Trovões.

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Aviso de conteúdo sensível.

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Arrastando os chinelos no chão, seguia caminhando pelos corredores cheios de celas enquanto era puxada brutalmente pelo braço. Suas costas doíam por causa da dormida, a cama era dura, por isso mantinha sua postura curvada e os ombros caídos. A cabeça latejava, os ouvidos zumbiam vez ou outra, seu estômago roncava anunciando a fome de algo de verdade, a comida era ruim, quase intragável, por esse motivo se forçava a se alimentar somente para que o corpo tivesse algum reservatório de onde tirar o mínimo de energia ou saúde.

Ficava a maior parte sem falar, até achava que tinha desaprendido, não sentia vontade de verbalizar com absolutamente ninguém, em nenhuma palavra. Por causa disso ficava apreensiva quando iam lhe buscar na sua cela, tinha medo de apanhar mais e não responder as perguntas do policial poderia lhe dar brecha para tal.

Sempre lhe pegavam de manhã cedo, impacientes, a tratavam muito mal. Ela, que já não se preocupava em fazer sala com ninguém, não se dava o trabalho de responder os cumprimentos ou as perguntas básicas que lhe proferiam. Lhe jogavam em uma sala clara, onde tinha uma mesa, uma câmera e duas cadeiras. De um lado ficava um policial que anotava tudo o que ela falava, do outro ficava ela, sendo filmada, algemada para que não o atacasse porque era vista como agressiva.

— Como está se sentindo hoje? — Ele perguntou encarando a mulher que não fazia cerimônia no contato visual, seu olhar era incisivo.

Recebeu o grande silêncio em resposta.

— Como tem reagido ao calmante? — Proferiu um outro questionamento e outra vez Jesebel não fez menção alguma de que ia responder. — Bom... — Suspirou cansadamente, sem paciência. Aquele olhar soberbo que ela lhe lançava era estressante demais. — Iremos continuar de onde paramos.

— Isso daí vai ficar ligado? — Mostrou que era atenta aos detalhes, a luz da câmera estava vermelha, provavelmente um sinal de que ficaria gravando.

— Sim, é incômodo? — Perguntou surpreso por obter uma resposta e a observou assentir do mesmo jeito, com uma pitada de desdém na expressão facial. Virou o rosto para o lado onde limpou-o no ombro do moletom, fungando, então depojou-se na cadeira gelada. — Vai ter que ficar ligada. — Deu uma resposta que ela precisaria aceitar e a mulher deu de ombros, já não tinha dignidade mesmo, ia fazer questão de uma câmera lhe filmando? — Quero que me conte exatamente o que aconteceu no dia que você disse que Lorena lhe ameaçou com uma arma branca.

A direcionou e ouviu um suspiro cansado da mulher, ela ficou um tempo olhando para cima, nem um pouco a fim de obedecer as regras que estavam impostas. Ficou em silêncio por muito tempo, um longo tempo, muito longo, até ficar incomodada com o encarar do policial que evidenciava que esperaria quanto tempo fosse, que o dia inteiro era dela e não falar não fazia diferença alguma já que continuaria detida.

Obrigou-se a reacessar suas memórias...

Tinha conhecido uma moça que estava se mostrando um bom partido, até que seus gostos eram parecidos, pensavam iguais em alguns aspectos. Alguns atritos tinham acontecido, mas nada demais, algo comum durante o conhecer outro alguém.

Ainda estava na fase de compreender se realmente era a hora de engatar um relacionamento, afinal tinha Lorena que enchia o seu saco, mas estava começando a arriar seus pneus pela portuguesa. Ousada como era, aceitou o convite da paquera para ir jantar na casa dela e até conseguiu chegar até lá sem ser pega, mas parecia que a prima tinha um radar de quando ela fugia dos trilhos e por esse motivo as ligações em seu celular começaram a incomodar, não só a si, mas a sua companhia.

Flertavam na cara dura e em seguida passaram a trocar um beijo caloroso, mas o celular que estava entre as duas fez a outra suspirar em cansaço e chateação. Se tinha aquela insistência toda, o assunto era urgente, então era melhor que atendesse e resolvesse o que precisava.

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