia bastante sonolenta e cochilava por alguns pouquíssimos minutos.
Sentiu vontade de entregá-la alguns beijos, mas controlou-se porque não sabia se eles ainda eram bem vindos, preferia ser respeitosa.

— Preparei um café da manhã delicioso pra você, vamos comer um pouquinho? — Sugeriu após um tempo e ela negou de pronto, não estava com fome e nem sentia vontade de levantar. — Vai, amor, só um pouquinho. — Insistiu e recebeu uma expressão de desagrado.

Ela até levantou, foi ao banheiro, jogou uma água no rosto, amarrou os cabelos, escovou os dentes, mas retornou a se jogar na cama novamente, sentindo que não conseguia ainda enfrentar o mundo que estava através daquelas quatro paredes e se pudesse, ficaria olhando para o teto branco, vendo o dia passar e a noite cair, repetidas vezes.

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