O que você acha do amor?

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— A Genevive parece ser boa de conversar sobre isso. — Vanessa disse observando a psicóloga se aproximar. Logo as outras também concordaram.

Estavam alvoroçadas, conversavam euforicamente sobre algo em um debate bem emotivo. A única que não falava nada e só prestava atenção em análise, era Jesebel que estava sentada de maneira despojada, gostando até de não ser solicitada no assunto.

— Qual o tema do debate de hoje? — Perguntou juntando-se a elas ao puxar uma cadeira e abrir sua marmita.

Agora era uma programação, todo almoço alguém trazia uma pauta para ser discutida e elas sempre começavam um novo debate. Não era obrigatório, mas o tema surgia naturalmente e é normal que as pessoas discordem dos assunto, era o que acontecia.

— O amor, ele existe ou não? — Morgana apresentou com um sorriso malicioso, porque sabia que renderia ainda mais. — O que você acha do amor?

— Uma hora dessas? Quem foi o desiludido que botou esse na roda? — Gen questionou rindo e conseguiu causar ao menos um sorrisinho na chefe que estava séria, comendo o seu prato de comida bem quieta.

— Com certeza tinha que vim da Vanessa. — Jesebel brincou fazendo todas rirem, inclusive a moça que havia sido apontada como autora da discussão.

— Não, perai. — Ela se pronunciou pronta para inserir Gen no diálogo. — É que eu comecei dizendo que não sei se eu ainda acredito no amor e ai o debate começou. — Deu sua explicação, ainda reflexiva.

— E por que você não acredita nele? — Cruzou os braços e a encarou, adotando uma postura mais séria. — Por desilusões amorosas?

— Pode ser que sim. — Assentiu com a cabeça sem medo de admitir. — Eu li uma vez, em algum lugar, que o único amor verdadeiro que existe no mundo é o da mãe para um filho... Talvez eu acredite nisso.

— Eu acredito que exista muita problematização nessa afirmação, mas vou deixar Genevive falar. — Jesebel se intrometeu e ao mesmo tempo se calou, voltando a comer e dando voz a psicóloga.

— E realmente existe. — Assentiu veemente concordando com a psiquiatra. — Essa frase vem de uma generalização muito grande e da romantização da maternidade, entre outros problemas com raízes. — Apontou dando sua primeira garfada na comida. — Acho que quando começamos a ver os problemas de fora, temos uma noção deles de maneira geral... É por isso que psicólogos vivem repetindo a frase "depende do contexto", porque nós estamos nesse lugar de olhar de fora.

— Prossiga. — Vanessa parecia muito interessada, mas não somente ela, aqueles olhos verdes e mel de Mainá seguiam fixados em Gen.

— Eu posso ter uma mãe que pode dizer que ama o filho, mas na realidade ela ama a imagem que ela tem do filho. Por exemplo, um dilema constante de quem é LGBT, estar no armário por causa dos pais e não querer decepcionar. Esse filho pode vir a se assumir e ser expulso de casa na mesma hora, eu posso chamar isso de amor? Ou ela tinha uma visão encantada do filho que não era a realidade? Ela ama de fato esse filho? É um amor puro e verdadeiro? — Engajou os questionamentos sobre o assunto. — Por outro lado eu tenho uma mãe que ama de fato do seu filho... Baseado nisso, posso chegar e afirmar que o amor não existe mesmo diante do amor deles? É preciso tomar cuidado para não fazer da exceção, a regra.

— Concordo plenamente. — Morgana se pronunciou porque defendia essa tese da existência desde o início. Afinal, vivia ela, era casada e bem casada há anos.

— É preciso também tomar cuidado para não englobar o amor, apenas no âmbito de relacionamento amoroso. — Genevive seguiu com outra garfada na comida. — Acho que pensar no amor parte de questionamentos. Se você acha ele algo que deve durar para sempre, se você acha ele algo que pode ser momentâneo e também é preciso olhá-lo sem confundi-lo.

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