Azedas.

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A buzina seguiu a ecoar inúmeras vezes estressando ainda mais Genevive.

— É aqui em casa. — Rosa avisou entrando no cômodo. — Tem uma bonitona poderosa no carrão de luxo esperando por você. — Enfiou o gomo de laranja na boca e pegou a segunda mala da irmã.

— É a Jesebel. — Informou exausta e sem emoção. — Ela está me infernizando desde cedo por causa da droga dessa viagem de São João. — Colocou a mochila nas costas e aceitou a fruta oferecida pela outra.

— Parece que você está me contando menos vivências do que deveria. — Resmungou semicerrando os olhos e descendo as escadas.

— Prometo lhe deixar a par de tudo quando retornar. — Declarou, aguniada com todo buzinaço. Abria o portão do prédio já de cara fechada.  — Por acaso, a porra da sua buzina travou? Me nego a pensar que tenha apertado tantas vezes em vontade própria, você não é tão criança a esse ponto. — Genevive declarou estressada e ouviu um riso maldoso, por seguinte a continuação do buzinaço em pura provocação. E então o silêncio. — Acabou o show, senhorita infantil?

— Faltou mais uma. — Apertou outra vez na intenção de provocá-la. — Agora sim. — Um sorriso grandão e falso surgiu, logo se desfazendo e ela adotou sua expressão real que condizia com o seu humor.

— Bom dia, azedas. — Rosalinda se pronunciou no meio daquela guerra fria que tinha se estabelecido entre as duas.

— Devo deduzir que é sua irmã, tem o mesmo atrevimento que você. — Jesebel ergueu as sobrancelhas e desceu a janela do carro até o final. — Muito prazer em conhecê-la, Rosa, me chamo Jesebel.

— Prazer é todo meu. — A morena respondeu em um real sorriso e se permitiram por um instante se encararem, em um momento bem estranho que por acaso não foi notado por Genevive.

— Será que a gente já pode ir? Ou você não terminou de preparar sua quinquagésima mala para um final de semana apenas? — Era seu modo de resmungar da demora, amarga.

Seus olhos não queriam sair de Rosalinda, em conhecimento, e parecia ser bem retribuída.

— Eu realmente preciso lembrar que foi você quem escolheu me esperar? — Arqueou uma sobrancelha, desafiando-a. Logo baixou a guarda para abraçar carinhosamente a irmã, após ter um silêncio em resposta. — Promete que vai me mandar mensagem todos os dias e que sabe se monitorar? Você sabe que as mães querem o nosso melhor e estão aí para cuidar de você. — Informou cuidadosamente. — Perdoa a irmã pela ausência.

— Não fale comigo como se eu fosse uma criança, eu sou uma mulher adulta e tenho quase a sua idade. — Repetiu o mesmo argumento que não saía nunca da sua boca, constantemente soltava a mesma frase. Era um dos pontos que odiava em sua condição, o tratamento como se fosse incapaz de passar um final de semana sozinha sendo uma mulher em sua maioridade. — Vai viver, Genevive. — A empurrou pelos ombros em direção ao carro, após de desfazer do corpo dela.

— Eu te amo, meu bebê. — Ela se declarou sem vergonha alguma, colocando seus pertences no carro e entrando em seguida.

— Pare com isso. — Rosa a repreendeu após ouvir o riso de Jesebel que se divertia com a situação.

— Vou sentir saudades. — Continuou sem se importar.

— Eu também irei sentir. — Correspondeu dando um tchauzinho ao ver o carro em movimento.

— Até mais. — Jesebel também se despediu da morena que havia lhe deixado bastante intrigada. — Não imaginei que sua irmã fosse assim.

— Assim? — Não compreendeu.

Quer se divertir? É só mandar uma mensagem. - Lésbico.Onde histórias criam vida. Descubra agora